Visitar museus e galerias de arte na infância é muito mais do que um passeio — é uma experiência transformadora que estimula a curiosidade, a escuta, o olhar atento e, principalmente, o pensamento crítico.
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A arte, desde cedo, tem o poder de ampliar a visão de mundo das crianças. Ao se depararem com obras que abordam diferentes culturas, épocas, sentimentos e pontos de vista, elas aprendem a observar além do óbvio, a questionar o que está posto e a perceber que o mundo pode ser interpretado de diversas maneiras.
Esse processo de descoberta desperta um senso de autonomia intelectual e de empatia, fundamentais para a formação de cidadãos mais conscientes.
Arte oferece oportunidade de pensar com liberdade
Museus, galerias, centros culturais, espaços públicos com arte urbana e até projetos educativos que envolvem criação artística oferecem à infância uma oportunidade única: a de pensar com liberdade, imaginar soluções, dialogar com o diferente e reconhecer a arte como linguagem universal.
Cada obra pode ser o ponto de partida para conversas sobre história, ciência, política, identidade, meio ambiente ou emoções — abrindo caminho para a interdisciplinaridade tão valorizada na educação contemporânea.
Segundo Ana Mae Barbosa, referência em arte-educação no Brasil, a formação estética não se dá apenas pela técnica, mas pela “contextualização histórica, apreciação estética e produção artística” — os três pilares da sua conhecida Abordagem Triangular.
Essa perspectiva amplia a experiência artística para além da sala de aula, conectando o aluno ao mundo e à sua própria realidade.
As escolas e famílias deveriam ter o hábito regular de visitas a espaços culturais, pois não se trata de uma ação pontual e sim contínua. Faz parte da reflexão recorrente.
Capacidade de argumentar fortalecida
Ao incorporar essas vivências ao cotidiano das crianças, estamos também fortalecendo sua capacidade de argumentar, fazer escolhas, respeitar múltiplos pontos de vista e valorizar a diversidade.
A interpretação de uma imagem, a interação com uma escultura ou o atravessamento de uma instalação são experiências que ativam o olhar, a imaginação e o pensamento crítico.
Inserir a arte e a cultura no processo educativo não é apenas uma ação cultural, mas uma potente estratégia formativa. É plantar sementes que florescem em forma de pensamento crítico, sensibilidade e consciência social.