Atleta amputado será o primeiro da América do Sul a subir até o acampamento base do EVEREST

João Carlos Rodovalho Costa, mais conhecido como João Saci, viu seu mundo mudar aos 17 anos, quando recebeu um diagnóstico de câncer no joelho que resultou na amputação de sua perna. De lá para cá, foram cinco diagnósticos diferentes e parte do pulmão retirado.

Mesmo sendo muito ativo, o esporte nunca foi levado a sério e visto como uma carreira, até que, no colégio militar onde estudava, optou por praticar natação, por conta das limitações, e foi aí que entendeu que poderia ir onde nunca imaginou. Passou a fazer parte da equipe a convite do seu treinador e tornou-se um dos principais competidores da turma.

Ainda se recuperando do primeiro câncer, recebeu o segundo diagnóstico, dessa vez mais agressivo. As dores tomaram conta da sua vida, fazendo Saci pensar em desistir de tudo. O esporte foi sua válvula de escape e o ajudava a enfrentar o câncer, inclusive, tornando-o mais forte fisicamente e mentalmente.

A natação, além de seu esporte preferido, também foi seu tratamento no quarto diagnóstico, quando teve que retirar parte do pulmão. As idas à piscina tornaram sua recuperação mais rápida do que o normal. “O esporte começou a ser o meu remédio, a me empoderar e me tornar mais forte. Foi ele que me mostrou que eu era capaz de fazer tudo que eu quisesse” – comenta o atleta.

Além da natação, que pratica há 14 anos, João é competidor de Cross Fit há sete anos e praticante de musculação, porém, todas essas atividades não estão sendo o suficiente para seu espírito competidor e, por conta disso, quer desafiar ainda mais seu corpo e mente e embarca para uma expedição ao Everest ainda este ano.

A expedição está prevista para 6 de abril e o retorno, em 24 do mesmo mês. O atleta está correndo contra o tempo. Sua rotina de preparação envolve treinos de cross fit e musculação para fortalecer o coto e os músculos do corpo, repadronização funcional com um fisioterapeuta e rotinas de trilha, caminhadas e até subidas de escadaria. “Não há descanso. Encaro tudo como um treino e uma preparação” – finaliza.

Conciliar a vida de atleta com as outras obrigações é complicado. No Brasil, ainda há pouco investimento no paratletismo, e isso faz com que João encare duas jornadas, a dos treinos e do trabalho. Além disso, comenta que uma das maiores dificuldades que enfrentou foi encontrar profissionais especializados para prepará-lo. “O amputado não encontra profissionais especializados para treiná-los e poucos estão dispostos aprender” – afirma Saci.

Alguns profissionais e empresas embarcaram na expedição e estão patrocinando a ida ao Everest do atleta. A Ossur, fabricante mundial de próteses, disponibilizou dois joelhos biônicos, que proporcionam o mais alto nível de controle e segurança durante as atividades que ele deve realizar na sua jornada. Dotados de sensores específicos, os joelhos biônicos são capazes de responder com mais rapidez que os componentes convencionais, proporcionando movimentos mais próximos aos de uma perna fisiológica.

Além das próteses, o atleta conta com o acompanhamento dos fisioterapeutas Juliana Alves, Stenio Sousa e Natália Queiroz, o médico do esporte Ronaldo Bufaiçal Filho, além do preparador físico Helton Cruz. Também faz parte da equipe o técnico de ortopedia Sammi Reis, além de nutrólogo, psicólogo e a Grade 6 Expedições Carlos Santalena,  agência de expedição que dará o suporte durante a subida.

“O feito e a façanha do João serão um marco para o montanhismo Sul americano. É que ele será o primeiro amputado da América do Sul a chegar até o acampamento base do Everest, que fica a 5.364 metros de altura” – comenta Carlos Santalena – Grade 6 Expedições.

Os treinos se intensificaram na mesma proporção em que agora, é preciso se resguardar e preparar a mente para os desafios diários que encontrará no caminho até o topo.

Sobre João Saci:

Primeiro lugar nos 100 metros costas Campeonato brasileiro de Natação paralímpico em 2002, índice para paralimpidas de Atenas em 2004 e primeiro lugar nos 100 metros costas no regional sul do circuito loterias caixa em 2012, após retirar parte do pulmão esquerdo. Rio Carioca Games Rio de Janeiro Novembro de 2019 – 3 Lugar, Monstar Games Rio de Janeiro Novembro de 2018 – 2 Lugar, Monstar Games Etapa Brasília Junho de 2017 – 3 Lugar. CORRIDA DE 9KM DE MULETAS, SÃO LEOPOLDO, AGOSTO DE 2015

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