O aprendizado em Língua Portuguesa entre alunos do ensino médio no Brasil e no Espírito Santo melhorou, mas em Matemática caiu, segundo dados do Anuário Brasileiro da Educação Básica, divulgado nesta semana pela ONG Todos pela Educação.
O estudo chama a atenção principalmente para a dificuldade dos alunos em Matemática. O estudante João Pedro Ramalho, de 15 anos, por exemplo, está no primeiro ano do ensino médio e sente que a disciplina é um bicho de sete cabeças.
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Por ter mais dificuldades, ele se dedica mais à matéria e conta com o apoio da escola e dos professores.
Química, Física e Matemática acabam comigo. Os professores notam essas dificuldades e costumam ajudar os alunos, principalmente os que têm uma dificuldade maior. Eles têm um cuidado a mais e uma coisa mais didática.”
João Pedro Ramalho, estudante
A coordenadora do ensino médio do Colégio São José, Priscila Lugão Machado Siqueira, explica que essas dificuldades são observadas pelos professores e passam para a coordenação e até para a família, para fortalecer a rede de apoio ao aluno.
“Os professores costumam sempre sinalizar para a gente essas preocupações com os alunos para que a gente possa intervir no contato com a família, elaborar um plano de ação que a gente possa alcançar as dificuldades particulares de cada estudante”, disse a coordenadora
Apesar da maior dificuldade geral em Matemática, o contrário também ocorre em alguns casos. É a situação do estudante Maurino Schwambach, 16 anos, da mesma sala de João Pedro, que gosta de resolver problemas matemáticos.
Sempre gostei mais da Matemática, minha família também é assim. Meus pais são analistas de sistemas, então eles sempre me ensinaram bastante Matemática e acabei me afeiçoando mais. Esse ano, por exemplo, eu e mais dois colegas viajamos para o Rio de Janeiro para a Olimpíada Nacional de Lançamento de Foguetes.”
Maurino Schwambach, estudante
Dificuldade em matemática nas redes pública e privada
O Anuário da Educação Básica aponta diferenças significativas de aprendizagem entre as escolas públicas e privadas. Porém, no ensino médio, as duas redes apresentaram queda no aprendizado da matemática.
“Historicamente, a Matemática é um componente desafiador e costuma ser muito temida pelos alunos. A gente precisa desmistificar esse conceito para que ela seja melhor absorvida, de forma mais leve e, consequentemente, com melhor aproveitamento”, disse Priscila.
Aprendizagem em Matemática no ensino médio do ES
Entre 2013 e 2023, a aprendizagem em Matemática no ensino médio do Espírito Santo caiu: na rede pública, de 11,1% para 9,1%; na particular, de 44,7% para 33,4%.
Já em Língua Portuguesa subiu de 26,3% para 42,7% na rede pública e teve queda de 63,9% para 63,2% na rede privada.
No Brasil, o cenário é parecido, com queda em Matemática nas escolas públicas (de 5,7% para 5,2%) e privadas (de 34,2% para 30,5%). Em Português, houve aumento de 22,5% para 32,4% no ensino público e de 60,2% para 66,7% no particular.
Hoje, no Brasil, só um em cada 10 estudantes conclui o ensino médio. Logo, a educação básica com aprendizagem adequada é muito baixa.”
Bernardo Baião, coordenador de Políticas Educacionais do Todos pela Educação
Ensino fundamental apresenta melhora
Nos anos iniciais do ensino fundamental, houve avanços no aprendizado em Língua Portuguesa e Matemática. No Brasil, Português subiu de 39,8% para 55,1% nas escolas públicas e de 73,3% para 82,5% nas particulares.
Enquanto isso, o aprendizado em Matemática cresceu de 34,7% para 43,5% no ensino público e de 65,7% para 72,6% no privado.
No Espírito Santo, o aumento em Língua Portuguesa foi de 45,1% para 63,7% na rede pública e de 82% para 88,4% na particular. O aprendizado em Matemática foi de 39,3% para 49,9% nas escolas públicas e de 80,3% para 81,2% nas particulares.
“As escolas precisam garantir condições básicas para o ensino. Além disso, professores não só preparados, mas valorizados. Por fim, um conjunto de políticas públicas que olhem para acertar quais são os desafios desses estudantes”, disse Bernardo Baião.
A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) informou que reconhece os desafios, mas afirmou que desenvolve ações de fortalecimento das aprendizagens. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não retornou aos questionamentos da TV Vitória.
*Com informações da repórter Gabriela Valdetaro, da TV Vitória/Record
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