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Opera 'Las Horas Vacías' estreia no Teatro São Pedro

Redação Folha Vitória

São Paulo - O compositor Ricardo Llorca não recorre a eufemismos ou meias-palavras na hora de definir o que, acredita, deve ser a ópera no século 21. "Ela precisa expressar os sentimentos do nosso tempo para que o público se identifique com ela", explica em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo. E completa: "Não acredito que as pessoas consigam se identificar com histórias de mitologia ou com clássicos de Wagner".

Sim, elas conseguem. Mas, talvez, Llorca, espanhol que se formou nos Estados Unidos, onde dá aulas na Julliard School of Music, esteja falando da necessidade de tratar, em novas obras, de temas contemporâneos. E é a isso que ele se propôs ao escrever Las Horas Vacías, ópera que, depois de passar por palcos dos Estados Unidos e da Europa, estreia nesta sexta-feira, 8, no Teatro São Pedro.

O libreto é inspirado, ele explica, em uma história real, ocorrida em NY há alguns anos. "Uma vizinha recebia todas as sextas em seu apartamento um visitante imaginário", conta. A partir daí, com algumas alterações, ele resolveu criar uma ópera sobre "uma mulher solitária, viciada em internet, que vive fechada em seu mundo de fantasia".

Ao tratar desse tema, o compositor define sua ópera como um ensaio a respeito dos "processos psicológicos mais comuns e dolorosos que o ser humano pode experimentar: a solidão, a confusão entre o mundo real e o imaginário, e a crescente sensação de vazio em que se vê imersa a opulenta sociedade atual". E como recriar esse ambiente por meio da música? "De maneira instintiva. Acredito que inspiração existe. No meu caso, quando estou triste, a música que escrevo é melhor. Cada compositor expressa determinados sentimentos de maneira diferente. Em Las Horas Vacías, compus uma música sutil e nostálgica, música que para mim é triste."

Segundo Llorca, a partitura reúne elementos da arte renascentista com outros extraídos da música contemporânea espanhola. Essa volta ao passado, em um texto publicado em seu site, ele define como a "única saída possível" para o compositor de hoje. "Não contamos com uma tendência única ou um estilo concreto que defina a produção contemporânea", explica. "Os compositores jovens se veem diante do dilema de continuar pelo caminho da experimentação ou voltar aos esquemas clássicos. Alguns foram incapazes de seguir adiante segundo os mesmos auspícios estáticos que dominaram a criação musical nas últimas décadas. O olhar para trás, talvez, seja a única saída possível: revisar o passado e voltar a trabalhar sobre as estruturas e conceitos clássicos da música, retomando o conceito de expressividade segundo os modelos tradicionais."

A ópera dura pouco mais de uma hora e 15 minutos e foi escrita para soprano, coro, piano e orquestra de câmara. À frente da Sinfônica do Teatro São Pedro, estará o maestro Alexis Soriano - ele, assim como a soprano espanhola Laura Rey e a atriz e soprano de origem brasileira Angelica de La Riva já participaram da apresentação da ópera em outras ocasiões. A direção cênica será de Joachim Schamberger. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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