Entretenimento e Cultura

Ocupação Maria e Herbert Duschenes reverencia o legado artístico do casal

Redação Folha Vitória

São Paulo - Fazer o gesto ser possível. Foi toda uma vida dedicada a jardinar um ambiente para que a informação, nele ausente, pudesse passar a existir, transformando-o. Coisa de quem inaugura um jeito de pensar que se transforma em um modo de viver e vice-versa. Maria (1922-2014), bailarina e professora, e Herbert Duschenes (1914-2003), arquiteto e professor, conectaram a cidade de São Paulo com artistas, teóricos e lugares que não circulavam por aqui. Seu legado continua sendo expandido pelos que foram contaminados pelo seu jeito de entender educação entrelaçada com cultura.

Este traço os distinguiu durante os mais de 30 anos em que Herbert deu aulas na Faap, desde 1967, e Dona Maria, a partir dos anos 1950, na casa onde moraram, no bairro do Sumaré. Lá, ela difundiu o pensamento de Laban, que continua presente na dança do Brasil. Para além daquilo que ensinaram em suas aulas, foi a prática inovadora de trabalhar a educação como braço da cultura que alinhavou a sua atuação. Um bom exemplo de como isso ocorria está nos famosos domingos, nos quais alunos e agregados se reuniam para as aulas de Herbert, nas quais o casal compartilhava as suas viagens, transformadas nos mais de 100 filmes em 8mm e Super 8 (hoje digitalizados) que Herbert fazia. Era um tempo em que poucos viajavam, sobretudo para lugares como Vietnã, Birmânia, Nepal ou Tailândia.

Um pouco da potência do que ambos gestaram pode ser saboreada nas cartas que quatro de seus muitos alunos escreveram, a convite do Itaú Cultural. Ler a professora Lenira Rengel, autora do Dicionário Laban, o curador Agnaldo Farias, a artista da dança Maria Mommensohn, que organizou o livro Reflexões Sobre Laban com Paulo Petrella, e a documentarista Paola Prestes ajuda a recompor o mosaico de importâncias da dupla. Bem como ouvir o depoimento de J.C. Violla, um dos mais ilustres ex-alunos de Dona Maria, que dançou Magitex (1978) com Juliana Carneiro da Cunha na 1.ª Bienal Latino-americana.

Desta quarta, 27, até 12 de junho, o Itaú Cultural, com curadoria conjunta do filho e do neto, Ronaldo e Daniel Duschenes, apresenta a Ocupação Maria e Herbert Duschenes, com vídeos, fotos, manuscritos, objetos pessoais, uma publicação online e uma programação paralela, na qual o grupo Lagartixa na Janela, dirigido por Uxa Xavier, apresenta Partituras para Maria às terças e quintas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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