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Cerimônia de abertura da Olimpíada quer passar mensagem de inclusão

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Rio

Além de contar, em apresentações teatrais e de dança, a história do Brasil e a formação do povo brasileiro, a cerimônia de abertura da Olimpíada, no Maracanã, na noite de sexta-feira, abordará temas atuais, como o respeito à diversidade racial e sexual. Aos já confirmados Gilberto Gil, Caetano Veloso, Anitta, Elza Soares e Gisele Bündchen, somam-se ao elenco de artistas e celebridades a MC paulistana Soffia, que aos 12 anos já é ativista contra o racismo, a rapper curitibana Carol Conka, do sucesso feminista “Tombei”, e a modelo transexual Lea T.

Em entrevista à rede britânica BBC, Lea T. se disse orgulhosa por levantar a bandeira da diversidade sexual num evento para 70 mil pessoas no Maracanã, e assistido por 3 bilhões de espectadores em todo o mundo. Ela será a primeira transexual a ter um papel de destaque numa abertura de Olimpíada, que será às 20 horas e se estenderá até as 23h30.

“Não posso falar nada ainda, precisamos manter a surpresa. Mas a mensagem será muito clara: inclusão. Todos, independentemente de gênero, orientação sexual, cor, raça ou credo, somos seres humanos e fazemos parte da sociedade. Meu papel na cerimônia, num universo micro e representativo, ajudará a transmitir esta mensagem”, disse Lea T., filha de Toninho Cerezo, ex-jogador da seleção brasileira de futebol.

Os criadores da cerimônia são os cineastas Fernando Meirelles (Cidade de Deus), Daniela Thomas (Terra estrangeira) e Andrucha Waddington (Eu, tu, eles). Os três já declararam que a festa é o maior desafio de suas carreiras, pelas grandes dimensões: as apresentações, que envolvem 5.500 pessoas, entre bailarinos e amadores, selecionados em audições, ocuparão quase todo o gramado do Maracanã, com 128 metros de comprimento por 63 metros de largura.

“Nunca fiz nada nessa escala nem nunca mais farei na vida. Tudo é muito grande, o palco é muito grande. É uma responsabilidade enorme”, declarou Meirelles no dia 18, durante o revezamento da tocha olímpica em Ribeirão Preto.

Segundo Abel Gomes, diretor executivo de criação, a cerimônia será “diferente, com um olhar voltado para o futuro”. “Ao contrário das cerimônias anteriores, que sempre foram centradas no passado e que celebraram as conquistas nacionais, queremos dialogar com o planeta inteiro através do convívio com as diferenças para além das fronteiras, o esgotamento dos recursos naturais, a união entre povos e a paz, que é um dos pilares de toda celebração olímpica. O Brasil é um país mundialmente conhecido pela exuberância natural”, disse.

Gomes é sócio da SRCOM, empresa que traz a expertise de um grande evento anual: há nove anos realiza o réveillon de Copacabana. Na Olimpíada, a SRCOM trabalha em parceria com a holding italiana FilmMaster Group. “Vamos mostrar que somos um país alegre e receptivo, que gosta de receber visitantes e mostrar para o mundo o que temos de melhor. Vamos exaltar a riqueza da cultura popular brasileira, da garra e da paixão de milhares de voluntários para pensar em uma grande celebração”, explicou. Ainda há ingressos à venda no site dos Jogos do Rio, mas apenas para o setor mais caro, por R$ 4.600.

GASTOS – Por causa da crise econômica, a cerimônia não será rica em recursos tecnológicos, como foram as edições de Londres (2012) e Pequim (2008). O orçamento é de cerca de R$ 100 milhões, um terço do que a Inglaterra gastou há quatro anos. No total, nas quatro noites de cerimônias (contabilizando o encerramento da Olimpíada e abertura e encerramento da Paralimpíada) serão investidos R$ 250 milhões.

As festas da Paralimpíada serão criadas por uma equipe que inclui o escritor Marcelo Rubens Paiva, o designer Fred Gelli e o artista plástico Vik Muniz. Uma obra de Vik será reproduzida no gramado do Maracanã, em um enorme mosaico formado por figurantes.

A intenção do grupo criativo é dar leveza às dificuldades físicas por que passam os atletas paralímpicos e retratá-los como fontes de inspiração para os que não têm necessidades especiais. A cerimônia de abertura tem a pretensão de elevar o interesse das modalidades paralímpicas ao mesmo patamar das olímpicas.