Tem gente que fala em Vale do Silício brasileiro, por causa do potencial de gerar negócios. Mas, muito mais do que ser comparado a modelos que deram certo e são referência no mundo, o setor de tecnologia capixaba pede passagem. E, nesse sentido, tem empresas de destaque que ganham mercado e estão cada vez mais ampliando horizontes. A GlobalSys é descrita como uma boutique capixaba de tecnologia que se tornou uma referência nacional no setor de varejo. O papel da empresa no ecossistema é atuar como uma parceira estratégica para o crescimento de grandes empresas, desenvolvendo soluções digitais personalizadas.
A tech capixaba oferece serviços como fábrica de softwares, análise de dados, automação de processos, operação em nuvem e terceirização de equipes especializadas. O faturamento projetado para 2024, em relação ao ano anterior, foi de R$ 75 milhões e a expectativa para 2025 é crescer 20% no faturamento. Ou seja, chegar a mais ou menos R$ 90 milhões.
A empresa teve um crescimento expressivo no quadro de colaboradores. Começou 2024 com mais de 500 pessoas, um aumento significativo em relação aos 80 funcionários que tinha no início da pandemia, em 2020. Além da atuação nacional, a empresa tem planos de expansão para o mercado europeu, com foco em Portugal.
O CEO da GlobalSys, Thiago Molino, tem 14 anos de trajetória na empresa. Liderou áreas ligadas a banco de informações e análise de dados. Nesse sentido, desde 2023, atuava também na governança da empresa como co-CEO.
Ele acredita que esse movimento todo de expansão da empresa de tecnologia é só o começo.
Veja abaixo a entrevista com Thiago Molino:
Como é o mercado de tecnologia no ES?
O mercado de tecnologia no ES é a menina dos olhos da economia capixaba. O Estado se tornou um dos maiores polos de tecnologia do país. As empresas perceberam que a tecnologia é estratégica para aumentar competitividade e eficiência.
A GlobalSys cresceu muito com essa transformação, aproveitando oportunidades e transformando negócios em operações mais rentáveis. O principal propósito da tecnologia nas empresas deve ser escalar com inteligência e eficiência.
Como a GlobalSys conseguiu crescer tanto e tão rápido?
A empresa entendeu que ser apenas uma companhia de tecnologia não bastava. Passamos a entregar valor agregado em resultados e não apenas sistemas. Grandes empresas capixabas experimentaram nosso trabalho e indicaram nossos serviços. Isso ampliou nossa presença no mercado e fortaleceu nossa reputação.
Trabalhamos com negócios diversos e nunca focamos em um único segmento. Hoje, atuamos em praticamente todos os setores, com exceção do aeroespacial.
Quais empresas vocês já atenderam?
Temos muito orgulho dos nossos clientes. Trabalhamos com o Grupo Águia Branca, Aramis, Pets e Cobasi. Atendemos também a Wine, o maior clube de vinhos do mundo, desde o início da operação. Tivemos um papel importante na expansão da marca e continuamos juntos nessa trajetória.
Esses cases abriram portas no Espírito Santo e no cenário nacional. Essas marcas são protagonistas em seus segmentos e ajudam a escalar nosso negócio.
Ainda há espaço para crescer no ES?
Sim, certamente. O Espírito Santo é grande e tem muitas regiões com potencial. Atendemos áreas como Linhares e Cachoeiro, mas há muitas empresas que ainda precisam iniciar a transformação digital.
É importante diferenciar transformação digital de digitalização. A digitalização é apenas uma etapa do processo. A transformação digital muda o DNA da empresa e começa pela estratégia. Ela envolve cultura, estrutura de dados e participação de todos os níveis da organização.
O que é ter maturidade digital nas empresas?
É ter processos estruturados, dados organizados e automação em todas as áreas. Poucas empresas no Brasil atingiram esse estágio completo. A implantação de inteligência artificial exige estrutura e estratégia sólidas.
É preciso organizar dados e alinhar cultura para evitar retrabalho e desorganização. A empresa deve se permitir ser digital e entender o propósito de cada mudança.
O bom momento da economia capixaba se reflete no mercado de tecnologia?
Sim, com certeza. Hoje nenhuma empresa cresce sem tecnologia.
Os bons resultados econômicos impulsionam o setor tecnológico e o inverso também é verdadeiro. A tecnologia é protagonista em novos produtos, serviços e modelos de negócio.
O governo estadual tem apoiado com incentivos e investimentos. Esse trabalho conjunto entre governo, empresas e universidades fortalece o ecossistema de inovação. O capixaba é talentoso, competitivo e criativo.
