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Equipe do ES é selecionada para contar história de diarista do Morro do Cabral, em Vitória

Foram cerca de 80 equipes inscritas e, apenas 5 selecionadas. O processo de construção da história capixaba ainda está acontecendo e a previsão de publicação é de novembro

Foto: Equipe Rosanas Brasileiras
Dona Lenir, moradora do Morro do Cabral, em Vitória, com os dois filhos

A equipe Rosanas Brasileiras,  formada por mulheres capixabas, foi selecionada pela Organização Não Governamental (ONG) Chicas Poderosas para apresentar um dos cinco trabalhos multimídias no Brasil. 

A produção deve possuir como temática à crise do cuidado durante a pandemia, entendendo aqui o exaurimento físico, emocional e material de mulheres, já tão sobrecarregadas em função das responsabilidades que lhe são impostas em razão do gênero.

O grupo Rosanas Brasileiras desenvolve a peça multimídia a partir da história da diarista Dona Lenir, moradora do Morro do Cabral, em Vitória. Uma mulher preta de periferia, mãe solo de cinco filhos, diarista e que teve como único auxílio à comunidade para sobrevivência de si e de sua família quando a pandemia forçou que escolas fechassem as portas e postos de trabalhos fossem encerrados.

"Eu fiquei com medo na pandemia, porque não são todas as pessoas que aceitam a gente na casa deles para trabalhar. Na vida, a gente tem que segurar, de um jeito ou de outro, e tocar a vida pra frente, porque se olhar pra trás nada se resolve", contou Dona Lenir Rodrigues.

A história de Dona Lenir se confunde com a de milhares de mulheres da periferia. No entanto, possui peculiaridades, com desafios e sonhos que são únicos, e que merecem ecoar, causando emoção, angústia e solidariedade.

“Quando tornamos pública essas situações, mostramos à sociedade que elas existem, assim como as dificuldades incutidas nelas. Contar a história de Dona Lenir é fazer com que outras mulheres se identifiquem, se solidarizem e entenda a problemática da crise do cuidado para que nós, enquanto sociedade, encontremos saídas para vencer essas questões’’, observou a advogada Renata Bravo, integrante da equipe capixaba.

Presente em 11 países, a ONG Chicas Poderosas desenvolve e incentiva projetos liderados por mulheres, que variam de assuntos desde tecnologia até comunicação. Os projetos são devolvidos sob a perspectiva de gênero e questões sub-representadas ou excluídas da agenda pública.

Foto: Equipe Rosanas Brasileiras

No Brasil, é a primeira vez que o projeto de Histórias Poderosas acontece e a edição não poderia ser diferente: irá contar histórias dos impactos da pandemia da covid-19 na economia do cuidado. 

Foram cerca de 80 equipes inscritas e, apenas 5 selecionadas. O processo de construção da história capixaba ainda está acontecendo e a previsão de publicação é de novembro.

Conheça mais sobre quem são as Rosanas Brasileiras

Foto: Equipe Rosanas Brasileiras

A diarista Rosana Aparecida Urbano, 57 anos, foi a primeira vítima de Covid-19 no Brasil. Ela morreu em março de 2020, logo no início da pandemia. Enquanto alguns trabalhadores puderam se resguardar aprendendo o tal do home office, Rosana manteve a rotina de idas e vindas de suas faxinas para garantir o sustento familiar. 

Para isso, ela circulava de transporte público e, consequentemente, acabava expondo ela e seus familiares ao risco de contrair o vírus. Mais quatro pessoas da família de Rosana morreram contaminadas pelo coronavírus.

Outras tantas Rosanas tiveram sua vulnerabilidade social escancaradas durante a pandemia pelos quatro cantos do Brasil. As Rosanas Brasileiras fazem uma homenagem à essas mulheres. 

Uma equipe formada por mulheres capixabas que analisam a crise do cuidado provocado pela pandemia da covid-19, no Brasil. Compõem a equipe capixaba Isabella Baltazar, Ana Luzes, Beatriz Sacht, Ananda Miranda e Renata Bravo. 

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