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Comenda Maurício de Oliveira: conheça os artistas e produtores culturais do ES homenageados neste ano

Os nomes foram escolhidos por representantes do poder público de Vitória e da sociedade civil

Foto: Divulgação

Seis representantes de movimentos culturais significativos para o povo capixaba receberão, na próxima quinta-feira (10), a Comenda Maurício de Oliveira. Por conta da pandemia do novo coronavírus, a homenagem será realizada no formato virtual. 

O tributo é concedido aos artistas, produtores e cidadãos engajados na cultura. Este ano, Bernadette Lyra, Chico Lessa, Dona Laura Felizardo (post-mortem), Margarete Taqueti, Renato Santos e Sérgio Blank (post-mortem) serão os homenageados.

Os nomes foram escolhidos por representantes do poder público de Vitória e da sociedade civil, que forma a comissão da Comenda. O título, entregue pela prefeitura da capital, recebeu o nome do maestro Maurício de Oliveira como forma de reconhecimento do artista considerado um dos maiores violonistas do país e um ícone da cultura do Espírito Santo.

Para acompanhar a cerimônia, o público precisa realizar a inscrever através do formulário. O link para o evento será enviado aos inscritos cerca de 30 minutos antes do inicio da cerimônia, prevista para às 19 horas.

Conheça os homenageados:

Bernadette Lyra

Foto: Reprodução / Instagram

É escritora de ficção e pesquisadora em cinema. Ocupa a cadeira número 1 da Academia Espírito-Santense de Letras, possui prêmios literários obtidos por todo o país, tem contos em antologias no Brasil e no exterior e mais de 15 livros publicados.

Seu romance “Ulpiana” (2019) é semifinalista do prêmio internacional Oceanos (2020) e seu livro de contos “Memória das Ruínas de Creta” esteve entre os finalistas do prêmio Jabuti (1997). Participa da série “Herdeiros de Saramago”, da TVP1 portuguesa (ep.7), como convidada da escritora Andreia Del Fuego (2020).

Bernadette Lyra nasceu em Conceição da Barra, em 1938. É formada em Letras, na Ufes, tem mestrado em Comunicação na UFRJ, doutorado em Cinema na USP e pós-doutorado na Université René Descartes/Sorbonne (Paris). 

Atuou como Secretária de Estado da Cultura do Espírito Santo (1996-1997). É sócia-fundadora da Sociedade Brasileira de Cinema e Audiovisual e várias vezes foi eleita para o Conselho Deliberativo e o Comitê Científico da Socine.  

É professora visitante da Universidade do Algarve (Portugal) e professora emérita da Ufes e professora visitante no Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCom) em Comunicação e Territorialidades/Ufes.

Chico Lessa

Foto: Reprodução

Músico profissional com 44 anos de carreira. Em 1966, iniciou seus estudos de violão com o professor Maurício de Oliveira; estudou harmonia funcional com Sérgio Benevenutto e Vilma Graça; fez aulas de aperfeiçoamento técnico para execução de violão e guitarra com Bruno Mangueira, Toninho Horta e Juarez Moreira; estudou técnica vocal com Pepê Castro Neves; cursou o primeiro ano de licenciatura em violão na Faculdade de Música do ES (Fames).

Trabalhou ainda na área de educação como instrutor musical para crianças e adolescentes dentro do projeto Cajun, da Prefeitura de Vitória, e na Escola de Música do Espirito Santo.

O músico e compositor iniciou sua carreira em Vitória nos anos de 1960, ao som da Bossa Nova e Beatles, e manteve uma ligação com sua terra e sua gente que perpassa por todas as suas canções. Participante dos mais importantes festivais de música realizados no país (Globo - 1969-1970) e integrante do movimento musical Clube da Esquina, Chico Lessa tem músicas gravadas por importantes artistas da MPB, tais como “Boca Livre”, “Lô Borges” e o lendário “Som Imaginário”, e uma longa vivência de amizade e trabalho com companheiros de estrada como Wagner Tiso, Marcio Borges, Murilo Antunes, Ana Terra, Naná Vasconcelos, 14 Bis, Beth Carvalho, Jorge Mautner, entre outros.

Seus dois últimos CDs, “No tom de sempre” e “Um guarda-chuva pra esquecer”, foram produzidos por Toninho Horta, uma lenda internacional na área musical, ganhador do Prêmio Grammy Latino 2020. Ao lado de Andrea Ramos, participou do Prêmio Pixinguinha- Funarte- 2009, com o Cd “Andrea Ramos canta Chico Lessa”, produzido por Bruno Mangueira.

