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Empresa que pagou subornos emperra negociações sobre Copa América no Brasil

Empresa que pagou subornos emperra negociações sobre Copa América no Brasil Empresa que pagou subornos emperra negociações sobre Copa América no Brasil Empresa que pagou subornos emperra negociações sobre Copa América no Brasil Empresa que pagou subornos emperra negociações sobre Copa América no Brasil

Londres – O contrato ainda existente entre a Conmebol e a empresa Datisa emperra as negociações para a realização da Copa América de 2019, no Brasil. A Datisa foi a empresa criada por três sociedades e acusada nos Estados Unidos de pagar mais de US$ 100 milhões (mais de R$ 320 milhões) em propinas para ficar com os direitos do torneio hemisférico entre 2013 e 2023. Ainda assim, ela exige que seu acordo para o evento no Brasil seja cumprido.

Entre os acusados de ter recebido dinheiro da Datisa estão Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, e José Maria Marin, ex-mandatário da entidade brasileira. Ambos negam qualquer envolvimento. Mas os executivos da entidade já reconheceram os crimes nas cortes americanas e cooperam com a Justiça.

Para a Copa América de 2016, nos EUA, a Conmebol conseguiu suspender a presença da Datisa no evento e revendeu os direitos. A suspeita é de que a rescisão, porém, teria envolvido um pagamento de US$ 40 milhões (R$ 128 milhões) da Conmebol para a empresa para que o entendimento fosse possível.

Além disso, o rompimento era válido apenas para o torneio em território americano e, para 2019, a Datisa insiste que ainda quer fazer valer o compromisso assinado pela Conmebol. Por dez anos, ela desembolsou US$ 352 milhões (R$ 1,124 bilhão) pelas diferentes edições da Copa América.

Agora, a Conmebol tenta encontrar um novo parceiro para bancar o torneio de 2019 e transmiti-lo, já que não quer manter o evento nas mãos da empresa denunciada nos EUA. Mas alguns de seus dirigentes já admitem que podem ter de pagar um certo valor para a própria Datisa para que o contrato não seja cumprido.

O problema, segundo dirigentes, é que a Datisa revendeu o direito para o evento em diversos países para emissoras locais. Uma das negociações teria ocorrido no Brasil. Essas empresas, agora, querem saber se seus contratos são válidos.

FRAUDE – A Datisa é uma sociedade que reúne as empresas Traffic, TyC e Full Play, todas acusadas de corrupção nos EUA. Hoje, porém, as empresas não se falam e uma negociação envolve, para o presidente da Conmebol, Alejandro Domingues, três diálogos paralelos.

Todos seus dirigentes – José Hawilla, Alejandro Burzaco, Hugo e Mariano Jinkis – foram denunciados por lavagem de dinheiro, fraude e organização criminosa. Hawilla, por exemplo, não apenas admitiu ser culpado como passou a colaborar com a Justiça dos EUA, gravando conversas com dirigentes brasileiros.

Mas nem a prisão dos cartolas em 2015 deu um fim à crise. Em outubro de 2015, o então presidente da Conmebol, Juan Napout, anunciou o fim dos acordos da entidade com a Datisa. Em dezembro, ele acabaria sendo preso na Suíça e extraditado para os EUA. Hoje, uma das suspeitas é de que ele teria, de forma fraudulenta, mantido o contrato da Copa América com a Datisa para os anos de 2019 e 2023.