O sonho Olímpico de Natália Gaudio

Natália Gaudio (Foto: André Sobral)

O dia 10 de setembro de 2015 foi inesquecível para a ginasta Natália Gaudio: a capixaba conquistou a única vaga brasileira no individual geral da ginástica rítmica para as Olimpíadas, no Mundial de Stuttgart, Alemanha. E foi lá que ela carimbou o passaporte para um sonho que trilhava desde o início da carreira: representar o Brasil em uma Olimpíada.

Na ocasião, diretamente de Stuttgart, a técnica Mônika Queiroz falou da forte emoção.”Foi um luxo. Essa conquista da vaga foi a consolidação de um trabalho de anos. Tivemos momentos muito difíceis e hoje estamos felizes com tudo isso. “.

Somente duas vezes o Brasil participou de competições individuais de Jogos Olímpicos. Rosana Favila ficou em 19.º nos Jogos de Los Angeles 84, e Marta Cristina Schonhurst, foi a17.ª colocada em Barcelona 92. E agora, menos 85 dias antes do início dos Jogos, a atleta que já entrou para a história da GR brasileira, contou um pouco de como está a sua preparação para a competição da sua vida.

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Em 2016 Natália já competiu em Portugal, França, Itália, no Evento-Teste no Rio de Janeiro e em todas , ela brilhou, alcançando notas inéditas em sua carreira. Agora no mês de maio, Natália Gaudio está fazendo um período de treinamento em Sófia, Bulgária, país referência quando o assunto é ginástica rítmica. A atleta está por lá trabalhando a nova série da fita, com música gravada por Dudu Nobre, que vai homenagear o Rio de Janeiro. Nos dias 20 e 22,  Natália embarca para Minsk, na Bielorrúsia,  para uma etapa de Copa do Mundo, depois volta para Bulgária no fim de maio, para mais uma etapa de Copa do Mundo.

Técnica e ginasta: sintonia, cumplicidade e amizade. (Foto: Ricardo Bufolin)
Técnica e ginasta: sintonia, cumplicidade e amizade. (Foto: Ricardo Bufolin)

Quando perguntada sobre a segurança e evolução da sua ginasta, Mônika Queiroz diz: “O segredo é a otimização. É a forma do treino. Não repetir muito e cada vez que passar, nunca errar. Quando vamos treinar, pensamos nisso: sem ter aquele espírito do erro. Como você faz muitas repetições, você às vezes se condiciona a só repetir. E na hora é uma vez só. A repetição é bom para memorizar. Mas não errar no treino é fundamental. Colocamos elementos novos em cada série. Nossa expectativa é ver a nota dela subir. E nota subindo, para nós, é um grande evolução.”

(Foto: Ricardo Bufolin)
(Foto: Ricardo Bufolin)

Confira o bate-papo com a ginasta:

Você está cada vez melhor. Vejo você tão segura em suas séries. Qual o segredo para controlar o nervosismo antes e durante as apresentações?
“Eu acho que é difícil explicar o que sinto ao entrar na quadra. Mas quando entro, procuro me desligar do mundo. Penso na minha coreografia, naquele 13 por 13 do tablado, esqueço que existe arbitragem etc. Me concentro 100% na coreografia e deixo os problemas alheios à competição. Naquele momento só existe eu, meu aparelho e a série. Confesso que sempre tem nervosismo, mas procuro não demonstrar. Se ninguém está percebendo é sinal que está dando certo. As pessoas dizem muito que eu faço parecer fácil. Mas quem ama o que faz, faz com facilidade. É também concentração e experiência. São tantos anos competindo que acabo controlando o nervosismo e transformando para ser uma coisa boa na hora de entrar na quadra.”

Evolução das séries 
“Estamos em constante adaptação , sempre mudamos uma coisa ou outra. Em Portugal competi com uma série diferente, vimos que alguma coisa não deu certo e modificamos os detalhes para a segunda competição na França e as coisinhas que foram alteradas, ajudaram muito. A série fluiu melhor – e na Itália, modificamos mais. Estamos sempre utilizando a competição como forma de avaliação.” 

Notas mais altas em 2016:
“Estou muito feliz. Eu não esperava começar o ano tão bem. Na primeira passagem pela Europa, logo na minha nova série de arco, tirei a maior nota e isso me deu um incentivo para continuar trabalhando. Eu acho que posso chegar até aos 17. E se eu chegar aos 17, até as Olimpíadas, será uma conquista incrível, pois não vemos uma atleta brasileira chegar a esse nível há muito tempo. Então, começar o ano tirando tantas notas acima de 16, para mim,  foi uma medalha. Estou feliz com meus resultados. Aqui no Brasil não estamos acostumadas a competições seguidas. As meninas na Europa competem todo final de semana.”

Surpresas guardadas para os Jogos
“Vai ter collants maravilhosos que estão sendo feitos na Europa. E eles vão ter detalhes diferentes. O collant sem manga, que eu nunca usei, será uma novidade. É uma surpresa e algum deles terão detalhes em alto relevo.”

Apostas  para as Olimpíadas
“As russas estão no topo (Yana Kudryavtseva, Margarita Mamun e Aleksandra Soldatova) mas a minha torcida vai para a ucraniana Ganna Rizatdinova. Sempre fui fã dela. No Mundial de Kiev em 2013, ela deu um show. Ela é uma ginasta que te arrepia, super expressiva, que envolve. Para mim é a melhor e aposto em uma medalha para ela.

(Foto: Reprodução Instagram)
Natália e Ganna ficaram mais próximas durante o Meeting Internacional de Ginástica realizado em Vitória no ano passado. (Foto: Reprodução Instagram)

 

Nova série no arco, montada pela ex-ginasta ucraniana (bronze no individual geral em Atenas 2004 e Pequim 2008), Anna Bessonova.

Natália e Bessonova. (Foto: Reprodução Instagram)
Natália acertou em cheio ao escolher o rock do Nirvana com Smells Like Teen Spirit. (Foto: Reprodução Instagram)

“Ela montou minha série do arco e apresentei pela primeira vez em Portugal, quando tive um erro no final da apresentação. Quando eu competi na França, ela era uma das convidadas da e veio conversar comigo. Bessonova soube que eu tinha errado em Portugal e me disse que daquela vez eu iria acertar. Depois, quando me apresentei e tive a melhor série, ela veio me dar os parabéns. Fiquei muito feliz e sem palavras ao lado dela.”

Natália e Bessonova. (Foto: Reprodução Instagram)
Natália e Bessonova. (Foto: Reprodução Instagram)

O calor da torcida brasileira
“Com a torcida brasileira é muito mais fácil. Eu assisti o Pan no Rio 2007 e foi uma loucura, era ginásio abaixo quando o Brasil entrava. Acho que nas Olimpíadas será ainda melhor”.

E uma final olímpica?
“Quem sabe? Ficamos sonhando. Não custa nada sonhar. Mas a torcida vai ajudar muito. Fazendo a nossa parte, claro, acho que não só eu , mas o conjunto, podemos tirar notas altas. Mais do que podemos imaginar.”

Revezamento da Tocha Olímpica no Espírito Santo e apoio dos capixabas para os Jogos: Natália está fora do país, mas deixa seu recado para os capixabas.
“Conto com o capixaba  para torcer, gritar e fazer a diferença. Mesmo quem não estiver no ginásio, pode mandar energia positiva, mensagens de carinho. Venham prestigiar também o revezamento da tocha. Vamos sentir o clima das Olimpíadas e o calor da chama olímpica passando pelo Estado. Todo mundo estará se conectando com o espírito olímpico.”

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(Foto: André Sobral)

 

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