Capixaba quer ser o técnico de futebol mais novo do Brasil

Aos 18 anos, a maioria dos jovens brasileiros envolvidos com o futebol ainda sonha com uma chance de virar jogador profissional. Para o capixaba Raul Victor Pinheiro Junker, esse sonho é um pouco diferente.

O maior desejo dele é ser treinador de futebol profissional. Um desejo que já consegue realizar em partes, como técnico do time sub-13 do Arena FC, em Linhares.

Raul Victor, que completou 18 anos em março deste ano, já tem a licença C da CBF, tirada em julho, com foco na introdução e iniciação da prática esportiva para crianças e adolescentes. E espera tornar-se o treinador de futebol profissional mais novo do Brasil, “título” que pertence hoje a Vitor Bill, 24 anos, que treinou o Patrocinense-MG este ano.

Ex-jogador, mas já com cabeça de treinador

Antes de assumir a prancheta, Raul Victor seguia a cartilha tradicional de grande parte dos adolescentes brasileiros e tentou ser jogador de futebol.

“Comecei no futebol aos 7 anos, passei por projeto e escolas de futebol até os 13 anos. Logo após a pandemia, fui morar na casa dos meus tios em Vitória para que eu pudesse jogar no clube da região e fiquei por lá por alguns anos. Retornei para a casa dos meus pais para jogar no clube da cidade e, quando completei 16 anos, subi para jogar junto com o grupo profissional”, lembra.

Porém, mesmo com as chuteiras, o jovem jogador já sentia que seu futuro no esporte poderia estar do lado de fora das quatro linhas.

“Meus pais sempre me incentivavam nos estudos e me falavam para ter um plano B, sendo jogador de futebol ou não. Eu sempre respondia que queria ser treinador. Quando fiz 16 anos, treinava à tarde e trabalha em uma escola de futebol à noite. E sempre perguntava ‘por que eu treino isso?’, ‘por que eu vou passar esse treino para aquele atleta?’… Foi quando eu comecei a fazer cursos para me desenvolver”, conta.

Influência sobre o jogador motiva o jovem capixaba

Estudante de Educação Física, Raul Victor bancou com recursos próprios o curso para tirar a Licença C da CBF, que custa cerca de R$ 6 mil. E já se planeja para, no início do ano que vem, fazer o mesmo para conseguir a Licença B, que prepara os treinadores para as categorias de base até o sub-17. A CBF ainda oferece as Licenças A e Pro, ambas para futebol profissional.

O principal motivo que faz com que Raul Victor optar pela carreira de treinador é poder influenciar positivamente na formação dos jogadores.

“O que mais me impressiona é a influência que temos sobre o atleta, de perceber que somos responsáveis por grande parte de seu desenvolvimento, como pessoa e como jogador. É algo que motiva a melhorarmos para ter mais resultados positivos com os atletas”, explica.

Entre suas referências está também um jovem treinador, Filipe Luís, 40 anos, que em menos de dois anos de carreira já acumula conquistas e um trabalho expressivo com o Flamengo.

“Tenho muitas referências, mas a principal para mim, por ser jovem como treinador, é o Filipe Luís. Tenho como um ídolo em geral, principalmente por romper a fronteira de superar os desafios com o estudo como principal recurso”, elogia.

Mais novo da turma de treinadores

Encarar a turma de treinadores no curso da CBF não foi fácil. Afinal, o capixaba era o aluno mais novo da turma de julho deste ano. Tanto que ganhou um apelido logo de cara: 18, em referência à sua idade.

“A Licença C da CBF foi um divisor de águas pra mim, foi uma aprendizagem incrível, mostrou as formas corretas de se trabalhar e as nossas responsabilidades com o futuro do nosso futebol. Tive muito apoio e elogios por estar fazendo a licença tão cedo, chegaram a me apelidar de ’18’ por conta da minha idade. Sou muito grato por todos os conselhos”, conta Raul Victor.

Ele acredita que começar tão jovem na carreira pode ser uma vantagem para alcançar o grande sonho de chegar ao futebol profissional de elite.

“Levo como meta sempre aprender um pouco todos os dias, o futebol sempre está em constante mudança e quero sempre estar acompanhando o seu ritmo. Meu objetivo é viver a realidade do futebol de elite, é minha principal meta no futebol. Pretendo ter outras qualificações e me capacitar para sempre estar preparado para todo desafio possível”, completa o jovem “professor”.