O varejo é um reflexo direto da economia. Se as vendas vão bem, significa que o momento econômico é favorável. E é possível perceber isso aqui no Estado. Tanto que o Shopping Vitória deve ter, em 2025, o melhor ano da sua história. Quem garante isso é o diretor-geral do centro de compras, Raphael Brotto. E a previsão ganha um peso maior por causa do tamanho do Shopping Vitória

É hoje do maior shopping do Estado. Tem 32 anos e recebe por mês entre 800 mil e 1 milhão de pessoas. O número de colaboradores passa de 5 mil. São mais de 300 lojas e funcionamento 24 horas, já que fora do horário comercial, as atividades de manutenção permanecem ativas. 

Recentemente, o Shopping Vitória iniciou um novo ciclo de investimento com a inauguração da Ala Parque, um espaço integrado ao Parque Cultural Reserva Vitória. Com um investimento de R$ 20 milhões, a nova Ala tem marcas inéditas e foca em experiências. A Ala Parque ocupa mais de 4 mil metros quadrados e abriga 16 lojas, sendo 14 novas marcas e duas que foram reposicionadas. Além de novas lojas, há nove lojas exclusivas. 

Raphael Brotto está há mais de 10 anos à frente do Shopping Vitória e conta, abaixo um pouco mais do que espera para 2025. Do mesmo modo ele conta que prevê um 2026 ainda mais promissor.

Veja abaixo a entrevista com Raphael Brotto: 

Como você avalia o desempenho do Shopping Vitória em 2025?

Eu tenho repetido que 2025, com certeza, é o melhor ano do shopping. Dos 32 anos. Da história do shopping. Isso é muita coisa. E eu tinha falado isso do ano em 2024. É verdade. Porém, quando a gente olha para os crescimentos de venda, fluxo, carros no estacionamento, já projetando até o final de dezembro, entende que 2025, de fato, é o melhor ano do shopping.

Por que isso acontece?

Eu acho que é um contexto. Tudo que o shopping vem fazendo de investimento, de novidade, sempre se reciclando, apostando bem nas campanhas sazonais. A gente vem com uma pegada muito forte nas campanhas, como Dia das Mães, Namorados, Pais e o Natal.

Quando a gente aposta muito nessas campanhas, faz sorteio de carro, por exemplo, aí você vê crescimentos exponenciais na casa de dois dígitos. Isso é impressionante, porque supera a média nacional. Quando a gente compara isso com os números nacionais, o Shopping Vitória está bem acima desses patamares.

Qual será o papel da Ala Parque?

A Ala Parque foi uma coincidência boa em vários aspectos. A gente optou por não reposicionar o shopping com uma nova âncora que existia naquele lugar.

Por que não?

Porque a gente não quer fazer o fácil. O fácil seria buscar uma outra âncora para ocupar o espaço deixado pelas Lojas Americanas. O que também não seria tão fácil, porque o Shopping Vitória praticamente tem todas as âncoras do Brasil. Eventualmente uma ou outra poderia vir, mas a gente entendeu que isso não seria suficiente para atender o desejo do nosso público.

Estamos sempre ouvindo nosso público. E foi um projeto desafiador desde o começo. Você mexe numa coisa que já existia há 30 anos. Desmobilizar aquilo tudo foi muito complexo. Além de trazer 16 lojas, tivemos que reposicionar outras, aumentar corredor, reorganizar espaços. Foi um trabalho de formiguinha desde o início.

Como foi a receptividade do mercado?

Eu fiquei surpreso. Quando a gente fixou a data, você sabe, obra sempre tende a atrasar, no entanto a gente inaugurou bem. Tivemos um pequeno problema com a transição da Camicado, que ocupava 600 metros. Isso atrasou a entrega para outras lojas. Essas lojas vão inaugurar agora em novembro. E a grande vedete, a Sephora, está marcada para 6 de fevereiro.

Como foi a negociação com a Sephora?

A Sephora tem uma história engraçada com a gente. Quando começamos a trazer marcas internacionais, como a Kiko Milano, percebemos a força da maquiagem no varejo. Sempre que falávamos de novas marcas, o pessoal nas redes dizia: “Legal, mas e a Sephora?”.

Eles não estavam muito focados em expansão e recuaram. Então montamos um dossiê com tudo que o público pedia. Mandamos para eles. Eles voltaram a conversar e escolheram o ponto onde vão inaugurar.

O momento econômico do ES influencia esse movimento no varejo e no shopping?

Acho que sim. O Espírito Santo vive um momento pujante. As marcas procuraram a gente. Lançamos uma expansão com 100% de ocupação, o que não é fácil. E eu acho que uma coisa casa com a outra.

O Estado está forte. E o Shopping Vitória é forte. Ele mudou a história do varejo do Estado, ditou tendência, escolheu uma localização estratégica. Tudo isso reflete no sucesso do Shopping Vitória.

Qual é o ticket médio atual e qual ticket vocês pretendem alcançar?

