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'O Pagador de Promessas' inicia reedição de Dias Gomes

Redação Folha Vitória

São Paulo - O dramaturgo Dias Gomes (1922-1999) considerava a representação teatral como um ato social. E, por conta disso, qualquer peça deveria ter a função não apenas de divertir mas, principalmente, de estimular a reflexão. Foi o que norteou uma carreira de 33 peças, além de telenovelas clássicas.

Encenada pela primeira vez em 1960, O Pagador de Promessas é uma de suas obras mais importantes. Transformada em filme dois anos depois (produção que ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes), a peça se passa em Salvador, onde Zé do Burro é impedido pelo padre da igreja de Santa Bárbara de pagar uma promessa (entrar na paróquia carregando uma cruz) pelo restabelecimento da saúde de seu animal. O sacerdote não admite que a promessa tenha sido feita a Iansã, similar a Santa Bárbara no candomblé.

"O Pagador de Promessas é a história de um homem que não quis conceder - e foi destruído", escreveu Dias Gomes em nota que acompanha a primeira das reedições de peças do autor, sob a chancela da Bertrand Brasil (O Bem-Amado também já está disponível). "Seu tema central é o mito da liberdade capitalista."

Gomes defendia que a liberdade do homem é fantasiosa, pois todos somos obrigados a viver sob regras estabelecidas. "Zé do Burro, por definição, é um homem livre", afirma. "Por definição, apenas. O que nos importa é a exploração de que ele é vítima - exploração que constitui também um dos alicerces da sociedade em que vivemos."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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