Dona Laura Felizardo

Foto: Reprodução

Nascida em 1928 na comunidade do Morro do Feijão, em João Neiva, Laura Felizardo, a Dona Laura, ficou reconhecida como uma das personalidades mais celebradas do congo capixaba, tradição que sua família foi uma das precursoras no Espírito Santo.

Laura é consanguínea do povo africano Bantu, cujo grupo etnolinguístico influenciou profundamente a cultura afro-brasileira e capixaba. Colodino Felizardo, o bisavô de Laura, foi um dos responsáveis por trazer da África os ritmos do congo e implantado em solos capixabas. A cultura do congo é reconhecida como patrimônio imaterial desde 2014. Dona Laura faleceu em 7 de junho de 2020, aos 92 anos.

Margarete Taqueti

Foto: Reprodução/Facebook

Com formação em Odontologia, Margarete Taqueti iniciou sua carreira na cultura ainda na universidade, tendo experiências no teatro e no cinema. Participou ainda do movimento cineclubista universitário, que teve como conquistas a criação do Teatro Universitário, da Casa da Cultura Capixaba, de cineclubes, entre outros.

No cinema, assinou o roteiro de Concha, o primeiro da carreira, em 1987. Em 1992, produziu seu documentário "A Lira Mateense, a Musicalidade de um povo". Desde então, participa de pesquisas históricas, de conselhos de cultura, de curadorias de mostras e de realizações audiovisuais e autorais premiados ou não, de grande importância para a memória e para a filmografia do Espírito Santo.

Em 2006, conquistou o 2º lugar na categoria Gestão Pública do Prêmio Cultura Viva, do Ministério da Cultura, com o projeto MoVA Caparaó – Mostra de Vídeo Ambiental da região do Caparaó, iniciativa que esteve sob coordenação de Margarete durante seis edições anuais, quando ela ocupava o cargo da Subgerência Audiovisual na Secretaria de Estado da Cultura (Secult).

Renato Santos

Foto: Divulgação

Membro fundador da Primeira Companhia Profissional de Dança Afro do Espírito Santo, o Negra-ô. Foi Coordenador do Curso de Dança da Escola Técnica de Teatro, Dança e Música Fafi, foi responsável pela elaboração e lançamento do Curso de Qualificação em “Dança Afro Brasileira Cênica” com o Método Mercedes Baptista do Museu Capixaba do Negro (Mucane).

A história do artista Renato Santos se confunde com a trajetória do empoderamento das artes Afro Brasileira Cênica no Estado. Iniciado na sua tenra infância pelo seu avô, Prudêncio Mateus dos Santos, nas artes marciais, Afro Brasileira e Africana, na modalidade do jogo de Pernadas e Gambela e basula, nos anos 80 formou em Balé Clássico do Royal Balé e estudou a Dança Afro Brasileira Cênica do Método de Mercedes Baptista no Stúdio de Balé Lenira Borges.

Na mesma década, ingressou na Ufes como aluno do curso de Educação Física, onde estudou o Método de Dança Moderna - Martha Graham, Método de Dança Contemporânea - Dança-Teatro - Pina Bausch e o Método dos Movimentos - Rudolf Laban. Como aluno universitário participou, junto com professores e outros alunos da iniciativa de profissionalização da categoria Dança Afro Brasileira Cênica.

Atualmente é coordenador da ação multidimensional de avivamento da História da Diáspora Africana no Centro Histórico e do Morro Fonte Grande/Piedade, no Centro de Vitória.

Sérgio Blank

Foto: Ariny Bianchi/Divulgação

Nascido em 1964, em Cariacica, Sérgio Blank é conhecido por seus poemas, livros e atuação como promotor de lançamentos de obras e coordenador de oficinas e encontros literários. O poeta ocupava a cadeira número 9 da Academia Espírito-Santense de Letras desde 22 de julho de 2019.

Ao todo, publicou seis obras literárias: "Blue Sutil" (2019); "Os dias ímpares" (2011); "Safira", livro infantil, lançado em 1991 pelo Departamento Estadual de Cultura; "Vírgula" (1996), "A tabela periódica" (1993), "Pus" (1987) e "Um" (1989), além de poesia e textos avulsos. O último livro (Blue Sutil) é composto por poemas que o autor publicou primeiramente nas redes sociais.

Sérgio Blank faleceu em 23 de julho deste ano e deixa um legado para a literatura capixaba com importantes obras e participações ao longo da carreira.

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