Esportes

Campeã, seleção feminina de handebol corre risco de não participar de Mundial

Campeã, seleção feminina de handebol corre risco de não participar de Mundial Campeã, seleção feminina de handebol corre risco de não participar de Mundial Campeã, seleção feminina de handebol corre risco de não participar de Mundial Campeã, seleção feminina de handebol corre risco de não participar de Mundial

São Paulo – A seleção brasileira feminina de handebol corre o risco de ficar fora do Mundial da Dinamarca, em dezembro, e não poder brigar pelo bicampeonato, caso o Brasil não consiga realizar o Mundial Masculino Júnior, entre julho e agosto. Para garantir o torneio e não correr o risco de sofrer sanções financeiras e esportivas da Federação Internacional de Handebol (IHF, na sigla em inglês), a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) precisa levantar R$ 8 milhões junto ao poder público. A entidade nacional ainda tem débitos com a IHF pelo empréstimo de 3 milhões de francos suíços, tomado em 2011, para organizar o Mundial Feminino em São Paulo.

Inicialmente previsto para acontecer no Rio Grande do Sul, o Mundial Masculino Júnior foi transferido para o Triângulo Mineiro, após o governo gaúcho não reconhecer uma destinação de R$ 2 milhões que teria sido prometida pela administração anterior – outros R$ 4,5 milhões seriam captados pela lei gaúcha de incentivo ao esporte, o PróEsporte.

“O governo não tem esses R$ 2 milhões. Não tem documentos que provassem esses R$ 2 milhões a mais. A gente disponibilizou R$ 4,5 milhões e eles queriam um extra ainda. Eles (a CBHb) dizem que foi feito um acerto no ano passado, mas nunca mostraram nenhum papel dizendo para que seriam os R$ 2 milhões”, argumenta o diretor da Secretaria de Esporte do Rio Grande do Sul, o campeão olímpico de vôlei Paulão.

De acordo com Manoel Luiz de Oliveira, presidente da CBHb, além dos R$ 2 milhões do governo estadual, a CBHb contava com recursos das prefeituras de Caxias do Sul, Campo Bom, Farroupilha e Santa Maria, as quatro cidades onde aconteceria o Mundial. Paulão argumenta que os municípios só se comprometeram em disponibilizar ginásios.

Diante da negativa do governo gaúcho, a entidade buscou outra sede para o torneio e se acertou com as cidades mineiras de Uberaba e Uberlândia, que concordaram em ceder ginásios, mas negam que destinarão recursos. Segundo o prefeito de Uberlândia, Gilmar Machado, seu governo não fará nenhum investimento financeiro.

A CBHb conta que o governo de Minas Gerais destine R$ 3 milhões para o Mundial, ainda que o secretário de Esportes de Minas Gerais, Carlos Henrique (RPB), tenha afirmado à reportagem que “ainda não existe um estudo total definitivo” sobre os valores. O valor é inferior aos R$ 6,5 milhões exigidos do Rio Grande do Sul, em razão de custos menores nestas cidades, segundo a confederação.

O restante do valor seria pago pelo Ministério do Esporte, contrariando uma diretriz que vigorou nos últimos anos. A pasta vinha defendendo, e cobrando das confederações, que não se propusessem para organizar eventos internacionais no País até a Olimpíada, para que os recursos – e os esforços – da pasta fossem destinados à preparação dos atletas para os Jogos.

Questionado, o Ministério do Esporte alega que foi procurado pela CBHb e “está estudando a melhor forma de apoiar a realização do evento, tendo em vista a impossibilidade manifestada pelo governo do Rio Grande do Sul”. Paulão, porém, é taxativo: “Em nenhum momento abriria mão de um Mundial aqui. A gente sabe que R$ 4,5 milhões era o suficiente, mas queriam esse ‘up’ financeiro que nós não temos”.

ANTECEDENTES – Em 2013, a seleção brasileira masculina júnior chegou a ser excluída temporariamente do Mundial da categoria porque a CBHb não havia cumprido o cronograma proposto para quitar o empréstimo de 3 milhões de francos suíços (cerca de R$ 7 milhões à época), feito junto à IHF para conseguir organizar o Mundial de 2011. Na ocasião, a competição estava prevista para acontecer em Santa Catarina, que não conseguiu se preparar. São Paulo se dispôs a ceder seus ginásios – a fase final foi no Ibirapuera -, mas coube à CBHb arcar com os demais gastos.

“Temos até 2020, 2030 para pagar (o Mundial de 2011)”, garante Oliveira, que diz não saber ao certo qual o valor que sua confederação deve para a IHF. Na época, além dos R$ 7 milhões em empréstimo, a CBHb conseguiu um convênio com o Ministério do Esporte, de R$ 6 milhões, para realizar o Mundial.