Médica especialista em dor esclarece dúvidas para melhorar performance na corrida e evitar lesões

É sempre importante se atentar aos cuidados necessários na execução das atividades, a fim de evitar lesões. De forma a fazer com que os corredores pratiquem essa apaixonante modalidade de forma adequada, o Blog Corrida de Rua traz uma entrevista com a doutora Ana Paula Simões, médica especialista em dor e traumatologia no esporte.

1 – Qual a importância de preparar o corpo para a corrida e como deve ser essa preparação?  

Ana Paula: “Preparar o corpo para corrida é fundamental para prevenir lesões. Quando a gente fala de preparação, a gente fala de dar alicerce para conseguir aguentar a carga e o impacto da corrida. Quanto mais investirmos em preparação física, condicionamento, mobilidade, alongamento e força, além de cuidar da parte nutricional, mais vamos ajudar o nosso corpo a responder às atividades físicas e evitar lesões”.  

“A preparação deve ser guiada por um profissional de educação física, preferencialmente, especializado em corrida. Normalmente, essa preparação envolve ganho de força, mobilidade, exercícios funcionais próprios para corrida. Essas atividades vão ajudar a pessoa a se estabilizar, ganhar consciência corporal, conseguir fazer todos os movimentos de forma harmônica e com economia de energia”. 

 3 – Por que muitas vezes as pessoas que correm se contundem? 

“As lesões geralmente são multifatoriais, mas a principal é a sobrecarga. As pessoas acabam sobrecarregando o corpo com excessos, seja de volumes, seja de intensidade. O corpo é uma balança e, quando não dosamos a capacidade e a demanda, nos desequilibramos.  

Além da sobrecarga, existem também os fatores intrínsecos de cada indivíduo: como o sobrepeso, fraqueza muscular, alterações anatômicas, questões nutricionais, hormonais…”  

 4 – O que fazer para evitar lesões? 

“A prevenção das lesões envolve diversos fatores, como a manutenção do sono, uma boa nutrição, fortalecimento dos músculos, exercícios funcionais, entre outros. É fundamental que a gente siga o treinamento proposto pelo profissional que nos acompanha, sem fugir do planejamento.  O uso de anti-inflamatórios locais também é um hábito comum, que pode ser prescrito no início do processo, quando o atleta está com dificuldade ou limitação funcional para performar. A ideia é que a pessoa não se sinta desconfortável e com dor e evite ter erros mecânicos por conta disso.  

 5 – Dá para conciliar corrida com outra modalidade? 

“Com certeza. Nós chamamos isso de treinamento cruzado. É importante que, junto com uma atividade de impacto, façamos uma atividade para manter o sistema cardiorrespiratório ativo. Algumas práticas sugeridas são a bicicleta, o simulador de corrida, a natação, atividades que previnem o excesso de impacto que a corrida pode causar”. 

 6 – Quais são as consequências de correr com o corpo despreparado e com a musculatura enfraquecida? 

“Existe uma alta chance de lesão quando a pessoa está com o corpo despreparado e a musculatura enfraquecida, por isso, é recomendado que seja feito um treinamento progressivo, gradual, respeitando os limites do corpo e escutando quando surge algum desconforto ou dor. O ideia é que a pessoa perceba os sinais que o corpo dá antes de se lesionar, para não retroceder em sua evolução e ter que parar sua atividade por se lesionar”. 

7 – Quais exercícios ajudam a melhorar a corrida? 

“Os exercícios que ajudam são os que se assemelham ao gesto esportivo, ou seja, os exercícios funcionais, que usam os vetores da corrida. Quando a pessoa coloca resistência nesses movimentos, ela acaba ganhando mais força para quando for aplicá-los sem resistência, e, assim, tudo fica mais fácil. Exercícios de repetição, com uso de borracha, elástico, caneleira, pesos, sempre ajudam, pois, indo além, esticando um pouco mais o movimento, a pessoa vai ganhar elasticidade, força, prevenir lesões. É importante trabalhar os pés, tornozelos, pernas, joelhos, quadril, coluna e braços”.

Saiba mais

A médica é especialista em medicina esportiva, além de professora instrutora e mestre em ortopedia e traumatologia pela Santa Casa de São Paulo. 

A dra. Ana Paula é Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), assim como da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé), da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE) e também da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e Esporte (SBMEE).

Ademais, é membro internacional da Sociedade de Tornozelo e Pé (AOFAS), Membro Internacional da Federação Internacional de Medicina Esportiva (FIMS) e Presidente da Sociedade Paulista de Medicina do Esporte (SPAMDE). Ela também já participou das Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 como Médica Voluntária. O extenso currículo da dra. Ana também é composto pela revisão das revistas SBOT, ABTPé e American Journal of Sports Medicine. 

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