Paratriathlon: Marquinhos vence limites e garante títulos

Aos 17 anos, Marcos Vinícius Barcellos sofreu um traumatismo medular após levar um tiro e perdeu o movimento das pernas. Nunca se afundou na tristeza e nem em lamentações. Hoje, aos 45, ele faz do esporte a razão de sua vida. Dividido nas modalidades natação, corrida e ciclismo, o paratleta, mesmo enfrentando a pandemia, treina todos os dias buscando um sonho: aumentar suas conquistas, ganhar mais medalhas e superar todos os limites.

“A minha lesão foi irreversível, mas, graças a Deus, tenho uma vida boa e sou feliz. Antes do acidente, eu praticava esporte somente como hobby e jamais imaginaria que, um dia, seria atleta de alto rendimento. Hoje, o esporte é minha vida. Por meio do esporte conheci diversas partes do Brasil e fiz várias amizades. O esporte me fez ter perspectivas para o futuro”, disse Marquinhos, como carinhosamente é chamado.

Trajetória

Marquinhos começou a sua carreira no paradesporto um ano depois de ficar paraplégico com o professor Martoni, no basquete sobre cadeira de rodas, mas, foi na natação que descobriu sua maior paixão.

“O esporte me salvou, me resgatou, me deu outra oportunidade de vida, me mostrou o lado bom da vida. Conheci o professor Fairo Brasil e fui para a água. Fui campeão brasileiro de revezamento em 2013, entre outras conquistas. Eu achei que minha vida tinha acabado após o acidente, mas conheci pessoas boas, me aproximei pelo esporte e dei a volta por cima.”

Foto: Rodolfo Santos

E ele não para por aí. Sonhando ser triatleta paralímpico, ele começou, em 2014, no ciclismo. O início foi pedalando a handbike, que é uma bicicleta pedalada com as mãos. E ele foi longe: mesmo com uma bike mais pesada, distante de ser a ideal para a disputa de competições, ele ficou em 5º lugar na primeira etapa do Brasileiro, na ocasião.

Treinos

Foto: Rodolfo Santos

Em meio à pandemia, ele precisou se reinventar, ainda mais, para continuar firme nos treinamentos. “A maioria dos campeonatos estão cancelados até o momento. Mas não posso e não vou parar. Estou treinando em casa, pedalando, correndo no rolo de treino, fazendo musculação e nadando quando posso. Segunda, quarta e sexta eu pedalo; terça e quinta eu corro. Isso tudo afetou meu condicionamento físico, sim. Mas eu fiquei mais unido com a minha família”, contou ele, que aguarda ansioso o anúncio do calendário de competições.

Capixaba de Ferro

O próximo desafio já tem data marcada: dia 24 de outubro. Ele participa pela terceira vez do Capixaba de Ferro. Marquinhos é tricampeão da categoria Pessoas com Deficiência (PCD) e vai buscar o tetracampeonato na competição. Ele vai percorrer 90 km de bike,1.900 metros de natação e 21 km de corrida.

SAIBA MAIS

O Paratriathlon é uma variante do triatlo para atletas com deficiência física. A modalidade é gerida pela União Internacional de Triatlo e fez a estreia nos Jogos Paralímpicos de Verão de 2016, no Rio de Janeiro.

Assim como o Triathlon, o Paratriathlon também é formado pelas disciplinas natação, ciclismo (handcycle/tandem/triciclo) e corrida, com duas transições. O tempo é computado da mesma forma, contando desde a largada da natação até o atleta cruzar a linha de chegada após a corrida.

As diferenças se dão na forma como as provas são conduzidas e na classificação dos paratriatletas, que se dá de acordo com as suas potencialidades e define o uso de equipamentos especiais, próteses e até atletas que os guiam durante o percurso.

CONQUISTAS

– Campeão brasileiro de natação no revezamento 4×50 medley misto

– Campeão do Capixaba de Ferro Triathlon de longa distância – 1.900 metros de natação, 90 km bike e 21 km de corrida

– Vice-campeão brasileiro de Paratriathlon Sprint

Foto: Rodolfo Santos

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