
Nesta quarta-feira (15), é celebrado o Dia dos Professores, data dedicada a homenagear os profissionais que fazem a diferença na vida de todos nós. Para marcar essa ocasião especial, o Folha Vitória reúne histórias emocionantes que impactaram a trajetória de alguns educadores.
Marcada por desafios como baixos salários, altas jornadas de trabalho, violência em sala de aula e pouca valorização e reconhecimento, a profissão de professor não tem só adversidades. Os testemunhos dos profissionais exibidos aqui revelam o profundo amor que eles têm pela profissão e registram momentos de transformação na vida dos alunos e dos educadores.
São relatos que revelam conquistas, perdas, desenvolvimento e evolução pessoal e profissional.
Experiência marcante com aluna
A professora Larissa O’Hara, que atua no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), relata uma experiência que a marcou com uma aluna.
“Eu acredito que, para a gente ser professor, a gente não pode ser indiferente ao outro. Certa vez, no início da minha carreira, quando eu ainda dava aula particular na casa da minha mãe, eu atendi uma aluna que, em uma determinada aula, chorou comigo. Eu estendi a minha mão e ofereci um singelo afeto.
Algum tempo depois, fiquei sabendo que ela havia passado no vestibular. Mas, meses após essa aprovação, chegou a notícia de que ela havia falecido. Aquilo, para mim, foi um choque, e desde então eu carrego a lembrança dessa aluna comigo.
O que me remete a uma frase apócrifa: ‘Quem passa por nós, passa sozinho, mas não nos deixa só. Deixa um pouco de si e carrega um pouco de nós’.”
Veja o depoimento da professora Larissa:
Encontro durante corrida
Mislene Maria dos Santos, professora nas redes particular e pública há 25 anos, conta que uma das situações que marcaram a minha vida dela foram alunas que a encontraram durante a corrida.
“Exatamente o fato de eu praticar um esporte, agora, a corrida, onde encontrei alguns alunos que têm algumas profissões, tanto nutricionistas quanto fisioterapeutas, e me agradeceram imensamente por tudo que eu fiz, por ter ajudado a buscar essa profissão”, contou.
“Uma outra situação muito recente também é a de que eu fui a uma formação para pedagogos e professores, e nessa formação encontrei uma aluna que agora também é minha parceira de trabalho, também é pedagoga. Então, eu me orgulho muito da profissão que tenho”, narrou a professora.
Veja o relato da professora Mislene:
“Educar hoje é doloroso. Não está fácil”
A professora Cida Maciel conta que ao longo de sua caminhada como professora acumulou muitos momentos emblemáticos e narrou um que a marcou em especial.
“Era o ano de 2019, eu era coordenadora da escola onde trabalho. Quando eu abri o portão e recebi os pais e os alunos, do outro lado da rua tinha um rapaz e uma senhora. Eles atravessaram, vieram ao meu encontro, me abraçaram muito emocionados e nas mãos dele tinham duas fotos, uma minha e uma dele, do ano em que eu dei aula para ele no quinto ano.
Eu não me lembrava dele e, mesmo assim, a mãe dele relatou. Ela disse que naquele ano, na última reunião, ela se reuniu comigo e me perguntou. Ela falou: ‘Não tem mais jeito, ele não vai aprender matemática’. E aí, eu não me lembro, mas ela disse que eu respondi: ‘Não, eu vou fazer o que eu puder para fazer com que ele aprenda. Nós temos um trimestre ainda, nós não vamos desistir, não’.
E aí, naquele dia, eles estavam ali, anos depois, para me agradecer. Porque, segundo ele, ele não apenas aprendeu matemática, como amava matemática, e ele tinha passado no Ifes. E, segundo ele, eu fiz parte dessa vitória, eu o marquei de alguma forma.
Educar hoje é doloroso. Não está fácil. Mas nada, nada, nada, nada me arranca essas lembranças. Lembranças doces como essa. E você? Já agradeceu e abraçou o seu mestre hoje?”
Veja o relato da professora Cida:
Diversidade racial no ambiente escolar
Raíza Carla Matos Santana, professora de Química na Escola Misael Pinto Neto, em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, narra a experiência marcante que teve no Comitê Antirracista Voz da Mudança, um coletivo escolar que promove ações de conscientização, respeito e valorização da diversidade racial no âmbito da escola.
“Uma das experiências mais emocionantes do comitê até aqui foi a segunda edição do Seminário Ujuauá, um momento de encontro entre a comunidade, a comunidade escolar e a comunidade civil, quando refletimos sobre a potência que é olhar para a nossa gente, olhar para a nossa escola, para as nossas histórias.
E tivemos o protagonismo dos estudantes nesse processo, apresentando painéis, sendo um deles da obra Vozes Negras na História da Educação, do professor Dr. Gustavo Forde, na qual tivemos a honra de contar com a presença do Gustavo Forde em nosso seminário, onde os alunos puderam apresentar o resultado de suas pesquisas para o próprio autor.
