Economia

Taxa de câmbio tem aumento brusco após delação de Joesley Batista

O dólar comercial chegou a picos de mais de R$3,40 durante o dia – dias antes da delação de Joesley Batista vir à tona, a moeda flutuava em torno de R$3,10

Taxa de câmbio tem aumento brusco após delação de Joesley Batista Taxa de câmbio tem aumento brusco após delação de Joesley Batista Taxa de câmbio tem aumento brusco após delação de Joesley Batista Taxa de câmbio tem aumento brusco após delação de Joesley Batista
 O mercado econômico brasileiro manifestou sua insegurança com uma instabilidade econômica conjuntural, analisou o economista Arilton Teixeira Foto: Divulgação

O mercado econômico brasileiro manifestou insegurança com uma instabilidade econômica conjuntural que gerou forte volatilidade no preço dos ativos da Bovespa e provocou aumento brusco da taxa de câmbio. A situação foi desencadeada após fatos políticos envolvendo a delação do dono da JBS Joesley Batista, ocorridos na última quarta-feira (17)

Esse foi o cenário compreendido pelo economista-chefe da Apex Partners Arilton Teixeira durante evento ministrado para um público de empresários na última quinta-feira (18). O economista ressaltou que o dólar comercial, por exemplo, chegou a picos de mais de R$3,40 durante o dia – dias antes da delação de Joesley Batista vir à tona, a moeda flutuava em torno de R$3,10.

Sobre a queda do dólar nesta sexta-feira (19), o economista afirma que tal fato é fruto de uma “intervenção pesada” do Banco Central (BC). “Houve queda pois o BC cumpriu com o papel dele e colocou mais de R$ 1 bilhao no mercado. O fato é: precisamos nos preparar para possível aumento de volatividade. Em um dia pode subir 8% e nos outros cair 2% ou 3%. Existem incertezas muito grandes. Mas o Banco Central sempre tentará impedir um possível aumento no dólar”, diz.

Segundo Arilson, o fato de Temer ter montado a atual equipe do Banco Central é uma outra variável na economia do país. “Se o BC fosse independente, não teríamos mais essa variável. Mas insistimos nessa teimosia em dar ao BC a liberdade que outras agências reguladoras têm. Se o presidente atual sai, surge uma outra dúvida sobre a formação de uma nova equipe no comando do banco. Caso seja um sucessor de esquerda, nós perderemos o processo de reestruturação que ocorreu desde quando Temer assumiu. Temos que admitir que ele montou uma excelente equipe econômica que estava fazendo a economia crescer”, pontua o economista.

“Seja qual for a saída política, com Temer ou sem Temer, é fundamental a manutenção da política econômica atual e da agenda de reformas”, aponta Arilton. O economista ainda destacou, entretanto, que a saída de “eleições diretas” é inconstitucional no atual sistema jurídico brasileiro e geraria forte instabilidade. Por isso, é a menos recomendada e também a menos provável, em seu ponto de vista.

No melhor e mais provável cenário, de acordo com Arilton, a política econômica de Temer é mantida. Nesse caso, o cenário continua seguindo a tendência favorável que aponta a retomada do crescimento da economia, seguindo as previsões estruturais positivas de crescimento do PIB e de queda da taxa de juros e da inflação para 2017, com a continuação das reformas trabalhista e previdenciária no Congresso, aponta Teixeira.

No pior cenário, entende Teixeira, a política econômica de Temer é modificada. Isso acarretaria uma reversão das expectativas para patamares similares ao do último governo Dilma. O dólar subiria seguido de provável aumento da inflação e também dos juros, elevando novamente o risco Brasil e a credibilidade do país no exterior.

Diante das incertezas, o economista apontou que os investidores devem buscar cautela ao se posicionarem e procurarem ativos mais sólidos e menos sujeitos à volatilidade, como o mercado imobiliário, por exemplo. Ainda assim, reforçou que a agenda de crescimento e de reformas deve retomar, passadas as turbulências políticas pontuais.

Por fim, Arilton entende que os efeitos a longo prazo das delações são positivos. “A operação Lava-Jato está demonstrando que nossas instituições estão funcionando. Isso, no longo prazo, deve reduzir a corrupção, gerando mais crescimento econômico e um ambiente mais estável para os investidores”, finaliza Teixeira.