Quino achou que Mafalda ficou obsoleta, o público não
Apesar de tê-la abandonada em 1983, por considerá-la "obsoleta", ela segue sendo sua personagem mais querida entre os leitores
O cartunista argentino Joaquín Salvador Lavado Tejón, conhecido como Quino [1932-2020], será lembrado por sua vasta e crítica obra. Mas entre tantos personagens criados, foi a menininha Mafalda, uma livre pensadora de mente afiada, pensamento crítico e enternecedora inocência, sua personagem de maior sucesso. Apesar de tê-la abandonada em 1983, por considerá-la "obsoleta", ela segue sendo sua personagem mais querida entre os leitores.
Suas tirinhas foram traduzidas para mais de 25 línguas, e a personagem tornou-se famosa e até mesmo temida. Quando perguntado sobre o que achava da menina prodígio, o escritor argentino Julio Cortázar disse "não importa o que eu penso de Mafalda. Me incomoda o que ela pensa de mim." Até hoje a sagacidade e simplicidade da menina nascida da mente de Quino intriga intelectuais e encanta leitores.
Como vários autores de personagens marcantes, o desenhista em algum ponto considerou que sua personagem não fazia mais sentido, e acreditou que bastava isso para partir para novas criações. E como sempre acontece, para desespero dos artistas, não era isso que os fãs pensavam. Em entrevista ao Estadão em 1999, Quino discutiu os rumos e o que considerou o esgotamento das tirinhas de Mafalda. Contou, também, como buscava em novas criações apresentar suas críticas à sociedade moderna.
Curiosa e questionadora, humanitária e idealista, Mafalda testa a lógica e as ideologias do mundo adulto. Do alto da simplicidade dos seus 6 anos de idade, desconstrói as argumentações mais elaboradas e coloca em cheque as mais tradicionais teorias políticas.