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Em chance de ouro, Pia aposta na força coletiva da seleção na Olimpíada de Tóquio

Em chance de ouro, Pia aposta na força coletiva da seleção na Olimpíada de Tóquio Em chance de ouro, Pia aposta na força coletiva da seleção na Olimpíada de Tóquio Em chance de ouro, Pia aposta na força coletiva da seleção na Olimpíada de Tóquio Em chance de ouro, Pia aposta na força coletiva da seleção na Olimpíada de Tóquio

O Brasil abre a sua participação nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 na madrugada desta quarta-feira no horário de Brasília – às 5 horas, a seleção feminina de futebol enfrenta a China, no estádio Miyagi, em Miyagi, no Japão. A grande atração é a técnica sueca Pia Sundhage, que aceitou o convite da CBF para comandar a equipe dois anos atrás e agora tem seu maior desafio.

A treinadora bicampeã olímpica vê o Brasil mais competitivo e atuando com muito mais intensidade em comparação a quando chegou. “Vamos fazer tudo que pudermos para ganhar uma medalha”, afirmou.

Carismática, Pia costuma pegar seu violão e cantar músicas brasileiras, como Anunciação, de Alceu Valença, entre outras. A vitoriosa comandante da seleção está se sentindo cada vez mais em casa no Brasil. “Mudei para o Rio de mente aberta, não queria perder a oportunidade de aprender algo”, disse ela. Confira a entrevista da técnica ao Estadão.

O que te motivou a aceitar o convite para treinar a seleção feminina do Brasil?

Quando recebi o convite, pensei um pouco e no dia seguinte disse OK. Sabia que era isso que eu queria fazer. Quando se fala em futebol na Suécia, se fala em Brasil. Achei que era o momento e foi a melhor decisão que deveria tomar. Muito se fala da Marta, que é uma das mais famosas jogadoras do mundo, seis vezes a melhor, mas é muito mais do que isso. O Brasil tem ótimas atletas.

Você quebrou dois tabus: a primeira mulher treinadora na seleção feminina e a primeira técnica estrangeira. Como vê isso?

A CBF tentou fazer algo diferente do que fazia antes, e precisa ter muita coragem para isso. Sou a primeira técnica de outro país, e isso me deixa muito orgulhosa. Estou feliz por esses dois anos e posso sentir que algo está mudando. Eu quero fazer parte dessas mudanças, principalmente na atitude e em como olham para o jogo das mulheres.

O que mudou desde que você assumiu o cargo?

Do meu primeiro jogo em comparação com o último, fica evidente que o time brasileiro é mais competitivo, é melhor e atua com mais intensidade. Claro que não é só o time nacional que precisa ir bem, é necessário ter jogadoras em grandes ligas para que exista uma mudança de atitude.

Muito se falava da dependência da equipe na Marta e hoje parece que o Brasil consegue ter outros destaques em campo. Foi um trabalho que você fez?

Em 2019, na Copa do Mundo, na derrota para a França, a performance da seleção foi boa e o time teve um pouco de azar. Mas acho que a questão é como o jogo é disputado atualmente. São poucas atletas que carregam o time nas costas, ainda mais no futebol disputado hoje. Você precisa de um time e não apenas de uma estrela. Então, é importante encontrar grandes jogadoras e dar apoio a elas. Por isso acho que o Brasil tem um grande futuro, pois tem muitas jovens que precisam de direção.

E o que dá para comentar da Formiga, uma veterana de 43 anos que ainda é importante?

Ela é importante por duas razões: histórica, pois pode compartilhar várias delas, mas também pelo jeito que ela atua com solidez no meio de campo. A questão é se pode atuar em todas as partidas. Mas para isso existem outras atletas. Como falei da Marta e agora da Formiga, quero dizer que as duas são fantásticas. É um privilégio estar perto delas, ser técnica delas e ser parte da jornada delas na Olimpíada. Eu realmente estou apreciando isso.

Qual é a expectativa para os Jogos de Tóquio-2020?

Os treinamentos foram bons e falamos sobre chegar às quartas de final. Claro que não será fácil, teremos grandes adversários, como a China na estreia, a Holanda que é um dos melhores times do mundo, e a Zâmbia. Se passarmos, vamos para as quartas e qualquer time que chega nesta fase tem condições de vencer. Eu estive nesta situação em algumas oportunidades e sei que é uma diferença muito pequena entre o sucesso e o fracasso. Vamos fazer tudo que pudermos para ganhar uma medalha.

Quais são os principais adversários do Brasil?

Os Estados Unidos, que são os atuais campeões mundiais, e em com apenas uma exceção fizeram ótimas campanhas olímpicas. Se olhar a Copa do Mundo, sete times europeus chegaram nas quartas. Então coloco Suécia, Grã-Bretanha e Holanda com boas chances. E não podemos descartar o Japão, que joga em casa e tem uma equipe que é difícil de enfrentar.

Como é sua rotina aqui no Brasil? Você imaginava que se adaptaria tão facilmente?

Mudei para o Rio de mente aberta, não queria perder a oportunidade de aprender algo. De futebol e também de cultura. A primeira coisa é que a língua me deixa maluca, mas apesar disso existem pessoas gentis que são diferentes de mim. Minha jornada nesses dois anos tem sido incrível. Aproveito todos os dias e vou continuar assim.

Você está se tornando mais brasileira?

(Risos) Eu realmente adoro as frutas, são muito saborosas… os vegetais também. Eu adoro música, tenho alguma dificuldade de encontrar o ritmo, mas gosto de cantar, é um desafio para mim. É o jeito que eu vivo. É um caminho longo de aprendizado.