Conheça Davi, o macaco-prego que ganhou o coração dos capixabas
O animalzinho chamou a atenção nas redes sociais, mas criação requer cuidados muito especiais
Parece que todo brasileiro nasce predisposto a uma condição: adorar absolutamente tudo que é fofo. Basta ver um par de olhos redondos, um bichinho peludo ou alguma gracinha feita por um bebê, seja ele qualquer espécie, para aquecer e derreter corações.
O Espírito Santo tem suas próprias estrelas quando o assunto é fofura, a mais recente delas é o macaco-prego Davi, que coleciona mais de 8 mil seguidores nas redes sociais com a página "Macaco Capixaba", que serve como um diário das experiências do animal com o tutor, o empresário Rafael Monteiro Cruz.
Davi tem 5 anos e ainda é considerado um filhote, uma vez que a espécie atinge a maturidade aos 8. Ele chegou à casa do empresário ainda bebê, com pouco mais de quatro meses de idade, e desde que apareceu já despertou curiosidade nos amigos e seguidores do Rafael.
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"Eu nunca quis divulgar muito, mas a galera que me conhece sempre me pedia para postar com o Davi. De tanto a galera pedir, crie uma Instagram só dele. Comecei a postar alguns vídeos no TikTok também e ele bombou. O que a galera mais gostou foi o dia a gente foi fazer stand up juntos, ver o sol nascer às 6h. Eu dei mamadeira para ele e bombou", contou.
Davi veio direto do criadouro com toda a documentação de compra, além de nota fiscal e também é microchipado, para facilitar sua identificação caso fuja ou se perca.
"Todo animal silvestre legalizado precisa ser comprado de um criador autorizado, ele vem com nota fiscal, microchipado. Não existe comprar um animal e depois legalizar ele, pois os pais também precisam ser de criador".
O macaquinho é catarinense de nascença. Ele chegou para completar um minizoológico que o empresário sempre teve em casa, que já conta com dois cães da raça pug, um ganso e diversas outras aves.
"Sempre tive muitos animais, desde moleque. Meu maior sonho era ter um macaco, por ser o animal mais inteligente para mim. Tanto pela anatomia dele, as coisas que faz. Era um sonho de infância mesmo".
Cuidados especiais
Para quem estiver interessado em ter um macaquinho, fique sabendo que nem tudo é fofura e muito menos, fácil. Para criar o animal é preciso ter um espaço bem grande para que o bicho possa viver de forma correta.
"As pessoas acham que vão ter um macaco dentro de casa igual uma criança, que usa fralda, usa roupa, isso não é real. Se a pessoa ama mesmo e tem o sonho de ter, tem que ter tipo um viveiro gigante, que é o recinto dele. Uma casa bem grande, que tem terra, corda, muita coisa para ele se divertir", afirmou.
Além disso, o empresário relata que o fundamental na criação do animal é o tempo, uma vez que a falta de interação com o tutor pode afetar no bem-estar e inclusive na personalidade do bicho.
Esta questão é de extrema importância para que o macaquinho se desenvolva plenamente e não se torne hostil ou agressivo com pessoas ou outros animais, uma vez que a expectativa de vida de um macaquinho como o Davi, é de 50 anos, explica o tutor.
"Se não interagir direito com ele, vai ficar deprimido, agressivo. Na fase infantil dele, beleza, mas quando ele cresce assim, na fase juvenil e adulta é um problema. A pessoa precisa estar preparar para ter uma criança pequena por 50 anos. Muita gente diz que quer ter filho, mas não aguenta o choro da criança, a bagunça da criança, só que a criança cresce, fica madura e vai viver longe. O macaco não, vai ser uma criança para sempre, destrói tudo, mexe em tudo".
Alimentação balanceada
Quando o assunto é comida, o macaquinho passa muito bem. A dieta vai de ovos cozidos a pepino, cenoura, batatas, abobrinha, frutas e uma ração específica para macaco-prego, que vem de São Paulo.
Ele também manda pra dentro algumas mamadeiras de nutren, que o tutor dá para o bichinho como recompensa, mas esporadicamente, para não mimar demais o animalzinho.
Além disso, há horários para tudo na rotina do macaquinho. Desde a hora do café da manhã, até para os treinamentos, inclusive hora para dormir, assim como um filho que precisa obedecer as ordens da casa.
Fidelidade a um único líder
Algumas visitas podem se surpreender com o macaquinho, já que ele não é muito chegado à presença de mulheres no recinto. De acordo com Rafael, isso acontece porque o animal é fiel a um único líder, no caso, o próprio tutor.
"A única mulher que ele gosta e respeita é minha mãe, quando eu saio, viajo, ela cuida dele. Mas outras mulheres, se chegarem perto do viveiro sozinhas, consegue brincar, fazer carinho. Mas se eu chego perto, ela já fica um pouco mais agressivo com elas", disse.
Segundo Rafael, o bichinho sempre prefere a companhia de outros homens, exatamente pela questão de associar a liderança a uma figura masculina. Ele explica que se o macaco fosse criado por uma mulher, o resultado poderia ser diferente. "Se eu fosse uma mulher, talvez ele preferisse mulheres".
Uma rotina regrada
Quem pensa que a vida de um bichinho é só farra, está enganado. O Davi não escapa de uma rotina de disciplina, mesmo aproveitando a vida ao máximo em seu viveiro.
Há horários para tudo na rotina do macaquinho. Desde a hora do café da manhã, até para os treinamentos, inclusive hora para dormir, assim como um filho que precisa obedecer as ordens da casa.
Além disso, Rafael procura não humanizar o comportamento do animal, pelo menos não em excesso. Ele é tratado como uma criança, mas sem exageros.
"Eu trato ele igual uma criança mesmo, claro que ele não dorme comigo, não gosto de humanizar muito, de colocar roupinha o tempo todo, fralda. Essas coisas dão muito ibope porque humaniza o animal. Davi só usa fralda dentro de casa, para conter o xixi e o cocô, porque ele não controla. E usa quando vou na casa de alguém, ou passear eu coloco uma roupinha. Mas no viveiro dele, fica sem nada", disse.
O que diz o Ibama
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que o procedimento realizado pelo empresário para adquirir o macaquinho é a única forma correta de comprar um animal silvestre no Brasil.
Ao efetuar a compra, o tutor deve pedir a nota fiscal contendo espécie e marcação do animal e o Certificado de Origem com a mesma espécie e marcação da nota fiscal.
O órgão afirmou ainda que é impossível a regularização de animais que foram retirados ilegalmente da natureza e que, portanto, não possuem origem legal.
"Quem mantém animais silvestres sem permissão e que tenham sido adquiridos de forma clandestina, pode entregá-los espontaneamente ao Ibama mais próximo e, conforme a legislação, não ser responsabilizado", disse o órgão por nota.
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