A Assembleia Legistativa (Ales) aprovou na última terça-feira (1º) o Projeto de Lei 347/2025, que trata do repasse de valores que variam de R$ 100 mil a R$ 1,5 milhão para times profissionais do Espírito Santo que forem disputar competições nacionais.
A proposta, do Governo do Estado, estabelece apoio financeiro para os clubes que foram disputar a Copa do Brasil e qualquer uma das divisões do Campeonato Brasileiro. No entanto, deixou de fora o futebol feminino, mesmo com times do Estado disputando competições nacionais nas últimas temporadas.
Durante a sessão extraordinária realizada na tarde de terça-feira (1º) na Assembleia Legislativa, a proposta do governo foi aprovada por unamidade. Assim, a lei passa a valer assim que for publicada no Diário Oficial.
E o futebol feminino?
A proposta do governo foi aprovada exclusivamente para o futebol masculino, com o objetivo de aumentar as chances de classificação das equipes do Estado para a Série C do Brasileiro e, futuramente, para divisões superiores.
Veja os valores dos repasses:
- Classificação para a Copa do Brasil: R$ 100 mil
- Classificação para a Série D do Brasileiro: R$ 500 mil
- Classificação para a Série C do Brasileiro: R$ 700 mil
- Classificação para a Série B do Brasileiro: R$ 1 milhão
- Classificação para a Série A do Brasileiro: R$ 1,5 milhão
Os recursos serão provenientes do Tesouro Estadual e o repasse será realizado diretamente aos clubes beneficiários, sem intermediação da Federação de Futebol (FES), com execução sob responsabilidade da Secretaria de Esportes e Lazer (Sesport).
Questionado sobre a exclusão do futebol feminino na proposta aprovada, o secretário de Esportes do Estado, José Carlos Nunes, garantiu que a modalidade pode ser incluído em um mecanismo semelhante no futuro.
“O projeto foi idealizado com o objetivo de fortalecer o futebol capixaba profissional. Acreditamos que, com mais apoio e incentivo, os clubes terão condições melhores para disputar competições nacionais. Sabemos que bons resultados não dependem só do esforço dos atletas. Investimento e estrutura fazem toda a diferença no desenvolvimento do esporte. Neste primeiro momento, o projeto de lei aprovado contempla as equipes masculinas, mas esperamos que, em breve, também haja um mecanismo que garanta apoio ao futebol feminino”, afirmou Nunes.
Times do ES nas competições nacionais
O Prosperidade, de Vargem Alta, é o atual campeão do Capixabão Feminino e, por isso, representou o futebol capixaba na Copa do Brasil Feminina e na Série A3 do Brasileiro.
A equipe chegou à segunda fase da Copa do Brasil, quando caiu nos pênaltis diante do Mixto-MT, e ficou a um ponto de se classificar para a segunda fase da Série A3 do Brasileirão Feminino.
O presidente do Prosperidade, Douglas Marin, lamenta que o futebol feminino não tenha sido lembrado no projeto de lei aprovado pelos deputados.
“A gente questionou isso no dia da votação junto à Federação de Futebol e a gente discorda um pouco. A gente não acha que é um tema a ser discutido futuramente, pois deveria ter sido incluído junto. Porque o texto cita vagas em competições nacionais e, da mesma forma que o masculino disputa essas vagas, o feminino também”, questiona Marin.
O dirigente faz comparações entre as realidades do futebol masculino e feminino no Espírito Santo. E lembra que o Capixabão Feminino não rende premiação em dinheiro, diferentemente do Capixabão no masculino, que pagou R$ 145 mil ao Rio Branco pelo título deste ano e R$ 75 mil ao Porto Vitória pelo vice-campeonato.
“O Estadual nosso não tem nenhum tipo de premiação (em dinheiro), como o masculino tem, como a Copa Espírito Santo tem. Também não tem um plano de divulgação como existe para o masculino. Nos outros estados, isso não acontece. Nossos adversários na Copa do Brasil têm este incentivo, essa verba. É uma falta de cuidado muito grande com a nossa categoria”, lamenta o presidente do Prospê.
Nos anos anteriores, o Vila Nova, oito vezes campeão do Capixabão Feminino, foi quem defendeu o Espírito Santo nas competições nacionais.
“Infelizmente, sempre pensam no masculino e esquecem do futebol feminino”, lamentou o treinador do Vila Nova, Luciano Tadino: “Hoje temos oito times no Capixabão. Se dividisse R$ 800 mil para os oito clubes, daria R$ 100 mil pra cada clube de cota e todos manteriam seus projetos. Temos uma despesa de R$ 20 mil a R$ 25 mil para jogar o Capixabão. Se o Governo do Estado desse uma cota para clube, seria uma forma mais coerente de ajudar o futebol capixaba feminino”.
Quantos times jogam o Capixabão Feminino
O Capixabão Feminino deste ano tem oito equipes e começou no último final de semana. A segunda rodada acontece no próximo fim de semana.
Além de Prosperidade e Vila Nova, atuais campeão e vice, respectivamente, a competição conta com Serra, MDE, Estadual FC, Atlético Capixaba, São Geraldo e Harpia.
Na primeira fase, as equipes se enfrentam em turno único. As quatro primeiras avançam para as semifinais, disputadas em jogos de ida e volta. Quem avançar faz a final, também em jogos de ida e volta. O time campeão garante vaga na Copa do Brasil e na Série A3 do Brasileiro Feminino em 2026.