Economia

'Temos um sistema tributário caótico', afirma Haddad

‘Temos um sistema tributário caótico’, afirma Haddad ‘Temos um sistema tributário caótico’, afirma Haddad ‘Temos um sistema tributário caótico’, afirma Haddad ‘Temos um sistema tributário caótico’, afirma Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 3, que o governo já sabia desde seu início que teria de enfrentar “jabutis tributários”, que vêm trazendo efeitos desastrosos à economia brasileira. “Temos um sistema tributário caótico”, comentou, em entrevista à GloboNews.

O chefe da equipe econômica disse que o governo tem sofrido problemas de natureza tributária, e além das derrotas da Receita no Supremo Tribunal Federal – a exemplo da exclusão ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins -, há também normas que geram questionamento antes mesmo da Corte se manifestar.

Haddad citou como exemplo o prejuízo entre R$ 85 bilhões e R$ 90 bilhões aos cofres públicos da extensão do conceito de subvenção dos Estados de investimentos para custeio. “Queremos corrigir, restringir o conceito de investimento.”

O ministro listou que dos R$ 100 bilhões perdidos com a exclusão de ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins, R$ 30,0 bilhões já foram recuperados com medida provisória publicada pelo governo no início do ano.

Haddad afirmou que um segundo conjunto de medidas será feito e deve recuperar as perdas com Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL).

Outras medidas para correção de distorções foram enumeradas pelo ministro, como a arrecadação com tributação sobre jogos de apostas, que deve gerar uma receita de R$ 12,0 bilhões, ante estimativa preliminar de R$ 6,0 bilhões. “Não é justo não tributar atividade que muitas pessoas nem concordam que exista no Brasil”, acrescentou.

O combate ao “contrabando oficial” também foi citado por Haddad, em referência ao “comércio eletrônico que escamoteia, que se faz passar de remessa de pessoa para pessoa”.

Haddad calcula que o conjunto de medidas que inclui a restrição do conceito de subvenção e a titulação de jogos de apostas e do “contrabando oficial” deve gerar uma arrecadação entre R$ 100,0 bilhões e R$ 110 bilhões. “Precisamos de incremento de receita entre R$ 110,0 bilhões e R$ 150 bilhões para o arcabouço fiscal”, pontua.

O ministro argumenta que a reforma tributária deve trazer para dentro do sistema quem hoje consegue sonegar. “O IVA é muito mais à prova de sonegação do que os impostos de hoje.”

De acordo com Haddad, a reforma está prevista para ser votada na Câmara até julho e no Senado até outubro.

O ministro defende que o objetivo do texto é sanear um sistema tributário altamente desorganizado, no qual a receita vem sofrendo com reveses multimilionários e não um aumento de alíquota ou criação de novos tributos.

Ele emenda que há outras seis medidas saneadoras que podem entrar em discussão após a reforma. “O arcabouço sugere que dilua um pouco no tempo”, disse. “O mais importante é dar um sinal do rumo do que fazer tudo agora e descompensar algo na economia. Se o rumo estiver claro e a autoridade monetária harmonizar com a fiscal, a sociedade brasileira vai crescer mais, pagar menos juros e o Estado estará menos endividado.”