Como a logística influencia o trabalho da GlobalSys?
Atuamos com grandes players da logística, como VIX Logística, por exemplo. Desenvolvemos soluções tecnológicas personalizadas para esses clientes. As melhorias na infraestrutura logística do Espírito Santo aumentam nossa competitividade.
Novos investimentos e obras atraem empresas e ampliam o mercado. Isso beneficia nossos clientes e estimula o avanço tecnológico no setor.
Existe um polo de tecnologia no ES?
Sim, há polos importantes. Um exemplo é o Base 027, em Vitória, conhecido como casa da inovação capixaba. A GlobalSys também tem o programa Global Academy, que forma talentos e estimula a inovação.
Outras empresas mantêm laboratórios e centros de desenvolvimento semelhantes. Esses ambientes colaborativos fortalecem o ecossistema tecnológico capixaba.
O ES pode se tornar uma referência nacional em tecnologia, como o Vale do Silício?
Sonhar grande precisa ser o objetivo do Estado e das empresas. Já conquistamos uma posição relevante no cenário nacional. Há dez anos, o Espírito Santo era pouco conhecido, mas hoje é admirado e visitado.
Precisamos comunicar melhor nossas potencialidades e atrair investimentos. Tecnicamente e em estrutura, estamos evoluindo rápido. Pensar grande é essencial para sermos referência nacional em criação de tecnologia.
A falta de mão de obra pode atrapalhar o crescimento do setor?
Esse é um desafio real, mas estamos preparados. Durante a pandemia, o setor cresceu muito e atraiu novos profissionais. Investimos fortemente em capacitação e programas de formação. Eu mesmo comecei como estagiário na empresa e fui capacitado internamente.
Replicamos essa cultura e criamos áreas como o Smart Sourcing, focadas em mão de obra qualificada. Trabalhamos em parceria com universidades e formamos não apenas técnicos, mas cidadãos.
Como está a atração de empresas e talentos tecnológicos para o Estado?
O Espírito Santo é naturalmente atraente. Oferece qualidade de vida, boa infraestrutura e proximidade com a natureza. Muitos profissionais de São Paulo, Rio e até de outros países têm se mudado para cá. Eles trazem know-how e ajudam a fortalecer o ecossistema.
Recebemos profissionais que atuavam na França e em Portugal, por exemplo. Essa troca de experiências acelera nosso crescimento e atrai novas indústrias e startups.
Como a inteligência artificial é aplicada no seu negócio?
A inteligência artificial é essencial e precisa ser usada com responsabilidade. Muitas empresas aplicam IA sem preparo e acabam gerando retrabalho.
É fundamental ter dados estruturados e atualizados. Sem isso, a IA pode oferecer resultados imprecisos.
A transformação digital e a digitalização devem ter propósito claro. A IA deve apoiar decisões e aumentar a eficiência.
Quais produtos da GlobalSys usam inteligência artificial?
Temos o Titan, que entrega painéis de BI conectados a grandes bases de dados. Ele oferece insights proativos e ajuda na tomada de decisão.
Outro produto é o Gnexum, um integrador que conecta sistemas diferentes e traduz as informações. Ele normaliza dados e democratiza o acesso à informação.
A democratização dos dados é um dos pilares da tecnologia moderna. O objetivo é permitir que todos tomem decisões melhores, com base em informações confiáveis.
Como você avalia o momento institucional do ES?
Vivemos um momento muito positivo. O governo, as empresas e as universidades estão alinhados. Essa sinergia tem elevado o Estado a outro patamar. A colaboração entre os setores fortalece a formação de profissionais e amplia oportunidades.
Em 2026, queremos ter o maior programa de formação de TI do Estado. A união entre setor público, privado e ensino tem mostrado resultados concretos.
E quanto à segurança jurídica no setor de tecnologia?
A segurança jurídica é essencial. Todos os nossos contratos seguem rigorosamente as normas de proteção de dados. Porém o mais importante é a prática diária. Trabalhamos com zelo extremo pelas informações dos nossos clientes.
A segurança da informação é prioridade e já faz parte da rotina do setor. O investimento em cibersegurança será um dos maiores do mundo nos próximos anos.
Onde a GlobalSys quer chegar?
Nosso grande sonho é ser protagonista global em inovação. Começamos pelo Espírito Santo, expandimos pelo Brasil e já chegamos à Europa e à Ásia. Queremos conectar empresas e colaboradores ao próprio negócio por meio da tecnologia.
O objetivo é colocar a marca GlobalSys no patamar que ela merece. O legado construído em 15 anos é motivo de orgulho. Nosso maior resultado é ver o cliente crescer conosco.