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O lado prodígio de Renato Russo

Redação Folha Vitória

- Renato Russo ainda era só Renato Manfredini Jr. quando deu vida à 42nd St. Band, sua banda imaginária. Aos 15 anos, época em que deixou o Rio de Janeiro e se mudou para Brasília, o futuro líder da Legião Urbana contraiu epifisiólise, doença óssea que o colocou em uma cadeira de rodas. Por esse motivo, mesmo depois de fazer uma cirurgia, Renato ficava horas no quarto sem poder sair da cama. Nesse período, até se recuperar, aproveitou o tempo de reclusão para escrever, em inglês, a história de fracassos e vitórias da 42nd St. Band. O livro The 42nd St. Band - Romance de uma Banda Imaginária (Companhia das Letras) narra a trajetória de um grupo fictício de rock. Escrita por Renato Russo, a obra permaneceu inédita por décadas e só agora, vinte anos depois da morte do cantor e compositor, chega às livrarias.

A publicação externa de forma sutil o quão longe Renato chegaria com suas bandas reais (Aborto Elétrico e Legião Urbana). Alguns títulos de música, como Aloha, já estavam esboçados na trama. "Ele escreveu essa história em seus cadernos, mas juntou à ficção muitos elementos reais e conhecimento que tinha sobre as bandas de rock da época. Esse entrosamento entre ficção e realidade é uma das características mais interessantes da obra, porque, ao mesmo tempo em que conta a história da banda imaginária, também mostra como um jovem brasileiro do final dos anos 1970 percebia a cultura de sua época. E ele não era um jovem muito comum", afirma Tarso de Melo, organizador do livro, em entrevista.

Eric Russell, líder da 42nd St. Band, inspirou o futuro sobrenome artístico de Renato. Russell, que posteriormente se transformaria em Russo, surgiu com a admiração do jovem pelos filósofos Jean-Jacques Rousseau e Bertrand Russell.

A criatividade de Renato se mostra extensa, sobretudo quando ele inventa as longas entrevistas da 42nd St. Band. Os detalhes são tão ricos que chegam a parecer reais. O autor também lista álbuns, músicas, turnês e as diversas formações da banda.

Renato chega até imaginar o fim de seis músicos, informando a idade e a causa da morte de cada um deles. "O livro sobre a famosa banda imaginária já era um sonho dos fãs da Legião há muito tempo, porque o próprio Renato já havia feito menção a ela em entrevistas para explicar a origem do seu nome artístico. A maior parte do material deixado por Renato em seus cadernos estava em inglês. A organização do livro foi feita inicialmente no idioma original e tivemos a sorte de contar com Guilherme Gontijo Flores, jovem poeta, tradutor e professor de tradução, que aceitou o desafio de colocar em português o texto cheio de gírias e da oralidade rock’n’roll que Renato usou para contar a história da banda", complementa Tarso.

20 anos sem Renato. Na última terça-feira, 11, completaram-se duas décadas sem o vocalista da Legião Urbana. Para lembrar a importância do músico, Tarso de Melo, organizador da publicação, participará de um debate ao lado de Sofia Mariutti e Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial, para falar sobre o livro e o legado de Renato.

O evento será realizado na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, a partir das 19h. A entrada é gratuita e os ingressos serão distribuídos 1 hora antes do início. "Renato morreu há apenas 20 anos, não é tanto tempo assim, e a geração que o viu nascer ainda está por aqui, de ouvidos e olhos abertos para a voz de Renato, nas mais variadas formas em que ela se apresentar. A leitura do livro, para quem conhece a história de Renato e da Legião, certamente, acenderá muitas lembranças", afirma Tarso.

THE 42ND ST. BAND -ROMANCE DE UMA BANDA IMAGINÁRIA

Editora: Companhia das Letras

Autor: Renato Russo

Organizador: Tarso de Melo. (216 págs.; R$ 34,90)

Lançamento: Hoje (17), às 19h. Livraria Cultura do Conjunto Nacional.

Avenida Paulista, 2.073; tel.: 3170-4033

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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