
O país aprovou em 2024 uma lei que torna bullying um crime, com multa para quem praticá-lo. O cyberbullying foi incluído na legislação, com pena de dois a quatro anos de prisão. Até então, o Brasil tinha uma outra lei, de 2015, que apenas definia o bullying e exigia prevenção pelas escolas, mas sem prever punições.
Especialistas acreditam que a mudança traz não só uma mensagem mais forte sobre a seriedade da agressão, como é um estímulo para ações na Justiça. Persistem dúvidas, porém, sobre como diferenciar bullying de outros conflitos. Definir exatamente o bullying é importante, porque as formas de prevenir e de agir são específicas para serem efetivas.
O bullying apresenta cinco características principais:
- atos repetidos contra um ou mais constantes alvos (3 vezes ou mais na semana);
- ocorre entre pares (quando é entre professor-aluno é assédio moral);
- há intenção do(s) autor(es) em ferir;
- há um alvo fácil, mais frágil;
- há público que prestigia agressões (o bullying é escondido dos adultos, mas nunca dos pares)
Este mês, a pesquisa “Vitimização e percepção sobre violência e segurança pública: um olhar sobre crime patrimonial e violência”, organizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e realizada pelo Instituto Datafolha, apontou que 1 em cada 5 brasileiros diz que ao menos 1 criança ou adolescente de sua família sofreu bullying, virtual ou presencial, nos últimos 12 meses. Isso equivale a pelo menos 34,4 milhões de vítimas.
Segundo a pesquisadora da Unicamp, Telma Vinha, lidar com bullying e racismo nas escolas é um desafio crescente e complexo, uma vez que não se limitam a um espaço físico. A instituição, inclusive, pode ser responsabilizada por cyberbullying praticado por seus alunos.
Para ela, as escolas são impactadas por mudanças culturais e sociais, como “individualismo, a pandemia, acesso a redes sociais e a conteúdos nocivos e violentos, busca por likes e polarização”.
Por isso, é preciso investir em prevenção e não agir somente após a agressão, afirmam especialistas.
Ações para prevenção do bullying sugeridas por especialistas:
- Equipes de ajuda: alunos escolhidos pelos próprios colegas formados para identificar problemas, acolher e cuidar dos próprios alunos. Elas são uma forma de protagonismo.
- Organização de assembleias ou rodas de diálogo: alunos apontam dificuldades da convivência, refletem, discutem e pensam em soluções para seus problemas.
- Mediação de conflitos e uso de linguagem descritiva: professores formados para não intervir com violência, gritos, castigos e, sim, com a intenção de reparar o erro e aprendizagem por meio dos problemas.
- Preocupação compartilhada: metodologia para intervir em casos de bullying, com escuta ativa da vítima e do agressor. Depois, os envolvidos assumem compromisso coletivo de cuidado e reparação