Esportes

COI pede que governos paguem fatia de custos olímpicos

COI pede que governos paguem fatia de custos olímpicos COI pede que governos paguem fatia de custos olímpicos COI pede que governos paguem fatia de custos olímpicos COI pede que governos paguem fatia de custos olímpicos

Genebra – Os Jogos Olímpicos de 2016 poderão custar mais aos contribuintes diante dos atrasos e do caos na organização. O Comitê Olímpico Internacional (COI) vai pedir que o governo federal, Prefeitura e Estado do Rio de Janeiro assumam uma maior parcela dos custos do evento, como forma de acelerar as obras e garantir que o evento não se transforme em um fracasso.

Fontes dentro da entidade com sede na Suíça confirmaram com exclusividade à Agência Estado que uma das principais constatações é de que as contas do evento simplesmente não estão fechando apenas com a renda de marketing e patrocínios. O buraco, portanto, terá de ser arcado pelos diferentes governos.

Nos últimos dias, o COI tem sido duramente pressionado por federações esportivas que alertam que a preparação do Rio se transformou em uma grande dor de cabeça. O comitê anunciou uma ação no evento, com a nomeação de um interventor, Gilbert Felli, e a criação de grupos para monitorar cada aspecto dos Jogos. Outra decisão foi a de estabelecer um comitê organizador com a presença de representantes dos três níveis de governo no Brasil.

Uma primeira reunião ocorrerá já na segunda-feira, mas parte do debate irá tratar justamente das contas do evento. Em janeiro, o COB revelou que os jogos custarão R$ 7 bilhões, um aumento importante em relação aos valores apresentados em 2009, quando a estimativa apontava para gastos de R$ 4,8 bilhões.

A Agência Estado apurou que o novo orçamento já estava pronto há meses, mas havia sido bloqueado pelo Palácio do Planalto, que esperava o “momento adequado” para revelar o fato de que a conta ficará bem acima do que havia sido projetado.

Já em agosto de 2013, o COI soou o alerta em relação aos custos, já insinuando que uma parcela maior do preço do evento teria de ser arcado pelos governos e pedia uma definição de quem pagaria pelas obras.

Num levantamento feito naquele momento, a entidade já pedia ao Rio para adequar seu orçamento com a renda. Até o final do ano passado, a cidade ainda não tinha conseguido completar a meta de patrocinadores para o evento e o COI recomendava até mesmo que a capital fluminense começasse a preparar um Plano B, caso o orçamento previsto para as obras não conseguisse ser financiado. “Até agora, Rio 2016 atingiu aproximadamente 60% (de contratos de patrocinadores), diante de uma meta de patrocínio ambiciosa”, alertou o COI em um documento obtido pela Agência Estado.

“O Rio deve estudar seu plano de atividades para a geração total de renda (patrocínio, licenciamento e ingressos) diante do orçamento geral dos Jogos para entender o impacto do déficit na entrega dos Jogos e de suas operações”, alertou. Numa das avaliações, o COI deixa claro que existe uma “pressão no fluxo de caixa como resultado do adiamento da assinatura de acordos de patrocínio”.

CONTRATOS – Segundo o COI, o contrato de financiamento da Vila Olímpica estava comprometido. Há também um atraso no programa de seguros para o evento diante da escolha tardia de uma empresa para realizar o trabalho. Nas instalações esportivas, haveria um atraso na contratação de especialistas para planejar os aspectos de energia “por conta de pressões financeiras”.

O orçamento dos Jogos Paralímpicos vivia uma situação ainda mais dramática. Existia uma “falta de planejamento de marketing” que poderia ter consequências para a própria “realização do evento”.

A reportagem da Agência Estado pediu que o COI e o COB se pronunciassem oficialmente sobre o assunto, mas nenhuma das duas entidades respondeu aos pedidos de esclarecimentos.