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Fiscais resgatam 11 operários em condição de escravidão em obras da Vila Olímpica

Fiscais resgatam 11 operários em condição de escravidão em obras da Vila Olímpica Fiscais resgatam 11 operários em condição de escravidão em obras da Vila Olímpica Fiscais resgatam 11 operários em condição de escravidão em obras da Vila Olímpica Fiscais resgatam 11 operários em condição de escravidão em obras da Vila Olímpica

Rio – Onze operários que estavam em condições análogas a de escravos foram resgatados por procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT) e fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Eles trabalhavam nas obras do Projeto Ilha Pura, como foi batizada a Vila Olímpica dos Jogos Olímpicos de 2016, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. O complexo de 3.600 apartamentos está sendo erguido por consórcio formado pelas construtoras Odebrecht e Carvalho Hosken.

Os trabalhadores contratados pela empreiteira Brasil Global, que presta serviço para o consórcio, vieram de estados como Maranhão, Paraíba, Bahia e Espírito Santo com promessa de receber alojamento, refeições e reembolso de passagem. Foram encontrados vivendo em uma casa e duas quitinetes da favela Beira Rio, “sem estrutura e condições mínimas de higiene”, informa nota do MPT.

“Havia baratas, ratos e esgoto nas residências, muitos dormiam no exterior do imóvel, tamanha a sujeira”, disse a procuradora Valéria Correa. A empresa também deixou de pagar o aluguel como foi acordado. Houve casos de até 30 pessoas vivendo no mesmo imóvel.

Os contratos dos funcionários foram rescindidos e a empreiteira pagou cerca de R$ 70 mil por férias, 13º salário e FGTS. Também teve de reembolsar os operários pelos gastos com a passagem aérea para o Rio de Janeiro, custear o retorno para os estados de origem e hospedá-los em hotel. O acordo, assinado na semana passada, foi divulgado nesta sexta-feira.

Os procuradores do Ministério Público do Trabalho vão ingressar com ação para cobrar indenização por danos coletivos e individuais – a Brasil Global se recusou a indenizá-los por esses danos. Também vão investigar a responsabilidade solidária das construtoras responsáveis pelas obras na Vila Olímpica.

A assessoria de imprensa do Ilha Pura informou que o consórcio “mantém procedimentos rigorosos” nas relações trabalhistas. “Sobre as acusações que envolvem a Global Brasil Serviços, a Ilha Pura esclarece que apura as informações e que está à disposição para colaborar com as autoridades. A empresa afirma que o respeito à legislação trabalhista é uma prioridade em suas obras, onde já atuaram mais de 18 mil pessoas”, diz a nota.

O Ilha Pura será um condomínio de 31 edifícios, numa área de 820 mil metros quadrados. Durante a Olimpíada, 11 mil atletas se hospedarão no local, em apartamentos que têm entre 77 e 230 metros quadrados.

Em recente entrevista à BBC Brasil, o empresário Carlos Carvalho, dono da Carvalho Hosken, defendeu que o complexo residencial seja destinado a moradores de alto poder aquisitivo e defendeu a retirada de favelas do entorno, como a Vila Autódromo. “Você não pode ficar morando num apartamento e convivendo com índio do lado, por exemplo. Nós não temos nada contra o índio, mas tem certas coisas que não dá. Você está fedendo. O que eu vou fazer? Vou ficar perto de você? Eu não, vou procurar outro lugar para ficar”, disse à publicação.