Dia dos Pais

Bola de vôlei fortalece laços e cria oportunidades para pais e filhos

Allan Novais se tornou fotógrafo por conta da filha, Rafaella, jogadora de vôlei; Já Fábio Luiz é treinador de vôlei dos filhos, João e Lara

Fábio Luiz e os filhos, João Vitor e Lara, e Allan Novais e a filha, Rafaella. Fotos: Acervo pessoal e Bruno Salvador
Fábio Luiz e os filhos, João Vitor e Lara, e Allan Novais e a filha, Rafaella. Fotos: Acervo pessoal e Bruno Salvador

Allan Novais e a filha, Rafaella, e Fábio Luiz Magalhães e os filhos, João Vitor e Lara, têm uma paixão em comum que aproxima ainda mais a família: o vôlei.

Enquanto os filhos jogam, os pais fazem de tudo para estarem o mais próximo possível. Allan Novais se tornou fotógrafo por conta das filhas e se aprofundou na fotografia esportiva quando passou a acompanhar Rafaella nos torneios, como um “pai coruja”. Atualmente com 14 anos, Rafaella Novais é ponteira do Clube Aest.

Fábio Luiz tem uma relação direta com o esporte. Ele foi medalhista olímpico no vôlei de praia, conquistando a prata em Pequim-2008. Agora, é técnico de vôlei e já teve a oportunidade de treinar os filhos: João Vitor, levantador de 16 anos, e Lara, ponteira de 13, jogam no Instituto Capixaba Voleibol Clube.

Privilégio com a lente nas mãos

Para Allan, a fotografia lhe proporciona um privilégio: estar presente e acompanhar de perto a trajetória da filha no esporte. Ele conta que a proximidade através do vôlei fortaleceu a relação entre pai e filha.

Allan Novais e Rafaella criaram uma relação especial através do vôlei. Foto: Bruno Salvador

Já Rafaella revela que ter o pai sempre por perto a motiva nos jogos. A presença dele como fotógrafo ajuda até na avaliação do desempenho dela em quadra, pois ele consegue observar o jogo mais de perto e dar dicas após os jogos.

“Desde pequena, ter a sua presença torcendo e vibrando a cada ponto me fez querer estar na quadra fazendo o meu melhor cada vez mais”, avalia a ponteira.

A relação de Allan com a fotografia começou justamente por conta da filha. Quando Rafaella nasceu, ele começou a se aventurar com a câmera e foi criando gosto pela atividade.

“No começo eram apenas fotos delas e das amiguinhas em aniversários. Aos poucos, vieram os primeiros cursos. E dentro da empresa em que eu trabalhava surgiu a oportunidade de fotografar eventos internos. Isso me abriu portas para outras áreas”, conta Allan

Já a proximidade com o esporte veio alguns anos depois, quando Rafaella entrou para o vôlei aos 6 anos. Desde sempre, ele acompanhou a filha, mas a ideia de juntar a fotografia, o vôlei e a paternidade surgiu apenas após a pandemia. Allan ia às quadras registrá-la apenas como “pai coruja”, mas um amigo sugeriu profissionalizar aquela atividade e foi o que ele fez.

“Logo percebi que não era só paixão de pai: havia também um mercado e uma missão ali. Com a criação da minha empresa, passei a oferecer uma cobertura fotográfica que não é só sobre cliques, mas sobre contar histórias, registrar superações e eternizar conquistas”, destacou o fotógrafo.

Allan ainda reconhece que a vivência como pai de jogadora o fez entender a rotina e a importância de cada momento para os atletas e suas famílias e o qualificou no trabalho.

Do pódio olímpico à prancheta de treinador

Já para Fábio Luiz, a relação é antiga com o vôlei e se fortaleceu graças aos filhos. O ex-jogador de vôlei de praia conta que, após as Olimpíadas, se afastou um pouco do esporte por conta das lesões, mas o amor dos filhos o reaproximou do vôlei.

Fábio Luiz já teve a oportunidade de ser treinador de vôlei do João Vitor e da Lara. Foto: Acervo pessoal

No começo, João Vitor e Lara faziam aulas de natação com a mãe, que é professora de Educação Física.

Fábio brinca que nunca forçou a barra para trazê-los ao vôlei, mas o interesse deles surgiu quando o pai virou treinador das seleções de base capixabas. “Eles começaram a querer treinar também e aí se apaixonaram, graças a Deus”, brinca.

A partir de então, Fábio começou a acompanhá-los no esporte, tendo inclusive a oportunidade de treiná-los. Ele reconhece que passar experiência para eles é a “melhor coisa do mundo”.

Sempre acompanho, de perto e de longe. Quando estou ali passando um pouco da minha experiência para eles, é a melhor coisa do mundo, uma sensação maravilhosa. Isso me obrigou a ser um profissional melhor.

Incentivado pelos filhos, ele voltou a se sentir motivado com o vôlei e passou a estudar e se aprimorar mais. Depois disso, ele concluiu os quatro níveis de formação de treinadores da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV).

