Carlo Ancelotti, um dos técnicos mais vitoriosos da história do futebol moderno, revela, em seu mais novo livro autobiográfico “O Sonho: quebrando recorde de vitórias na Champions League”, que, após se aposentar dos gramados, em 1993, não tinha ambição de passar o resto da vida profissional comandando do banco de reservas.
“Sempre me vi, antes de tudo, como um jogador que por acaso virou técnico”, escreve na obra, desenvolvida ao lado do jornalista inglês Chris Brady e com lançamento mundial anunciado nesta quinta-feira (25), pela Editora Planeta.
No livro, com 256 páginas e dividido em quatro partes, o atual comandante da Seleção Brasileira conta bastidores inéditos das mais de 200 partidas que disputou em campeonatos continentais europeus, além das conquistas que teve como ex-jogador e treinador da Champions League (sete no total).
Influência de brasileiros
Se tem algo que Ancelotti sempre valorizou ao longo de sua trajetória de cinco décadas no futebol, é a influência de jogadores brasileiros que ele teve tanto quanto jogador quanto como técnico de clubes. E a relação é longa, iniciada nos tempos em que defendeu a Roma, entre 1979 e 1985.
“O time da temporada 1983-1984 tinha dois brasileiros que me marcaram muito: Toninho Cerezo, que era mais guerreiro e um motor incansável, além de Paulo Roberto Falcão, que era brilhante na armação e um verdadeiro líder em campo. Quando ele chegou, não entendia por que treinávamos tanto sem a bola. Talvez isso tenha acontecido em vários lugares da Europa à medida que os sul-americanos começaram a chegar em maior número, mas foi na Roma que, pela primeira vez, fui influenciado diretamente por um gênio brasileiro”, lembra.
Em “O Sonho”, Carlo também divide bastidores da vivência dele com jogadores brasileiros, como Dida, Rivaldo, Kaká, Vinícius Júnior e Rodrygo.
Treta com Rivaldo no Milan
No novo livro, ele recorda que, em 2002, tomou a difícil decisão de colocar Rivaldo, titular absoluto pelo Brasil e recém-campeão do mundo, no banco, algo que o meio-campista nunca tinha experimentado.
“Eu já tinha jogadores brasileiros no plantel do Milan, como Serginho, Roque Júnior e Dida, quando recebi Rivaldo, que não havia feito a pré-temporada completa e precisava se condicionar”, conta.
Carlo relembra que, em meados de setembro de 2002, o Milan tinha um jogo fora de casa contra o Modena, e ele teve que dizer que manteria Rivaldo no banco.
“Foi um choque para ele. “Rivaldo nunca ficou no banco”, ele explicou. “Tudo bem,” eu disse a ele, “sempre há uma primeira vez, e agora é o momento certo para ser a primeira. A mensagem não pareceu surtir efeito. Ele simplesmente se levantou e foi para casa. Nos entendemos algum tempo depois e o jogador foi peça importante na conquista da Champions, em 2003”.
Convite para assumir a Seleção Brasileira
Ancelotti também conta como foi aceitar o convite para assumir a Seleção Brasileira na reta final das Eliminatórias e com a responsabilidade de buscar o título na Copa de 2026.
“Minha jornada na Champions League, daquele primeiro dia assistindo à Roma, em 1985, perder nos pênaltis até o jogo contra o Arsenal, em 2025, me proporcionou momentos maravilhosos. Mas toda fase da vida chega ao fim para que uma nova possa começar. Quão sortudo eu sou por saber que a minha próxima fase vai incluir o sonho de vencer a Copa do Mundo com a maior Seleção da história das Copas? Meu trabalho agora é fazer o Brasil campeão de novo; aceito essa missão, e estou convencido de que podemos alcançá-la. Para isso, preciso aproveitar ao máximo a imensa qualidade que o Brasil tem, reunindo harmonicamente esses talentos”, resume.