Irregularidades

Tragédia de Mariana: OAB no ES e em Minas pedem correções nas indenizações da Samarco

Entidades pedem a prorrogação do prazo para adesão ao Programa Indenizatório Definitivo (PID) e apontam falhas

Mariana (MG) – Barragem de Fundão, operada pela Samarco, após dois anos da tragédia do rompimento abrupto da estrutura de contenção de rejeitos (José Cruz/Agência Brasil)
Mariana (MG) – Barragem de Fundão, operada pela Samarco, após dois anos da tragédia do rompimento abrupto da estrutura de contenção de rejeitos (José Cruz/Agência Brasil)

As seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Espírito Santo e de Minas Gerais encaminharam pedido conjunto à Samarco Mineração solicitando providências nos programas de indenização a vítimas do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana.

O rompimento, ocorrido em novembro de 2015, e considerado a maior tragédia ambiental do Brasil, deixou vítimas nos dois estados. O documento foi enviado pelos presidentes das subsecções da OAB-ES em Colatina, Linhares, São Mateus, Aracruz e Nova Venécia.

As entidades pedem a prorrogação do prazo para adesão ao Programa Indenizatório Definitivo (PID) e semelhantes.

“A fim de garantir segurança jurídica e tempo hábil para a correta reparação dos atingidos pela tragédia. A medida atende a pedidos feitos pelas subseções da OAB nos dois estados, que relataram uma série de falhas nos processos indenizatórios”, informam as seccionais.

Irregularidades apontadas

Dentre as irregularidades apontadas pelas entidades estão a falta de aviso sobre prazos após revogação de requerimentos, inconsistência na análise de documentos, bloqueios de CPFs indevidos e a posição da empresa negar a correção de erros materiais.

Além disso, as entidades apontam que a empresa realiza exigências desproporcionais e falta de transparência na composição de juros.

As seccionais também solicitam que a Samarco apresente um relatório com as medidas adotadas para corrigir essas falhas e que garanta a uniformidade e a clareza dos procedimentos nos programas de indenização.

Considerando a gravidade dos fatos narrados e o impacto direto sobre os direitos dos atingidos e as prerrogativas da advocacia, as Seccionais endossaram o pedido para que sejam tomadas as medidas necessárias para a defesa das prerrogativas da advocacia, apresentando a estas seccionais relatório das alterações realizadas.

Procurada pelo Folha Vitória, a Samarco respondeu que não irá comentar sobre o caso.

Tragédia de Mariana

A tragédia de Mariana, em Minas Gerais, foi um dos desastres ambientais mais graves do país. O rompimento da barragem deixou 19 mortos, mais de 300 famílias desalojadas e um rastro de lama tóxica que se espalhou por 650 quilômetros, contaminando a bacia do Rio Doce. Em 2019, novo rompimento de barragem, desta vez em Brumadinho (MG), deixou 270 mortos.

Um acordo para compensação e reparação dos danos causados pelo desastre de Mariana foi assinado em outubro de 2024 e prevê medidas reparatórias e compensatórias no valor de R$ 170 bilhões.

Guilherme Lage, repórter do Folha Vitória
Guilherme Lage

Repórter

Formado em Jornalismo, é repórter do Folha Vitória desde 2023. Amante de música e cinema.

Formado em Jornalismo, é repórter do Folha Vitória desde 2023. Amante de música e cinema.