Economia

Valores a receber: brasileiros têm R$ 10,7 bilhões esquecidos nos bancos

O Sistema de Valores a Receber (SVR) já devolveu R$ 11,34 bilhões a clientes de bancos até julho deste ano

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O SVR é um serviço do BC no qual o cidadão pode consultar se ele próprio, sua empresa ou pessoa falecida tem dinheiro esquecido em algum banco, consórcio ou outra instituição, como financeiras e corretoras. Foto: José Cruz/Agência Brasil
O SVR é um serviço do BC no qual o cidadão pode consultar se ele próprio, sua empresa ou pessoa falecida tem dinheiro esquecido em algum banco, consórcio ou outra instituição, como financeiras e corretoras. Foto: José Cruz/Agência Brasil

Os brasileiros sacaram, em julho deste ano, R$ 310,36 milhões em valores esquecidos no sistema financeiro, de acordo com dados divulgados na terça-feira (9), pelo Banco Central (BC).

No total, o Sistema de Valores a Receber (SVR) já devolveu R$ 11,34 bilhões a clientes de bancos, mas ainda há R$ 10,70 bilhões disponíveis para saque.

O que é o Sistema de Valores a Receber

O SVR é um serviço do BC no qual o cidadão pode consultar se ele próprio, sua empresa ou pessoa falecida tem dinheiro esquecido em algum banco, consórcio ou outra instituição, como financeiras e corretoras.

Caso o resultado seja positivo, é possível solicitar a devolução. O serviço do BC é gratuito. Para a consulta, não é preciso fazer login ─ basta informar o Cadastro de Pessoa Física (CPF) e data de nascimento do cidadão ou o Cadastro de Pessoa Jurídica (CNPJ) e a data de abertura da empresa, inclusive para empresas encerradas.

Já para o resgate dos valores, há a necessidade de login com a conta Gov.br – nos níveis prata ou ouro e com verificação em duas etapas habilitada.

Como resgatar

O dinheiro pode ser resgatado de duas formas: a primeira é entrar diretamente em contato com a instituição responsável pelo valor e solicitar o recebimento; a segunda é fazer a solicitação pelo Sistema de Valores a Receber.

O Banco Central alerta que o único site para a consulta dos valores a receber é o https://www.bcb.gov.br/meubc/valores-a-receber?modalAberto=cuidado-com-golpes-modal.

Para fazer o resgate é preciso:

  • Acessar o site e clicar em “Consulte se tem valores a receber”;
  • Insira os dados e clique em “Consultar”;
  • Após a consulta mostrar que há valores a receber, o cidadão deverá clicar em “Acessar o SVR” e, se não houver fila de espera, ele será direcionado para a página de login gov.br.
Veja o que será necessário para o acesso no caso de pessoas físicas e empresas
  • Para acessar os valores do usuário (pessoa física) ou de pessoas falecidas, a conta gov.br precisa ser de nível prata ou ouro;
  • Para acessar valores de pessoa jurídica, a conta gov.br precisa ter o CNPJ a ela vinculado (qualquer tipo de vínculo, exceto Colaborador).

O usuário terá 30 minutos dentro do sistema. Ele irá acessar a opção “Meus Valores a Receber”. Depois, deve ler e aceitar o Termo de Ciência e verá na tela o valor a receber, o nome e os dados de contato da instituição que devolverá o valor e a origem (tipo) do valor. Em alguns casos, aparecerão também outras informações

O usuário deve clicar em “Solicitar por aqui” e selecionar uma chave Pix, caso em que a instituição devolverá o valor em até 12 dias úteis, não necessariamente via Pix (pode ser realizada TED ou DOC). É importante guardar o número de protocolo.

Solicitação automática

Em maio deste ano, o Banco Central inaugurou uma nova funcionalidade no sistema: a solicitação automática de resgate de valores. Com ela, o cidadão não precisará consultar o sistema periodicamente nem registrar manualmente a solicitação de cada valor que existe em seu nome.

Caso seja disponibilizado algum recurso por instituições financeiras, o crédito é feito diretamente na conta do cidadão. Todavia, a solicitação automática de resgate é exclusiva para pessoas físicas e está disponível apenas para quem possui chave Pix do tipo CPF. A adesão ao serviço é facultativa.

Dinheiro que pode ser recuperado pelo SVR

  • Valores disponíveis em contas-correntes ou poupanças encerradas;
  • Cotas de capital e rateio de sobras líquidas de ex-participantes de cooperativas de crédito;
  • Recursos não procurados de grupos de consórcio encerrados;
  • Tarifas cobradas indevidamente;
  • Parcelas ou despesas de operações de crédito cobradas indevidamente;
  • Contas de pagamento pré ou pós-paga encerradas;
  • Contas de registro mantidas por corretoras e distribuidoras encerradas;
  • E outros recursos disponíveis nas instituições para devolução.

Beneficiários

O BC divulga as estatísticas do SVR com dois meses de defasagem e atualiza as novas fontes de valores esquecidos no sistema financeiro.

Dessa forma, em relação ao número de beneficiários, até o fim de julho, 32.389.535 correntistas haviam resgatado valores, sendo 29.391.010 pessoas físicas e 2.998.525 pessoas jurídicas.

Por outro lado, 52.654.085 de beneficiários ainda não sacaram seus recursos. Destes, 48.052.877 são pessoas físicas e 4.601.208 pessoas jurídicas.

A maior parte das pessoas e empresas sem fazer o saque têm direito a pequenas quantias. Os valores a receber de até R$ 10 concentram 64,49% dos beneficiários. Bem como os valores entre R$ 10,01 e R$ 100 correspondem a 23,89% dos correntistas.

As quantias entre R$ 100,01 e R$ 1 mil representam 9,82% dos clientes. Só 1,8% tem direito a receber mais de R$ 1 mil.

Golpes

Por fim, o Banco Central alerta os correntistas a terem cuidado com golpes de estelionatários que alegam fazer a intermediação para supostos resgates de valores esquecidos.

Nesse sentido, o BC ressalta que todos os serviços do Sistema de Valores a Receber são totalmente gratuitos, e que não envia links, nem entra em contato para tratar sobre valores a receber ou para confirmar dados pessoais.

O Banco Central também esclarece que apenas a instituição financeira que aparece na consulta do SVR pode contatar o cidadão. O banco também pede que nenhuma pessoa forneça senhas e esclarece que ninguém está autorizado a fazer esse tipo de pedido.