Rio –
A crise de doping no esporte russo obrigou um jornalista a pedir reforço policial durante sua cobertura dos Jogos Olímpicos no Rio. Hajo Seppelt, repórter da TV ARD da Alemanha, está sendo acompanhado por seis membros do Bope, o Batalhão de Operações Policiais Especiais, que irão se alternar no acompanhamento do jornalista durante sua estadia no Brasil, depois que passou a ser alvo de assédios da imprensa russa e de ameaças.
Seppelt foi quem, em 2014, revelou em uma reportagem o esquema de doping com participação do Estado russo, levado a Agência Mundial Antidoping a abrir investigações. Hoje, o resultado é que mais de cem atletas russos não poderão competir no Rio.
Mas Seppelt contou ao Estadão.com que desde que iniciou a difusão do material, passou a ser alvo de assédios. Em um dos casos, uma equipe da televisão estatal russa entrou em sua cada para uma entrevista e, no meio dela, passou a acusá-lo de ser um espião de serviços secretos ocidentais, filmando seu apartamento. O repórter foi obrigado a chamar a polícia.
Desde a eclosão da crise, dois ex-dirigentes dos laboratórios russos morreram, de forma misteriosa. Para a cobertura no Rio, a ARD solicitou às autoridades nacionais proteção ao repórter.
Nesta terça-feira, em pleno Congresso do COI, dois incidentes já foram registrados pelo repórter e presenciados pela imprensa internacional. Ao chegar ao local da reunião, Seppelt foi abordado de maneira agressiva por uma das redes oficias do governo russo, obrigado o segurança a colocar a mão na câmara e retirar o jornalista do local.
Perto do meio-dia, em uma entrevista dada pelo novo chefe do programa antidoping da Rússia, Vitaly Smirnov, o representante de Moscou se recusou a responder perguntas da ARD, levado a TV russa a interromper a entrevista e passar a assediar uma vez mais o repórter. A tensão, portanto, está elevada, enquanto o COI tenta lidar com uma de suas maiores crises.