O reconhecimento veio de quem ele mais queria: os filhos rasgam elogios ao treinador e pai.

“Meu pai é um grande técnico, me ensinou muitas coisas e melhorou minhas habilidades. Ele me faz dar o meu máximo a todo instante, porque sabe que eu posso fazer mais e muito melhor”, destaca João Vitor.

“É muito bom para a minha evolução e ele me ajuda muito em tudo que eu preciso sempre”, afirma Lara.

Paternidade dentro e fora do esporte

Pai e téncico

“Conciliar a relação de técnico e pai é a parte mais difícil”, avalia Fábio.

Ele conta que ainda está aprendendo a lidar com isso, mas que está melhorando. Para ele, é uma mistura uma hora ser pai e outra, técnico.

Mas o que eu realmente quero é a felicidade deles, só de ter eles no esporte eles já são campeões.

Fábio Luiz, medalhista olímpico

Se depender dos filhos, ele está se saindo muito bem. João Vitor garante que separa os momentos em que Fábio está como pai dos que está como treinador. “No tempo livre, ele é meu pai e isso nunca vai mudar”.

Já Lara diz que ama a relação com o pai das duas maneiras, tanto como técnico quanto como pai. “São duas coisas diferentes e eu amo as duas”.

Fábio Luiz e Lara foram campeões da Copa ES sub-13. Foto: Acervo pessoal

Pai e fotógrafo

Para Allan, conciliar essa relação dentro e fora do esporte também é o maior desafio. Ele admite que é difícil ficar próximo da filha nos jogos, mas não poder orientá-la ou comemorar os pontos.

Além disso, ele ainda precisa fotografar todas as atletas, inclusive as adversárias, de forma imparcial. Mesmo assim, ele destaca que o vôlei é especial para unir seus dois lados.

No vôlei, em especial, sinto que consigo unir minha essência de pai com a de fotógrafo, transformando cada jogo em um capítulo da história que estamos construindo juntos,

Allan Novais, fotógrafo
Allan Novais se equilibra entre a fotografia e a paternidade. Foto: André Novais

Rafaella concorda e diz que ama a qualidade das fotos do pai. Segundo ela, o pai sempre brinca sobre ela ter um fotógrafo particular à disposição. A jogadora ainda agradece os conselhos do pai após os jogos, mas lembra que ele também é um ótimo pai fora do esporte.

“Ele sempre dá orientações importantes sobre meu desempenho. Fora de quadra, nos assuntos pessoais, também sempre recebo os seus conselhos durante as nossas conversas. Conciliamos muito bem a relação de pai e filha e de fotógrafo e atleta”, afirma Rafaella.

Momentos marcantes

Com a proximidade através do vôlei, os pais já puderam viver momentos marcantes com os filhos.

Allan Novais guarda com carinho a lembrança de quando fotografou a filha representando o Espírito Santo no Campeonato Brasileiro de Seleções.

Era a primeira vez que ela viajava pelo Estado e eu pude acompanhar cada lance com o orgulho de pai e o olhar atento de fotógrafo!

Rafaella Novais sonha em ser jogadora profissional. Foto: Allan Novais

Rafaella, que tem o sonho de se tornar jogadora profissional, também recorda das viagens que o pai fez para acompanhá-la e destaca: “Sempre ao final dos meus jogos, ele é o primeiro a vir me abraçar e falar comigo”.

Para mim, como pai, é inspirador ver como ela mantém o equilíbrio e a dedicação, mesmo em jogos decisivos. Essas são qualidades que refletem não só a atleta, mas a pessoa que ela está se tornando.

Allan Novais, fotógrafo

Fábio Luiz destaca um momento especial com cada filho. Em 2024, pai e filho foram campeões dos Jogos da Juventude, principal competição escolar do País.

Foi algo incrível, foi como se tivesse ganhado mais uma medalha olímpica!

Fábio Luiz, medalhista olímpico

João Vitor diz que era um sonho dos dois e ficou feliz quando o pai conseguiu o que mais queria. O levantador afirma que seu sonho atualmente é “ser um atleta melhor do que sou hoje” e tem o desejo de defender um clube de fora do Estado.

Fábio Luiz e João Vitor foram campeões juntos nos Jogos da Juventude 2024. Foto: Grazie Batista/COB

Com a filha, Fábio foi campeão da Copa ES na categoria sub-13. Para o treinador, ela foi incrível e demonstrou muita superação e dedicação. Assim como o pai, Lara tem o sonho de representar o Brasil nas Olimpíadas.

Tenho muito orgulho deles, a única coisa que cobro muito é a mesma dedicação nos estudos, disso não abro mão. Os meus filhos treinam muito, uma dedicação fora do normal. São meu orgulho.

*Texto sob supervisão do editor Flávio Dias.

Enzo Bicalho, estagiário do Folha Vitória
Enzo Bicalho Assis*

Estagiário

Cursando Jornalismo na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Cursando Jornalismo na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).