Teve uma mudança brusca no mercado. Nesse sentido, há alguns anos, o capixaba dormiu com um shopping e acordou com oito. Ou seja, isso transformou um pouco o público do Shopping Vitória. Porém, o shopping continua regional, ancorado, atendendo o estado todo.

O perfil foi mudando, e o shopping foi se adaptando ao novo varejo. Hoje você vai ao shopping, faz tudo e até compra. Ou seja, o mix está completo. Sobre público, o shopping vai atender todos. Do mesmo modo tem tendência a trazer marcas internacionais. No entanto, não vamos escolher só público A ou C. Somos capixabas e queremos todos lá.

Como o consumidor de luxo se comporta?

Você só consegue tocar um shopping se tiver pesquisa. Fizemos uma pesquisa profunda. Descobrimos que muitos clientes saem de Vitória para comprar marcas em São Paulo. Então queremos concentrar tudo aqui. Do mesmo modo, vi shoppings no Centro-Oeste trazendo marcas internacionais. Por que Vitória não pode? Queremos que o capixaba compre aqui.

O e-commerce concorre nesse setor?

Quando você não tem o que oferecer, concorre. Porém, no luxo, acho que não. É experiência. Ou seja, é sentir, ser visto dentro da loja.

O Shopping Vitória planeja novas expansões ou reposicionamentos?

Estamos sempre estudando. Estando 100% locado, é impossível não pensar em expansão. Porém, precisa ser bem pensado. Os shoppings mudaram, estão mais abertos. Temos que pensar na comunidade e nos novos vizinhos. Não há nada concreto.

Internamente, sempre há revitalizações. Chamamos isso de expansão interna. Fizemos o Centro Médico 2. E já descobrimos outra área, que talvez será o Centro Médico 3.

O shopping busca as marcas ou as marcas buscam o shopping?

É um ganha-ganha. O shopping é muito buscado. No entanto, quando mapeamos uma marca desejo, vamos buscar. Hoje está mais complicado porque não temos mais loja. Ou seja, é um bom problema, fruto de muito planejamento e pesquisa.

O que diferencia o Shopping Vitória na concorrência regional?

Pioneirismo. Localização. Quando você vê um shopping com vista para o mar? Difícil. E inovação. A gente quer surpreender a cada visita.

Já há uso de inteligência artificial na operação?

Não tem como operar shoppings sem IA. A contagem de fluxo evoluiu muito. Hoje é por câmera. Ela varre e conta tudo. Isso é só um exemplo. Há muito em acesso, estacionamento, caixas físicos que acabaram. Tem muita coisa interessante.

Você disse que 2025 será o melhor ano da história. 2024 já foi muito bom. E 2026?

Eu sou otimista. Quem atua em shopping tem que ser. Pior que 2025 não vai ser. Para mim, é igual ou para cima. Do mesmo modo, os sinais indicam isso. Começamos 2026 com muita novidade. Praça nova, Ala Parque renovada, bem como eventos planejados. Acredito que tem toda chance de ser melhor que 2025.

Qual é o peso dos eventos para o shopping?

Descobrimos que eventos externos viraram uma grande atração. Fazemos evento gourmet, evento de rock, sempre muito cheios. E sem impacto negativo. São eventos pontuais, pensados para o nosso público. Virou rotina e deve continuar em 2026.

Como o shopping trabalha o relacionamento com a comunidade do entorno?

Temos preocupação grande com os vizinhos. O shopping traz impacto. Por isso buscamos ser mais abertos, com acesso facilitado. Participamos da transformação do viário do entorno.

Também cuidamos do Parque Cultural Reserva Vitória, de 16 mil metros quadrados. Segurança, limpeza, manutenção. A primeira árvore de Natal do parque será este ano. E teremos a revitalização do Morro do Bode, com skate, mirante, espaço pet.

Onde o Shopping Vitória quer chegar?

O shopping quer manter-se único no posicionamento. Para isso precisa de melhoria contínua. Quer continuar sendo reconhecido como o melhor, maior shopping do Espírito Santo, líder na categoria. E quer que o capixaba fique mais para consumir aqui, com mais opções. Esse é o desejo.

Raphael Brotto é diretor-geral do Shopping Vitória
Edu Kopernick

Editor de Economia

Edu Kopernick é jornalista formado na Faesa, especialista em Comunicação Organizacional pela Gama Filho, com experiência em reportagens especiais para veículos nacionais e séries sobre economia do Espírito Santo. Já teve passagens pelos principais veículos de TV, rádio e webjornalismo do Estado. É editor de Economia do Folha Vitória desde 2024, apresentador de TV e host do videocast ValorES.

Edu Kopernick é jornalista formado na Faesa, especialista em Comunicação Organizacional pela Gama Filho, com experiência em reportagens especiais para veículos nacionais e séries sobre economia do Espírito Santo. Já teve passagens pelos principais veículos de TV, rádio e webjornalismo do Estado. É editor de Economia do Folha Vitória desde 2024, apresentador de TV e host do videocast ValorES.