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Deborah Medrado | Sorriso no rosto e lugar na história da ginástica rítmica

Primeira capixaba a garantir vaga na Olimpíada de Paris/2024, junto com Sofia Madeira, Deborah Medrado comemora resultados históricos da atual geração e acredita que Brasil pode brigar por uma inédita medalha olímpica

Deborah Medrado | Sorriso no rosto e lugar na história da ginástica rítmica Deborah Medrado | Sorriso no rosto e lugar na história da ginástica rítmica Deborah Medrado | Sorriso no rosto e lugar na história da ginástica rítmica Deborah Medrado | Sorriso no rosto e lugar na história da ginástica rítmica
Foto: Ricardo Bufolin/CBG
Deborah Medrado, no centro, abre o sorriso durante a apresentação que valeu a classificação olímpica para a seleção brasileira de conjunto no Mundial de Valencia, na Espanha

O sorriso sempre aberto e encantador da ginasta Deborah Medrado deveria valer alguns pontos a mais nas apresentações do da seleção brasileira de conjunto de ginástica rítmica. Mas, na verdade, nem é preciso. Afinal, a atual equipe tem feito história na modalidade.

Quando se fala em ginástica rítmica no Brasil, é impossível não citar o Espírito Santo como uma referência. Daqui saíram nomes como Juliana Coradine, Elise Penedo, Gizela Batista, Ana Paula Ribeiro, Tayanne Mantovanelli, Francielly Machado, Natalia Gaudio e tantas outras… E todas essas foram importantes para que a atual geração de elite, representada por Deborah Medrado e Sofia Madeira, no conjunto, e Geovanna Santos, no individual, fizesse uma temporada histórica em 2023.

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Os resultados no circuito da Copa do Mundo e da Challenge Cup mudaram de vez o patamar do Brasil, que agora é visto como uma das potências do planeta. A participação no Mundial de Valencia, encerrada neste domingo (27), com o sexto lugar na classificação geral — que valeu a classificação para a Olimpíada de Paris/2024 — e o quarto lugar na prova dos 5 arcos, comprovaram a evolução.

O que vem pela frente? As “Leoas” não têm dúvidas de que essa nova e linda história está só começando, como conta Deborah nesta entrevista exclusiva para o Folha Vitória.

“Queremos muito essa final olímpica e conquistar uma medalha”, crava Deborah, 21 anos, natural da Serra e a primeira atleta capixaba, junto com Sofia Madeira, a garantir vaga nos Jogos de Paris/2024.

Veja aqui a apresentação que valeu o quarto lugar no Mundial de Valencia:

Deborah vai para a sua segunda Olimpíada. Após brilhar no Pan de Lima/2019, a capixaba passou por cirurgia nos dois pés para correção do formato e viu o sonho de ir aos Jogos de Tóquio/2020 quase acabar ali. Porém, o adiamento da competição para 2021 por conta da pandemia deu o tempo necessário para a recuperação da ginasta, que voltou à seleção brasileira e se apresentou na competição.

Em casa, ela conta com o apoio dos pais. Mais do que isso, recebe conselhos do professor Evaldo Barbosa, treinador e árbitro de vôlei.

FOLHA VITÓRIA — O que tem na água capixaba que faz surgir tantas ginastas de altíssimo nível assim?

DEBORAH MEDRADO — Somos celeiro de grandes ginastas do Brasil. Isso é fruto de muito trabalho e experiência. Nosso Estado tem grandes treinadoras e eu tive a honra de treinar com Monika Queiroz, ela que tanto me ensinou e sabe muito de ginástica rítmica.

Foto: Ricardo Bufolin/CBG
Deborah durante treino da seleção brasileira antes das apresentações no Mundial de Valencia

Você já foi promessa, depois se estabeleceu na seleção e, hoje, é referência. Como você foi sentindo essas mudanças?

Cada ano fui adquirindo experiência, amadurecimento e sabia o que eu queria. Comecei na seleção com 15 anos e hoje, tenho 21. Passei por altos e baixos, cirurgia, lesões, derrotas, vitórias. Tudo serviu de crescimento e hoje, quando as pessoas dizem que se inspiram em mim, isso me dá mais forças para continuar e suspeitar os desafios.

O capítulo mais bonito dessa história que vocês estão escrevendo será em Paris/2024 ou ainda é muito cedo pra fazer alguma projeção?

Com toda certeza, sim Trabalhamos muito para chegar no topo da GR mundial. O trabalho só continuará mais forte e focado na Olimpíada. Queremos muito essa final olímpica e conquistar uma medalha.

Foto: Reprodução/Instagram/@deborahmedradobarbosa
Deborah foi promessa, se firmou na seleção e hoje é uma das referências da equipe

Ter referência esportiva dentro de casa, no caso o seu pai, ajuda a lidar com todas as dificuldades diárias da vida de uma atleta de alto rendimento?

Sim!!! Meu pai me incentiva muito e sempre fala para eu me divertir. Quando a situação dá uma apertada, ele me dá conselhos e entende meu lado, mas como ele treina um time de vôlei, ele explica o lado do treinador. Minha família me apoia muito, não chegaria aqui sem meu porto seguro!

“Minha família me apoia muito, não chegaria aqui sem meu porto seguro!”, agradece Deborah.

O momento mais difícil, eu imagino, deve ter sido a cirurgia, ainda sem saber do adiamento dos Jogos de Tóquio. Conta um pouco pra gente como ficou a cabeça naquele momento…

Foto: Reprodução/Instagram/@deborahmedradobarbosa
Deborah fez cirurgia nos dois pés em 2020 e quase ficou fora dos Jogos de Tóquio

Antes de decidir se faria ou não a cirurgia, foi um dos piores momentos da minha carreira. Não sabia o que fazer. Tinha batalhado tanto, e chegar no ano da Olimpíada e não ir me deixava péssima. Mas, foi minha melhor decisão. Eu queria tanto continuar e ir para uma Olimpíada, que adiei meu sonho de Tóquio e deixei o de Paris como objetivo. Por conta da pandemia, dias depois que eu realizei a cirurgia, a Olimpíada de Tóquio foi adiada… A chama reacendeu em meu coração, fiquei muito feliz e falei: ‘Vai dar tempo, vou conseguir’. Dito e feito, me recuperei da cirurgia, consegui voltar pro conjunto titular e fui para os Jogos de Tóquio.

E o momento mais feliz, até agora? Com tantas conquistas recentes, é possível apontar um?

Ontem (quinta-feira). Foi um dia incrível. Emocionante!!! Conseguir essa vaga pelo Mundial, depois de tanta superação, foi perfeito.

Flávio Dias
Flávio Dias

Editor de Esportes

Jornalista formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) com 24 anos de experiência na editoria de Esportes e em grandes coberturas como os Jogos Pan-Americanos do Rio-2007. Membro da banca de júri do Prêmio Melhores do Esporte 2024

Jornalista formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) com 24 anos de experiência na editoria de Esportes e em grandes coberturas como os Jogos Pan-Americanos do Rio-2007. Membro da banca de júri do Prêmio Melhores do Esporte 2024