Medalhista olímpico faz sucesso entregando pizza na pandemia Medalhista olímpico faz sucesso entregando pizza na pandemia Medalhista olímpico faz sucesso entregando pizza na pandemia Medalhista olímpico faz sucesso entregando pizza na pandemia
Divulgação

Durante a pandemia e com os restaurantes fechados, o delivery virou a principal forma de pedido de alimentos e outros itens. A pizza é uma das maiores pedidas. E, na cidade da Serra, um cara para lá de especial tem entregado minipizzas nas casas de clientes: é o medalhista de prata de boxe em Londres 2012, Esquiva Falcão, que passou a ajudar a esposa com as entregas para contornar a falta de lutas e, consequentemente, a falta de remuneração, causada pela pandemia da Covid-19.

Apesar dos grandes feitos no esporte e ter a carreira invicta no boxe profissional, com 28 vitórias consecutivas e, 20 delas, por nocaute e estar ranqueado nas quatro principais organizações mundiais da modalidade, o filho do lendário Touro Moreno se viu na mesma situação que muitos atletas brasileiros. Sem a rotina pesada de treinos e sem as competições, era preciso buscar alternativas.

“Passar essa pandemia sem lutas está difícil, pois o dinheiro que ganho é do evento. Estou com poucas lutas e lutas sem público, oponentes sem ser ranqueados. Mas, vamos levando… Criamos agora a minipizza e é uma grana extra que está entrando”, contou.

Apesar da saudade da rotina, viagens, lutas e torcida, o boxeador revela algo positivo dessa fase. “Minha vida está feliz. Estou com minha família. Esse momento de pandemia está difícil, mas estou aproveitando o tempo para passar com minha esposa e filhos. Quando tenho luta marcada, passo muito tempo longe deles.”

Entregador especial

Pessoas reconhecem Esquiva Falcão e tiram fotos com o entregador especial de pizzas / Foto: Reprodução Instagram

 

 

 

A criação das pizzas foi uma obra da esposa de Esquiva, Suelen Falcão. Especialista em cozinha, ela comprou ingredientes, criou a massa, fez um tempero especial em um lanche de família, onde todo mundo aprovou o resultado. E foi assim que nasceu a ideia de vendê-las.

“Dei a sugestão de vender aqui no meu bairro. Ela anunciou no grupo do bairro e apareceram os pedidos. Anunciei em minhas redes sociais e eu não tinha ideia que ia dar tanta repercussão. Graças a Deus, está dando certo”, contou ele, ao anunciar como nasceu o SuhDelicias.

Esquiva conta como é a reação dos clientes que o reconhecem. “Quando faço as minhas entregas, a galera me reconhece, pede para tirar uma foto, me pergunta das olimpíadas, das lutas. Agora também sou reconhecido por causa da minipizza (risos). Isso é legal, pois recebo carinho de quem torce por mim. Isso ajuda na minha autoestima e na minha luta, pois sei que tem gente me apoiando”, diz o boxeador, que é o único motoboy da empresa.

Treinos na pandemia

A rotina de treinos do medalhista olímpico está complicada. Por conta das academias fechadas e por ter a esposa do grupo de risco, ele adaptou-se em casa mesmo, com treinos diários no saco de pancadas, corda e outros.

Esquiva tem uma luta prevista para julho e o plano é lutar pelo Cinturão do Mundo neste ano ou no ano que vem. “Quero ser campeão do mundo. Estou bem ranqueado e os atletas que estão em minha frente estão perdendo e, eu, ganhando. Quero realizar meu sonho que é trazer o Cinturão. É só voltar a treinar, ir para os Estados Unidos e trazer esse cinturão para o Brasil”, disse.

Medalha

Esquiva e a esposa, idealizadora do negócio que está dando certo / Foto: Reprodução Instagram

Esquiva, sem as lutas, decidiu vender o objeto de um dos seus maiores momentos na carreira. “Sim, coloquei a medalha olímpica à venda no ano passado. Logo depois que começou a pandemia. Foi um momento difícil na carreira, onde fiquei preocupado com a situação. Então pensei: tenho a medalha olímpica e vou encontrar alguém que queira comprar ela. Prefiro ver um sorriso no rosto dos meus filhos do que ter uma medalha olímpica em casa e ver meus filhos tristes. Muitas pessoas deram valores, mas não chegou o valor que pedi. Graças a Deus que não vendi a medalha. Hoje, ela é uma promoção para a minipizza: quem pede um pedido especial, eu levo a medalha olímpica para a pessoa ver.”

Força de vontade

Mesmo com as dificuldades, o atleta é um sonhador e realizador. Apesar da falta de estrutura que o País tem para os promissores atletas, o boxeador estimula os mais jovens a jamais desistirem. “O Brasil é muito difícil. Falta estrutura, apoio para o boxeador. O Brasil é o País de futebol, sempre falo isso. As empresas querem patrocinar os atletas de futebol. Não sabendo eles que o boxe no Brasil já foi uma das maiores audiências na época do Maguila, Popó… Então, a garotada jovem que quer praticar o esporte, digo que é não ter medo e nunca desistir. Se você possui o sonho em ser campeão olímpico e do mundo, não pode desistir. Não vai ser fácil. Nunca foi fácil pra ninguém. Não pode desistir, repito. Você cava, põe a semente e espera. Ela vai crescer para depois dar o fruto. Me dou como exemplo. Lutei anos por patrocínio e consegui. Agora é hora da colheita. Hora de ir para cima e ser campeão do mundo.”

Para a olimpíada de Tóquio, ele faz suas previsões: “a pandemia atrasou muito a vida dos atletas. Bloqueou viagens para ganhar experiência e conhecer os adversários. O Brasil não é uma potência para fazer campeonatos de alto nível. Para participar de campeonato de alto nível, o boxeador precisa viajar pra fora. Apesar das adversidades, a equipe olímpica brasileira está com um bom time, com uns meninos novos treinando, se dedicando e trazendo resultados. Estou confiante para que tragam medalhas e manter a sequência. Conseguimos medalhas em 2012, 2016… Agora é a vez dos jovens atletas”, finalizou.

Lívia Albernaz

Jornalista esportiva, 'Louca por Esportes', atualmente trabalha em assessoria de comunicação na área esportiva e colabora em outros veículos e meios esportivos.

Jornalista esportiva, 'Louca por Esportes', atualmente trabalha em assessoria de comunicação na área esportiva e colabora em outros veículos e meios esportivos.