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'Double Rite' reflete sobre amadurecimento sexual

Redação Folha Vitória

Curitiba - Com espaço de relevo na grade do Festival de Curitiba, os espetáculos internacionais selecionados desdobram-se para mirar diversas manifestações de poder. No caso do espanhol House in Asia, a abordagem é mais direta, observando a caçada norte-americana ao terrorista Bin Laden.

As situações de demonstração de força e opressão, contudo, podem adquirir formas muito mais veladas. E complicadas de serem debatidas às claras, como demonstra a criação Double Rite, apresentada no Teatro Guairinha no fim de semana.

Trabalho da companhia de dança dinamarquesa Granhoj Dans, o título inspira-se em A Sagração da Primavera, de Igor Stravinski, para olhar para a descoberta da sexualidade em homens e mulheres. Mais do que fenômeno físico, o rito de passagem é observado como acontecimento social, amparado e cerceado pelas expectativas de quem está em volta.

Entre a dança e o teatro, a criação do coreógrafo Palle Granhoj está dividida em duas partes: Rite of Spring - Extended e Rose: Rite of Spring - Extended 2. Na primeira, apenas homens sobem à cena. Na segunda, só há mulheres e três pianos. "São duas obras diferentes: a masculina, criada há um ano e meio, e a feminina, mais recente. Portanto, é a primeira vez que nos apresentamos juntos", diz Palle Granoj, responsável também pela direção.

A nudez dos intérpretes - tanto masculinos quanto femininos - é um aspecto que garante unidade às duas partes. Mas não o único.

A brutalidade dos rituais de iniciação sexual permeia os universos de homens e mulheres. Ideias preconcebidas em relação aos papéis que cada um dos gêneros deve ocupar também são denominador comum.

O ritmo irregular e convulsionado da composição musical conduz as duas partes da obra. O balé criado por Stravinski foi inicialmente coreografado por Vaslav Nijinsky, em 1913. Agora, as dissonâncias e assimetrias da música dão ensejo a uma coreografia que despreza qualquer laivo apolíneo para mostrar-se suja. O uso de refletores de luz branca, os figurinos sem acabamento, a movimentação nada virtuosística.

Atrapalha o desenvolvimento da proposta, contudo, seu apego excessivo a uma estrutura narrativa. Como se não contivesse o ímpeto de descrever o que o espectador presencia no palco. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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