Esportes

Elemento da cultura urbana, breaking deve ser incluído na Olimpíada de 2024

Para o Comitê Olímpico Internacional, o breaking está alinhado às propostas de tornar os Jogos um evento mais plural, urbano e conectado aos jovens

Elemento da cultura urbana, breaking deve ser incluído na Olimpíada de 2024 Elemento da cultura urbana, breaking deve ser incluído na Olimpíada de 2024 Elemento da cultura urbana, breaking deve ser incluído na Olimpíada de 2024 Elemento da cultura urbana, breaking deve ser incluído na Olimpíada de 2024
Foto: Marlon Max

A possível entrada do breaking no programa olímpico para os Jogos de Paris, em 2024, está mexendo com os dançarinos (e agora atletas) da modalidade. 

O Comitê Organizador da competição incluiu esse elemento da cultura urbana, que pode integrar o torneio ao lado de surfe, skate e escalada esportiva. No final do próximo ano o martelo será batido, mas a tendência é pela inclusão de todos.

“Recebemos essa notícia com muita alegria. É um passo muito grande para a nossa arte. Faz algum tempo que o breaking já vem sendo tratado pelo lado esportivo por causa das competições. Fazer parte da Olimpíada é um salto grande para a valorização. Ainda existe preconceito e isso pode ajudar”, comentou Leony Pinheiro, um dos principais atletas do Brasil na modalidade.

Para o Comitê Olímpico Internacional, o breaking está alinhado às propostas de tornar os Jogos um evento mais plural, urbano e conectado aos jovens. A experiência já tinha dado certo na versão de inverno, com a inclusão de modalidades mais “radicais”. E será tendência para as próximas edições. Um bom teste foi feito com a estreia do breaking nos Jogos da Juventude, em Buenos Aires, no ano passado. Acabou sendo um sucesso e ganhou pontos para entrar no programa das competições adultas.

“Até 2024 podem haver mudanças, mas os Jogos da Juventude foi um teste e funcionou bem. A maneira que julgam é a mesma que adotaram nos eventos mundiais”, diz Leony, que tem 23 anos e começou a praticar o breaking na periferia de Belém (PA). Ele começou a competir em 2011 e passou a chamar a atenção por ter um jeito próprio de dançar, utilizando ritmos paraenses como o carimbó e o tecnobrega.

Já foi considerado o melhor do Brasil em três anos (2013, 2016 e 2017). “Eu comecei em 2008, era um hobby. Era moleque. Fiz caratê, capoeira, teatro. O breaking foi por acaso. Encontrei um pessoal dançando e comecei a ensaiar. Depois me aprofundei na cultura e a razão social daquilo. Vivo profissionalmente disso, consigo ganhar meu dinheiro e consigo me manter simplesmente dançando. É um sonho para qualquer B-Boy”, diz.

Ele consegue se manter participando de eventos, atuando como jurado, dando aula e ministrando workshops. No começo, lembra que era complicado, mas agora acha que a realidade olímpica pode ajudar a combater o preconceito com o breaking. “Eu sofri muito. Tem gente que discrimina por não conhecer, tem situações que a família não apoia. É muito difícil ser profissional da dança, ainda mais para um B-Boy. Com esse novo horizonte, não vamos ter mais esse preconceito que eu sofri e muita gente ainda vive”, conta.

Leony sabe que um garoto criado no bairro 40 horas, em Belém, poderia ter tido um caminho mais complicado na vida. Para ele, o breaking ajudou bastante. “Depois que entendi isso, olhei para trás e vi que o que o breaking fez com minha vida foi muito lindo, pois me ajudou a não ir para o caminho errado e moldou meu caráter. Sou exemplo de muitos outros B-boys.”

Uma possível entrada no programa olímpico pode mudar bastante a realidade de todos envolvidos com o breaking. Existe a possibilidade de surgirem patrocínios e apoios. “Dá para melhorar muito e espero que isso aconteça. É uma galera que precisa de incentivo e tem talento”, afirma, citando que em alguns países o breaking está mais avançado, como China, Estados Unidos, França e Rússia. “Poder representar o Brasil nos Jogos Olímpicos fazendo minha arte seria gratificante.”