A classe operária não vai ao paraíso
Uma noite, os operários de uma fábrica de elevadores percebem que o maquinário está sendo levado do local. Este é o mote de A Fábrica de Nada, do português Pedro Pinho, olhar original sobre os desvarios do capitalismo e a (problemática) luta dos trabalhadores.
À maneira de outros filmes do cinema português contemporâneo, este também é direto e politizado. Agarra a realidade pelo colarinho, mas não se contenta com formas gastas para comentá-la.
É também inventivo na forma, sem cair no hermetismo. As divisões entre facções de operários, a tentativa de manipulação dos gerentes, as palavras de ordem política e a indiferença dos patrões: tudo está lá, soletrado em linguagem tão simples como inovadora. Grande filme.
A Fábrica de Nada
(Portugal, 2017, 176 min.)Dir. Pedro Pinho. Com Carla Galvão, Dinis Gomes, Américo Silva