Economia

Taxas de juros recuam com melhora do apetite ao risco, apesar de pressão dos Treasuries

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Os juros futuros fecharam em queda nesta segunda-feira. A despeito do avanço dos rendimentos dos Treasuries e da tensão geopolítica, os ativos de risco foram favorecidos pela leitura de que conflito Israel-Hamas não tomará maiores proporções, o que puxou também o dólar e o petróleo para baixo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 10,940%, de 10,988% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2026 caiu de 10,80% para 10,73%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,89% (10,99% no ajuste anterior) e a do DI para janeiro de 2029 recuou a 11,31% (mínima), de 11,45%.

As taxas percorreram toda a sessão em queda, com o investidor buscando parte dos prêmios fortemente embutidos na sexta-feira quando a tensão na Faixa de Gaza escalou para níveis ainda mais preocupantes, com Israel colocando prazos apertados para a desocupação da área norte da região. Apesar do posicionamento dos tanques nas áreas fronteiriças, a invasão por terra, por ora, não se concretizou, o que deu certo alívio aos ativos.

“Não se espera que o conflito vá escalar e evoluir depois da fala de Biden. A expectativa é de que a estratégia de Israel será mais cuidadosa”, afirma o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse no domingo que seria um “grande erro” Israel ocupar Gaza.

Para o economista-chefe-adjunto da Capital Economics, Jonas Goltermann, o nervosismo do mercado parece ter se estabilizado, mas é improvável que a incerteza nesta frente desapareça totalmente tão cedo. “Embora os preços do petróleo tenham caído hoje, ainda estão bem acima dos níveis de há duas semanas, refletindo os riscos para o abastecimento no caso de o conflito se agravar e envolver o Irã”, apontou.

As taxas renovaram mínimas à tarde, nos vencimentos de longo prazo, acompanhando o maior alívio no câmbio, quando o dólar furou a marca de R$ 5,05, e ignorando a pressão dos Treasuries, por sua vez atribuída à migração de recursos para as ações.

A melhora do apetite ao risco esteve relacionada ainda a um dado de atividade nos Estados Unidos com queda maior do que a prevista e à fala de mais um dirigente do Federal Reserve – o presidente do Fed da Filadélfia, Patrick Harker, com direito a voto – indicando que o ciclo de aperto monetário terminou.

No âmbito doméstico, o Banco Central divulgou a pesquisa Focus, mas que não foi capaz de mexer com os preços, mesmo com a queda na mediana das previsões de IPCA para 2023 (4,83% para 4,75%), agora no teto da meta. Além do fato de o movimento ser esperado após a surpresa positiva com o IPCA de setembro na semana passada, o que teria maior potencial de influenciar a curva seriam alterações nas expectativas para 2024 e 2025, horizonte para os quais estão voltadas as ações da política monetária. Mas estas se mantiveram em 3,88% e 3,5%, respectivamente.

Com relação à Selic, as medianas do Boletim Focus para o final de 2023 (11,75%) e, principalmente, final de 2024 (9,00%), estão mais otimistas do que a precificação da curva, que aponta taxa terminal ainda em dois dígitos.

O diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do Banco Central, Mauricio Moura, enfatizou no período da tarde, durante live da autoridade monetária, que o Copom não tem um alvo pré-definido para a Selic ao fim do ciclo. “O orçamento monetário para queda da Selic vai depender de vários fatores, como a atividade, expectativas de inflação e o balanço de riscos do Copom. O Copom vai seguir reduzindo Selic enquanto achar que há espaço e no ritmo que julgar mais adequado”, afirmou.