Esportes

Europeus apostam em coadjuvantes do futebol brasileiro

Europeus apostam em coadjuvantes do futebol brasileiro Europeus apostam em coadjuvantes do futebol brasileiro Europeus apostam em coadjuvantes do futebol brasileiro Europeus apostam em coadjuvantes do futebol brasileiro

São Paulo – Acostumado a revelar grandes jogadores ao futebol mundial, o Brasil não teve o mesmo destaque na última janela de transferências internacionais. Se em outros mercados de transferências jogadores como Neymar e Lucas estrelavam a lista de principais contratações, atualmente os atletas que atuam em times nacionais não estiveram em evidência e as poucas vendas de clubes brasileiros para a Europa se resumiram em valores baixos e de atletas sem grande renome.

Por mais que a venda do zagueiro Dória ao Olympique de Marselha tenha sido a mais alta (R$ 30 milhões), a negociação que mais chamou a atenção foi a saída do lateral Douglas rumo ao Barcelona. O jogador, que foi contratado por R$ 12 milhões, era alvo constante de críticas da torcida são-paulina, mas mesmo assim se transferiu para uma das grandes equipes do futebol mundial.

Empresário de atletas como Jucilei e William José, Nick Arcuri acredita que os clubes da Europa passaram a olhar mais para o seu próprio continente. “Existe muita oferta dentro do próprio mercado europeu. Os clubes preferem correr menos risco. Hoje no Brasil são poucas as oportunidades de contratar jogadores e eles também priorizam o mercado europeu por causa da adaptação e dentro do Brasil também não está barato. O preço dos jogadores inflacionou muito nos últimos anos”.

Já o também agente Fernando Garcia avalia que o problema está na formação dos atletas no Brasil. “As bases são menosprezadas. Os clubes gastam milhões investindo em categorias de base, mas não lançam jogador. O treinador no Brasil tem medo de escalar o jovem e prefere apostar em jogadores mais velhos, que não tem mercado. Tem que mudar a mentalidade”, disse.

O suposto baixo nível do futebol nacional apresentado nos últimos anos fez com que os grandes clubes deixassem de olhar com mais atenção para o cenário nacional. Além dos já citados, contratações mais modestas como Anderson Talisca, que saiu do Bahia rumo ao Benfica, Guilherme, que foi à Udinese após acertar sua saída do Corinthians, e o jovem lateral Wendell, que após seis meses de destaque no Grêmio, foi vendido ao Bayer Leverkusen, marcaram a conexão Brasil-Europa nesta janela.

Titular do Corinthians após a saída de Paulo André, Cleber se destacou e foi vendido ao Hamburgo, da Alemanha, por 2 milhões de euros (R$ 6 milhões). Para Fernando Garcia que é agente do zagueiro, além de se destacar em campo, o jogador que pretende ir para a Europa deve apresentar bons números. “O que importa para os clubes da Europa na hora de contratar é o scout do jogador. Se ele acerta passes, faz desarmes, é isso que é mais importante. O próprio Cleber. Com ele em campo, o Corinthians jogou 18 vezes e tomou 7 gols. Sem ele, foram 6 em 4 jogos.”

Mesmo assim, o último dia da janela de transferências ainda proporcionou algumas emoções a clubes brasileiros. Após perder Falcao García e James Rodríguez na mesma janela, o Monaco consultou o Cruzeiro e fez propostas por Ricardo Goulart e Éverton Ribeiro, principais destaques do líder do Campeonato Brasileiro. Após as recusas, Garcia elogiou o diretor de futebol da equipe mineira, Alexandre Mattos. “O Alexandre sabe a hora certa de vender. Ele não pode se livrar de um jogador antes dele valorizar. Se o jogador dele vale 15, não pode vender por 5. Ele trabalha com responsabilidade.”

FUTURO – Para que a situação do futebol nacional melhore, e por consequência os clubes europeus passem a olhar o Brasil como fonte de bons jogadores novamente, é preciso trabalhar com as categorias de base. Após a decepcionante campanha na Copa do Mundo, a CBF, em conjunto com o técnico Alexandre Gallo, prometeu dar mais atenção para a formação de atletas.

Mesmo entendendo que a nova safra de atletas tenha futuro, Arcuri mantém os pés no chão e espera que os jogadores evoluam da melhor maneira possível. “O Brasil sempre foi um grande revelador de jogadores e os europeus sempre se voltaram ao mercado brasileiro. Estamos passando por período de entressafra. Cada vez se revela menos porque o mercado europeu aprendeu a se antecipar, contratar os brasileiros cada vez mais cedo, já que é mais barato tirá-los daqui ainda quando jovens”.

Confira a lista com os principais jogadores que saíram do Brasil rumo à Europa nesta última janela:

Dória – Botafogo – Olympique de Marselha

Douglas – São Paulo – Barcelona

Cleber – Corinthians – Hamburgo

Abner – Coritiba – Real Madrid Castilla

Victor Andrade – Santos – Benfica

Bruno Peres – Santos – Torino

Wendell – Grêmio – Bayer Leverkusen

Guilherme – Corinthians – Udinese

Talisca – Bahia – Benfica

William Matheus – Palmeiras – Toulouse

Octávio – Botafogo – Fiorentina

Lee – Atlético-MG – Académica

Caio Rangel – Flamengo – Cagliari

Otávio – Internacional – Porto

Lucas Evangelista – São Paulo – Udinese

Alef – Ponte Preta – Olympique de Marselha