Como trabalhar com círculos de leitura na escola Como trabalhar com círculos de leitura na escola Como trabalhar com círculos de leitura na escola Como trabalhar com círculos de leitura na escola
Foto: Larissa O'Hara
Foto: Larissa O'Hara

O livro “Como criar círculos de leitura na sala de aula”, de Rildo Cosson, é um guia prático voltado para professores que buscam incentivar a leitura literária entre seus alunos por meio dos círculos de leitura. 

No livro, Cosson oferece diretrizes para implementar os círculos de leitura, desde a escolha dos textos e a organização dos grupos até a mediação e avaliação das discussões, com os objetivos de:

  1. Desenvolver o prazer pela leitura nos alunos;
  2. Criar um ambiente de troca e diálogo literário;
  3. Fortalecer a compreensão crítica e a expressão dos estudantes.

O autor fundamenta suas propostas em teorias da educação e da literatura, incluindo os estudos de Bakhtin sobre o diálogo e a interação entre leitores, e em sua experiência prática como formador de leitores. 

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Ele defende que a leitura literária em grupo não só aprimora a proficiência dos leitores, mas também contribui para a formação de cidadãos mais críticos e conscientes, destacando, assim, o valor social e educativo dos círculos de leitura. Segundo o autor, a leitura possui caráter dialógico, que envolve quatro elementos essenciais:

  1. Leitor – A pessoa que realiza a leitura e traz sua subjetividade para a experiência;
  2. Texto – A obra lida, carregada de significados;
  3. Autor – Aquele que escreveu o texto, com sua visão de mundo;
  4. Contexto – O ambiente social, histórico e cultural em que ocorre a leitura.

Essa abordagem reflete que a leitura conecta o presente ao passado dos textos em um contexto social específico:

“A leitura é, portanto, uma espécie de atualização em que o texto do passado passa a ser do presente, mantendo paradoxalmente ambas as posições; ou seja, o texto é do passado, mas, porque o li, ele também passa a ser do meu presente”.

Importância dos círculos de leitura para o letramento literário

Os círculos de leitura e o letramento literário constituem uma prática de leitura compartilhada, em que os leitores discutem e constroem conjuntamente interpretações sobre o texto. Essa prática pode ser estruturada de maneira mais ou menos formal, conforme a orientação do professor.

Cosson enfatiza que essa leitura colaborativa promove não só a competência literária, mas também fortalece laços sociais, reforça identidades e incentiva a solidariedade, estabelecendo a escola como um espaço de formação de leitores para toda a vida. 

Além disso, o autor destaca que a prática dos círculos de leitura desenvolve a empatia e a capacidade de escuta, habilidades fundamentais para a convivência em sociedade e para a formação de cidadãos conscientes e participativos.

Implementação prática dos círculos de leitura

Na prática pedagógica, Cosson sugere as seguintes etapas para organizar os círculos de leitura:

  1. Seleção de obras: a escolha dos livros deve partir dos alunos, com mediação do professor, levando em conta as preferências dos estudantes e a disponibilidade na biblioteca escolar ou em aquisições planejadas.
  2. Formação dos grupos: grupos ideais têm até quatro alunos, promovendo uma interação eficaz sem sobrecarregar as discussões. O rodízio de membros é recomendado para fortalecer os vínculos na turma e desenvolver a sociabilidade.
  3. Cronograma: o professor deve definir um cronograma com os encontros necessários para a leitura, organização das atividades e debates. Os grupos também podem organizar cronogramas internos para sistematizar as atividades.
  4. Encontro inicial: em uma sala ampla, os alunos manipulam a obra, reconhecendo sua materialidade. As funções são distribuídas (como destacar passagens, fazer perguntas, selecionar palavras para pesquisa), sendo identificadas pelos “cartões de função”.
  5. Encontros intermediários: o professor orienta sobre aspectos relevantes e o grupo compartilha suas interpretações, usando os “cartões de função”. Os alunos então registram e sintetizam as ideias discutidas.
  6. Encontro final: após o compartilhamento das leituras, o grupo apresenta suas conclusões para a turma e realiza uma autoavaliação e avaliação coletiva, com formulários fornecidos pelo professor.

Compromisso de formar leitores para toda a vida

“Como criar círculos de leitura na sala de aula” oferece um modelo criativo para formar leitores críticos e engajados.

Ao enfatizar o diálogo e a construção coletiva do sentido dos textos, Cosson transforma a leitura em uma experiência social e educativa. 

Essa metodologia é especialmente relevante para a escola, que tem o compromisso de formar leitores para toda a vida, incentivando o prazer pela leitura e a reflexão sobre o mundo. 

Os círculos de leitura, ao integrar diálogo, escuta e respeito ao outro, representam não só uma prática literária, mas também um importante exercício de cidadania e de empatia, formando indivíduos mais conscientes e preparados para a vida em sociedade.

Para que a prática dos círculos de leitura se torne uma tradição, é essencial envolver toda a comunidade escolar, desde a gestão até as famílias dos alunos.

Ao promover eventos literários e espaços para a troca de livros e recomendações, a escola pode ampliar o impacto dos círculos de leitura e consolidar o gosto pela atividade como um valor compartilhado.

Larissa O’Hara

Colunista

Graduada, mestra e doutora em Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), com especialização em Revisão de Texto e Educação Especial. Professora há mais de 15 anos, atuou em diversas instituições e orientou centenas de alunos na preparação para a redação do Enem. Autora de variados livros. É professora efetiva do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).

Graduada, mestra e doutora em Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), com especialização em Revisão de Texto e Educação Especial. Professora há mais de 15 anos, atuou em diversas instituições e orientou centenas de alunos na preparação para a redação do Enem. Autora de variados livros. É professora efetiva do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).