Economia

TCU adia decisão sobre privatização da Eletrobras, mas libera governo seguir com estudos

TCU adia decisão sobre privatização da Eletrobras, mas libera governo seguir com estudos TCU adia decisão sobre privatização da Eletrobras, mas libera governo seguir com estudos TCU adia decisão sobre privatização da Eletrobras, mas libera governo seguir com estudos TCU adia decisão sobre privatização da Eletrobras, mas libera governo seguir com estudos

Após adiar a conclusão da análise do processo de privatização da Eletrobras, o Tribunal de Contas da União (TCU) permitiu nesta quarta-feira, 15, que o Ministério de Minas e Energia (MME) dê prosseguimento aos estudos e etapas necessárias para a operação. A decisão, positiva para o governo de Jair Bolsonaro, pode evitar atrasos no cronograma da desestatização, mas condiciona a realização de medidas concretas, como assinatura dos novos contratos de usinas hidrelétricas da empresa, ao aval do órgão fiscalizador.

A decisão do plenário “driblou” o pedido de vista apresentado pelo ministro Vital do Rêgo logo no início da sessão. O ministro reclamou que não houve tempo hábil para analisar o parecer para o julgamento hoje. A sessão desta quarta foi a última do TCU neste ano, portanto, a análise do tema só será retomada em 2022. A primeira sessão está prevista para 19 de janeiro, mas não há certeza se o processo será discutido nesta data.

A análise no TCU era esperada com temor, pois poderia se transformar em um obstáculo para o governo. Em seu parecer, o ministro-relator, Aroldo Cedraz, apontou uma série de inconsistências no processo de privatização da estatal com enfoque na geração e distribuição de energia. “Registro, de início, minha preocupação em relação ao modo com que está sendo levada a termo essa privatização. E assim o faço não por me opor a esse tipo de medida. Ao contrário”, diz em seu parecer.

Nesta primeira etapa do julgamento, o TCU avalia os valores envolvidos na operação, os efeitos das mudanças do regime de operação das usinas da estatal e a destinação dos recursos para políticas públicas e para amenizar tarifas. Em seu voto, o ministro apontou que o tribunal recebeu informações incompletas e apontou que são necessários ajustes na modelagem da privatização.

A área técnica da corte de contas identificou falhas que totalizam R$ 16,2 bilhões nos contratos relativos às usinas hidrelétricas que serão alvo da privatização. Isso porque, durante o processo de desestatização, a empresa poderá alterar o regime de exploração da energia de suas usinas, de um modelo que só considera custos de operação e manutenção para um de preços livres. Desse valor, R$ 5,6 bilhões foram reconhecidos pelo Ministério de Minas e Energia.

Outro ponto questionado pelo ministro foi o efeito da privatização nas tarifas dos consumidores. Cedraz afirmou que a “neutralidade” de preço esperada pelo governo, devido à previsão de repasses de recursos da operação da Eletrobras para abater tarifas, parece estar restrita àqueles atendidos pelas distribuidoras, não se aplicando aos consumidores livres – que negociam diretamente com as geradoras.

Nesta linha, o voto prevê determinação ao MME para “elaboração de estudos quanto aos impactos econômicos e financeiros de médio e de longo prazo que serão causados aos consumidores de energia elétrica dos mercados cativo e livre em decorrência do bônus de outorga” que se refere à lei que permitiu a privatização. Ele apontou, no entanto, que não há qualquer pretensão de usar as informações como obstáculo para a operação.

O ministro também cita os valores previstos para serem repassados para políticas públicas nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste. Além de considerar que pode haver inconstitucionalidades nos repasses, que servirão, por exemplo, para revitalização de bacias hidrográficas, ele afirma entender que os valores são insuficientes e que é imprescindível um esforço do governo federal não apenas para garantir a destinação de mais recursos, mas para garantir a continuidade da ação nos próximos anos.

Em relação à garantia física das usinas – parâmetro que indica a quantidade máxima de energia que as hidrelétricas podem entregar ao sistema -, o ministro indicou que foram consideradas informações desatualizadas. O risco, segundo ele, é que essas usinas podem não ter capacidade de gerar a quantidade de energia que está sendo atribuída nos documentos. Ele reconhece que é inviável adotar medidas relacionadas a este fato dado o cronograma apertado previsto pelo Executivo.