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Crise financeira deixa Milan como coadjuvante no Campeonato Italiano

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A cidade de Milão está dividida. Enquanto os torcedores da Internazionale estão animados com a recuperação da equipe (nesta terça-feira, o time retomou a liderança do Campeonato Italiano ao vencer o Brescia fora de casa por 2 a 1), do lado do Milan o clima é de apreensão com a péssima fase e a grave crise financeira. O clube rubro-negro é apenas o 12.º colocado e não dá sinais de reação, algo impensável para uma equipe 18 vezes campeã nacional, dona de sete taças da Liga dos Campeões e quatro do Mundial.

O técnico da equipe atualmente é Stefano Pioli, que substitui Marco Giampaolo, demitido após apenas sete jogos. Foi a passagem mais curta de um treinador na história do clube. A contratação de Pioli, inclusive, gerou críticas da torcida pelo fato de ele ter comandado a arquirrival Inter de Milão entre 2016 e 2017. A hashtag #Pioliout (Fora, Pioli, em inglês) chegou a ser uma das mais publicadas no Twitter antes mesmo da apresentação oficial do treinador.

O Milan, que, por muitos anos, pertenceu ao magnata dos meios de comunicação e primeiro-ministro do país, Silvio Berlusconi, registrou prejuízo recorde em 2018 de 145,9 milhões de euros(R$ 645,9 milhões), segundo o balanço financeiro aprovado na última segunda-feira em assembleia do clube.

O prejuízo, cerca de 20 milhões de euros (R$ 88,5 milhões), superior ao do ano anterior, será coberto pelo acionista majoritário, o fundo americano Elliott, que assumiu o controle do Milan ao fim da temporada 2018, após o empresário chinês Yonghong Li sofrer com problemas financeiros.

No total, o clube acumula cerca de 500 milhões de euros (R$ 2,2 bilhões) de prejuízo nos últimos seis anos. O Milan, inclusive, foi excluído da Liga Europa por não respeitar as regras do Fair-Play Financeiro da Uefa.

Para reerguer o clube, os dirigentes tentam, ao lado da Inter, construir um novo estádio. Caso a prefeitura dê uma sinalização positiva para o projeto, os dois clubes terão “um estádio moderno, que poderia aumentar as receitas de maneira importante”, explicou o presidente do Milan, Paolo Scaroni.

“Todos os grandes clubes europeus têm receitas com seus estádios superiores aos ¤ 100 milhões (R$ 442,7 milhões), mas Milan e Inter recebem cerca de ¤ 34 milhões (R$ 150,5 milhões). Essa diferença poderia ser o motivo pelo qual os dois clubes não têm os resultados que deveriam ter no cenário europeu”, avaliou Scaroni.

O projeto prevê um novo estádio com capacidade para 60 mil pessoas, que vai substituir o lendário San Siro. A previsão é de 1,2 bilhão de euros (R$ 5,3 bilhões) de investimento. Inter e Milan arcariam com todos os custos. Em troca, os dois clubes terão o direito de atuar no novo estádio pelos próximos 90 anos.

Outra aposta do time para se reerguer financeiramente é comprar jogadores baratos e vendê-los caro para outros clubes. “A estratégia para voltar aos grandes palcos passa por investir em jovens jogadores, que ainda não estejam no topo das carreiras e que se possam tornar em grandes estrelas. Como fizemos com Bennacer, Rafael Leão, Lucas Paquetá ou Krysztof Piatek”, afirmou Ivan Gazidis, chefe executivo do Milan.

O próprio dirigente, no entanto, reconhece que os resultados demorarão para aparecer. “Estamos todos impacientes, mas isso vai demorar o seu tempo e este é o único caminho pelo qual podemos melhorar. Não podemos queimar mais dinheiro em jogadores em fim de carreira, só nos iria piorar, tanto econômica como esportivamente”, afirmou.

O Milan conta atualmente com dois jogadores brasileiros: o zagueiro Léo Duarte e o meia Lucas Paquetá, ambos ex-Flamengo. No passado, grandes craques do País defenderam a equipe, como Kaká, Ronaldo Fenômeno, Leonardo, Amarildo, Amoroso, Cafu, Dida, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Dino Sani e Mazzola, entre outros.