
Um instituto transforma vidas de pessoas em situação de vulnerabilidade e com deficiência através do esporte. Localizado em Serra Dourada II, na Serra, o Instituto PEB (Pessoas, Educação e Basquete) promove o desenvolvimento social para cerca de 150 crianças e adolescentes da região.
Criada em 2017, a iniciativa oferece aulas de basquete, principalmente, mas também jiu-jítsu, informática e atividades culturais, de desenvolvimento social e de cidadania para os menores de idade. Para os responsáveis, ainda são fornecidos cursos e oportunidades de desenvolvimento profissional em áreas diversas.
Como o próprio nome indica, o Instituto Pessoas, Educação e Basquete nasceu mesmo para incentivar a prática do basquete entre as crianças e adolescentes carentes. O objetivo principal é ensinar a modalidade durante o contraturno escolar e, através do esporte, promover a educação aos pequenos.

Atualmente, cerca de 150 crianças e adolescentes frequentam regularmente as atividades do projeto. Em todo o ano de 2025, foram aproximadamente 180 atendidos. Todo o projeto é mantido por 12 pessoas.
Instituto transforma vidas através do basquete
Mais do que o jogo, a iniciativa promove a atividade física e o desenvolvimento social e pessoal dos mais novos. É o caso do atendido Antônio Guilherme dos Santos, de 17 anos.
Antônio foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) aos 6 anos de idade. A família conta que ele teve problemas para desenvolver a coordenação motora, socializar e estava acima do peso. Ele iniciou as terapias de fonoaudiologia, psicopedagogia, psicologia e ocupacional aos 7 anos, além de equoterapia na Polícia Militar durante dois anos.
Foi então que o Instituto PEB surgiu por acaso na vida do menino, quando a família viu um outdoor na rua. O adolescente conta que, antes de entrar no projeto, era sedentário e não gostava de sair de casa, o que mudou radicalmente quando começou a ser atendido pela iniciativa.
O PEB me ajudou a gostar do esporte. Passei a gostar de sair de casa. O projeto me ajudou a socializar, me soltar e a conversar com as pessoas. Gosto muito do PEB, os treinos e os jogos são como um tempo livre para esquecer das responsabilidades”
Antônio Guilherme, atendido pelo Instituto PEB
A prática do basquete ainda fez a diferença no físico do menino, que desenvolveu muito mais a sua coordenação motora. O esporte ainda abriu caminho para o interesse em outras modalidades.

Segundo a mãe do menino, Natália, ele teve um grande desenvolvimento desde que entrou no projeto. “De cara, Antônio Guilherme gostou e foi se envolvendo. No início, iam ele e o irmão. O irmão parou de ir e ele continuou, treinando, jogou basquete 3×3. A equipe de professores é muito boa e o acolheram com muito respeito”, conta ela.
Desde que começou no instituto, o rapaz emagreceu, melhorou a coordenação motora e aprendeu a se socializar, conta a mãe, o que achava que seria muito difícil para ele sem o basquete no projeto.
O PEB foi e é muito importante em nossas vidas. Mudou muito o nosso filho. Só gratidão por fazer a diferença na vida dele.”
Natália, mãe do Antônio Guilherme
Instituto PEB foi criado por universitário
A iniciativa foi criada ainda em 2017 pelo então estudante de educação física Cláudio Monteiro, aos 41 anos. O ex-empresário teve a oportunidade de voltar a estudar aos 37 anos e decidiu cursar educação física. O PEB foi criado quando ele estava no quinto período da faculdade.
No início, o objetivo era apenas ensinar basquete para crianças no contraturno escolar, mas a necessidade de maior suporte para as vulnerabilidades dos atendidos fez o projeto crescer.
Cláudio conta que a demanda e as necessidades eram tantas que precisou transformar a iniciativa em Organização da Sociedade Civil (OSC). Aos poucos, o PEB também foi fornecendo outras atividades além do basquete para as crianças e os responsáveis e aumentou para cindo unidades na Serra.
Atualmente, são 35 projetos desenvolvidos e mais de 15 mil pessoas já foram atendidas, incluindo moradores de outros municípios da Grande Vitória. O criador do projeto destaca o potencial transformador da iniciativa na vida das pessoas.
É importante reforçar a transformação que o PEB gerou e gera na vida das pessoas, em sua maioria, empoderando-as para o enfrentamento das mazelas que rodeiam as comunidades vulneráveis.”
Cláudio Monteiro, criador do Instituto PEB
Infância em projeto social e superação das drogas
Não só criador, Cláudio já esteve do outro lado de um projeto social. Quando criança, ele era atendido por uma iniciativa que também ensinava basquete para crianças em situação de vulnerabilidade.
Ele conta que conheceu o basquete através do projeto à época. Porém, o assédio do tráfico de drogas na região onde morava era intenso, inclusive na quadra onde o projeto funcionava. Segundo ele, aos 24 anos conseguiu dar a volta por cima e construir uma nova jornada.
O Instituto PEB nasceu justamente por conta da vivência de Cláudio, para construir uma rede que proteja as crianças e adolescentes do assédio do crime e das drogas.
O projeto tem muito dessa história, porém, com o intuito de trazer futuros diferentes do que tive naquela época. Nos esforçamos para que esses espaços públicos sejam ocupados de forma organizada, com profissionais capacitados e um bom planejamento das ações. Ver crianças e adolescentes sendo protegidos do tráfico, da violência e das demais situações de risco e vulnerabilidade é sem dúvida um dos objetivos da instituição.”
Cláudio Monteiro, criador do Instituto PEB
Oportunidades para os responsáveis e adultos

Além de auxiliar as crianças e garantir um ambiente mais adequado para o desenvolvimento, os adultos e responsáveis também são atendidos pelo PEB. A iniciativa promove cursos e capacitações que permitem que os mais velhos tenham mais oportunidades no mercado de trabalho.
Juliana Maduro, por exemplo, se formou barbeira através dos cursos ofertados pelo projeto. Graças à capacitação fornecida pelo Instituto PEB, ela conseguiu empreender e abriu há dois anos o próprio espaço de beleza: Ju Beleza.
Ela reconhece a importância da iniciativa para a qualificação e evolução profissional. Juliana e as funcionárias ainda fizeram outros cursos para se aprofundar em atividades da área de beleza, como design de unhas e sobrancelhas, e outras áreas como cidadania e empreendedorismo.

O Instituto é um caminho para ajudar mulheres, donas de casa, que não têm condições de pagar um curso ou, quando tem, não dá para comprar o material. Então, de alguma forma, muitas mulheres já foram ajudadas pelo PEB, com curso gratuito e às vezes material doado.”
Juliana Maduro
Ela já trabalhava na área desde nova, mas percebeu o impacto das capacitações para o próprio crescimento na profissão, especialmente no empreendedorismo e na gestão financeira para abrir o próprio negócio.
Projeto conta com apoio do Instituto Americo Buaiz
A história de esporte que o Instituto PEB trilha conta com o importante apoio do Instituto Americo Buaiz (IAB) para fortalecer o projeto.
Neste mês, em que o eixo do IAB é esporte, a parceria entre as duas instituições reforça o compromisso mútuo com a inclusão e a promoção de iniciativas que garantam mais oportunidades para crianças e adolescentes em vulnerabilidade e com deficiência no Espírito Santo.