Essa experiência só reforça o quanto é preciso que a escola mostre, sim, um caminho de resistência, mas também um caminho de existência. Ou a educação é antirracista, ou ela não é educação”.+
Veja o relato da professora Raíza:
Homenagem para professora
A professora Magda Ferrarez Fernandes Costa, que atua na profissão há mais de 15 anos, conta duas experiências marcantes em sua jornada na educação.
“Um dos momentos mais marcantes da minha vida foi quando um aluno, eu posso citar o nome dele aqui, porque ele já faleceu, o nome dele é Fernando. E uma dessas emoções que me marca até hoje é que, no final de um ano letivo, foi uma das minhas primeiras experiências como professora, ele me falou que, quando ele crescesse, casasse e tivesse um filho, ele colocaria o nome de Michel.
Michel é o nome de um dos meus três filhos. E isso aconteceu. Ele falou que seria uma homenagem para mim, porque eu tinha marcado muito a vida dele. E aconteceu: ele cresceu, casou, teve um filho e colocou o nome de Michel. Então, isso para mim me marca até hoje e me emociona.
O segundo foi uma aluna, que eu não vou citar o nome dela, porque ela, graças a Deus, está viva. Uma aluna do município de Serra. Acompanhei essa turma no 4º e 5º ano e, no final do 5º ano, essa aluna gruda nas minhas pernas, ajoelha nos meus pés e implora para que eu a trouxesse para a minha casa, porque ela queria ser minha filha.
Ela é adotada, não legalmente adotada, mas ela mora com uma família e queria ser minha filha legalmente, queria que eu a adotasse. É uma aluna que me deu um trabalho fora do comum dos alunos de sala de aula.
Então, é uma aluna com a qual eu me preocupei, que tirou meu sono, minha paz e todo o estresse que o professor passa na sala de aula; quem é professor vai entender.
E essa aluna, no final desse ano letivo, foi um pouco antes da pandemia, ajoelhou-se nos meus pés e me implorou, pelo amor de Deus, que eu a trouxesse para minha casa, que eu fosse ao Juizado de Menores e que eu pegasse a tutela dela e que eu a adotasse como minha filha.
Infelizmente, não pude fazer isso, por N razões, mas são dois fatos, além de muitos outros, que me marcaram e me emocionam até hoje. E eu me orgulho da minha profissão. Se eu nascesse de novo e tivesse que escolher, eu escolheria ser professora novamente.”
Veja o depoimento emocionado da professora Magda:
Projeto com a turma do Chaves
Jelleson Jean José Coelho, professor há mais de 10 anos, formado em Pedagogia e Artes Visuais, narrou um momento impactante para ele em sua jornada na educação. Foi quando ele produziu uma peça de teatro do Chaves com os alunos.
“Recentemente, tive um trabalho muito interessante com as turmas do 9º ano, onde trabalhei com eles de forma integradora, em artes integradas, em um projeto de teatro baseado na turma do Chaves, onde os alunos foram protagonistas em todo o procedimento teatral.
Eles tiveram que criar o roteiro, os figurinos, o cenário, participar da musicalização, do deslocamento em cena, ou seja, tudo aquilo que um teatro precisa. Foi muito interessante ver o empenho deles, a dedicação dos alunos, o trabalho colaborativo que cada um tinha.
Eles valorizaram cada vez mais a inclusão dos alunos em todos os sentidos e, assim, trabalharam de forma exitosa uma cultura popular e deram um show de apresentação e dedicação.
Foi brilhante ver o brilho no olhar que as crianças tiveram e se sentir valorizadas, queridas e aclamadas por toda a escola.”
Veja o depoimento do professor Jelleson:
Experiência com deficiência auditiva
Alex Silva, professor de Física no ensino médio, contou um fato que o marcou. Foi uma experiência realizada com alunos que tinham deficiência auditiva.
“Há alguns anos, eu, juntamente com alguns alunos da escola pública, participamos da Feira de Ciência e Tecnologia, Feira Estadual. Ocorreu no Vasco Coutinho. O projeto dos meninos foi algo chamado Vendo a Música. Qual era o público-alvo? Pessoas com deficiência auditiva, surdez.
E como foi isso? Uma caixa dentro da qual, embaixo, eles colocaram um alto-falante potente para tocar música e por dentro colocaram lampadazinhas, leds acesos com cores diferentes e muito LED branco. E eles colocaram também, pregaram, não muito fixo, de forma que podia balançar, CDs com cola quente mesmo.
Então a luz, principalmente a luz branca, ela batia nos CDs e ela sofre difração nas tracks, nas pistas do CD e abre um espectro de cores que a gente vê no arco-íris. Com a vibração da música, essa luz tem um padrão também de vibração, um caleidoscópio que segue o ritmo da música.
A pessoa colocava a mão do lado de fora, colocava os olhos no buraquinho e ele, no ritmo da música, ele sentia a vibração da música e sentia também e via também o padrão de vibração das cores dependendo da música.
Foi emocionante, fizeram uma fila de colegas surdos de outras escolas para poder assistir, para poder sentir, perceber e foi assim, muito emocionante.”
Veja o depoimento do professor Alex: