Rio –
Os organizadores dos Jogos Olímpicos do Rio e o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciam neste domingo que não irão tolerar a exibição de cartazes com mensagens políticas por torcedores nos locais de disputas esportivas. Se uma pessoa insistir em levantá-lo, será “gentilmente retirado” do local.
“Queremos arenas limpas”, declarou Mario Andrada, diretor de Comunicações do Rio-2016. Nos últimos dias, manifestantes conseguiram entrar nas arenas com cartazes com mensagens políticas. Ele, porém, indica que vaias e cantos com conteúdos políticos serão tolerados. “Se isso não fosse aceito, metade do Maracanã teria sido esvaziado”, declarou Andrada, numa alusão à vaia recebida pelo presidente interino Michel Temer.
Durante a cerimônia, o COI omitiu Temer de todas suas declarações e sua imagem sequer foi mostrada nos telões do estádio. Nos dias seguintes de competição, pessoas com cartazes políticos, entre eles “Fora, Temer” foram abordados pelos seguranças.
Conforme o jornal O Estado de S. Paulo revelou em sua edição de 30 de julho, o decreto da lei olímpica foi assinado por Dilma Rousseff em 10 de maio de 2016, dois dias antes de seu afastamento. Ele prevê que o torcedor “não pode portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, de caráter racista ou xenófobo ou que estimulem outras formas de discriminação”. A lei também estabelece que não se pode “utilizar bandeiras para outros fins que não o da manifestação festiva e amigável”.
Ainda assim, o texto da lei estabelece que “é ressalvado o direito constitucional ao livre exercício de manifestação e à plena liberdade de expressão em defesa da dignidade da pessoa humana”.
“O Brasil é uma democracia. Jovem, mas uma democracia. Mudamos de presidente pela regra. Mas os locais esportivos precisam estar limpos de manifestação politica. Isso afeta a visão, afeta as televisões Aqueles que se manifestam são solicitados para que não façam isso. E se isso não for atendido, essas pessoas serão solicitadas a deixar os locais de provas”, explicou.
Se a Constituição garante o direito à livre expressão, o decreto presidencial que estabeleceu a lei olímpica de maio de 2016 estabelece regras claras que impedem que manifestações comerciais, religiosas ou politicas. “Esses locais são templos para entendimento e esporte. Precisamos estar focado nisso. Fora, todos estão livres, com tanto que no sejam violentos”, explicou Andrada.
“Estamos explicando ao público que isso não será tolerado”, insistiu. Segundo ele, cartazes com nomes de clubes de futebol não seriam problemáticos. “Mas, como em todos os grandes eventos, temos a política de arenas limpas, desenhada a proteger as empresas que compraram os direitos. Mais importante que isso, porém, é a questão da união mundial. Queremos uma separação de questões políticas. Quebra o princípio dos Jogos”, insistiu.
Andrada chegou ainda a apontar que só os brasileiros entendem o conteúdo dos cartazes.
O Rio-2016 e o COI apontaram que vão tentar evitar a utilização da força. “Vamos buscar soluções diplomáticas”, disse Andrada. “Utilizaremos de bom senso”, indicou Mark Adams, porta-voz do COI.
MILITARES – Se placas não são aceitas, o COI declarou neste sábado que não vai colocar restrição aos atletas brasileiros que batam continência ao receber medalhas. “Vemos isso como um gesto de respeito à bandeira”, disse Adams. “Alguns colocam a mão no coração, outros batem continência”, completou.