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Galeria Nara Roesler abre nesta segunda 1ª exposição individual de Veilhan na AL

Redação Folha Vitória

São Paulo - Os lugares visitados pelo artista francês Xavier Veilhan, 52, jamais são os mesmos após sua passagem. Em 2009, instalou uma gigantesca carruagem púrpura em frente do palácio de Versalhes, fazendo a festa dos turistas estrangeiros. São Paulo o conhece por sua instalação Raios, fios finos que imitavam os raios solares atravessando as folhagens, que integrou a coletiva Made By... Brasileiros, em 2014, no extinto Hospital Matarazzo. Agora chegou a vez da Galeria Nara Roesler, que passa a representar o artista no Brasil e abre nesta segunda, 24, sua primeira exposição individual na América Latina, Horizonte Verde.

A mostra é composta por 17 obras do artista, que une em suas peças alta tecnologia e arquitetura - ele recorre a scanners 3D para fazer esculturas lapidadas com os mais variados tipos de figuras, de homens a bestas, inseridas no espaço arquitetônico. Por ser esta sua exposição inaugural no Brasil, Veilhan achou conveniente resumir sua trajetória, exibindo desde esses homens toscos, que contrastam com os do escultor inglês Anthony Gormley - "ele é intimista, eu sou extrovertido" -, até seus móbiles, que devem algo à tradição de Calder. A diferença é que eles não têm existência autônoma - mudam conforme o ambiente, como na sala da galeria em que as paredes são forradas por litografias monocromáticas.

Numa segunda sala, ele mostra seu trabalho mais popular, as esculturas - Veilhan é capaz de produzir tanto representações naturalistas de personalidades (já esculpiu os corpos dos arquitetos Jean Nouvel e Renzo Piano) como seus parentes mais próximos. Seu material favorito é a fibra de carbono. Ele agora deu para usar pedestais de madeira, como nos antigos monumentos, evidenciando seu lado artesanal, um pouco esquecido no início da década, quando deu preferência ao aço inox e resina.

Veilhan não é um neófito no circuito. Começou sua carreira nos anos 1990. Fez intervenções ‘in situ’ em várias capitais europeias e americanas, sempre investindo no espaço público (ele prepara agora um novo projeto para o Pompidou, o primeiro para a cidade de Paris, onde se formou). Paralelamente, escreve e produz os próprios filmes experimentais, em geral mudos e curtos.

Homem culto e eclético, que gosta tanto de Antonioni como Michael Mann, passando por Alain Guiraudie, Veilhan não nutre preconceitos estéticos. "Pensando como usar o espaço do palácio de Versalhes, a princípio não queria usar a escala gigantesca de Jeff Koons, mas ela acabou se impondo, porque minha geração sofreu grande influência dele", diz Veilhan, acrescentando que a cor púrpura, que representa as roupas dos cardeais e também a dos antigos magistrados romanos, era a ideal para ser aplicada à carruagem de Versalhes, que mais parece uma versão cubista da carroça fantasma do clássico filme sueco de Victor Sjöström.

Para ele, qualquer referência vale, especialmente se ela tiver a chancela da modernidade. Já o compararam ao futurista Boccioni, por causa das esculturas que sugerem velocidade, mas ele insiste que Jeff Koons é sua referência. "Ele seguiu os passos de Duchamp e Andy Warhol, no sentido de desmistificar a obra de arte, embora eu, pessoalmente, considere que o artista deva se curvar à história para entender o que significa a modernidade." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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