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Futebol feminino crê em 'times de camisa' para crescer

Futebol feminino crê em ‘times de camisa’ para crescer Futebol feminino crê em ‘times de camisa’ para crescer Futebol feminino crê em ‘times de camisa’ para crescer Futebol feminino crê em ‘times de camisa’ para crescer

São Paulo – Os “times de camisa” são a nova aposta do futebol feminino na busca por popularização e crescimento no Brasil. Essa esperança ficou clara nesta segunda-feira em São Paulo, no lançamento da 2.ª edição do Campeonato Brasileiro. A competição terá 20 equipes, oito delas ligadas a clubes que disputam competições masculinas. A primeira rodada será realizada nesta quarta e a decisão do título está marcada para 29 de novembro.

Entre os participantes estão Vasco, Botafogo, Bahia, Náutico, Sport, Portuguesa, Avaí e Chapecoense. Também jogam dois times do interior paulista que remetem a clubes tradicionais de futebol em suas cidades: o São José Esporte Clube, de São José dos Campos, e a Ferroviária Futebol S/A, de Araraquara. “Acredito que o futebol feminino está num processo de crescimento gradual, mas não acredito que crescerá tanto se não tivermos os times de camisa (disputando os torneios)”, disse o diretor de competições da CBF, Virgílio Elísio.

A CBF é a promotora do Campeonato Brasileiro, mas não investe nele. Os R$ 10 milhões que irão bancar as despesas das equipes – custos de viagens, hospedagem e alimentação, entre outros – virão do patrocínio da Caixa Econômica Federal. O banco vai usar recursos das Loterias da Caixa.

No entanto, atrair “times de camisa” para o futebol feminino não é tarefa das mais fáceis. O Flamengo, por exemplo, iria jogar o Brasileiro, mas desistiu em cima da hora. E outros clubes tradicionais sequer cogitaram a hipótese de se envolver com o futebol feminino. “Não dá para pedir aos clubes que têm uma folha de pagamento imensa (com o masculino) para investir obrigatoriamente no futebol feminino”, admitiu Elísio.

Esta, porém, é uma ideia que pode ser mais bem estudada no futuro como forma de desenvolver a modalidade. Existe no ministério do Esporte quem defenda que a Caixa, patrocinadora de vários times no masculino, coloque como condição para fechar tais contratos que o clube a ser patrocinado crie obrigatoriamente um departamento de futebol feminino.

Outra preocupação é o investimento na formação – no futebol feminino, não há campeonatos nas divisões de base. A consequência é que a formação é deficiente e as meninas das categorias menores encaram competições sem ter preparação satisfatória. Isso ocorreu no Mundial Sub-20 disputado em agosto no Canadá, quando o Brasil perdeu da Alemanha por 5 a 1, após terminar o primeiro tempo vencendo. Na etapa final, porém, faltaram fôlego e entrosamento para competir em pé de igualdade com as alemãs.

“Nós precisamos ter competições. Não podemos enviar um grupo de garotas para disputar um sub-20 contra a Alemanha quando elas não têm condição de preparação. Nem técnica nem física. Precisamos ter nas divisões de base competições regulares e permanentes”, disse o ministro do Esporte, Aldo Rebelo. “Joga-se muito pouco futebol feminino no Brasil. Temos uma dificuldade muito grande na capacitação de atletas”, acrescentou Oswaldo Alvarez, o Vadão, atualmente técnico da seleção principal do Brasil.

REGULAMENTO – O Brasileiro feminino vai ter quatro fases. A primeira terá quatro grupos com cinco clubes cada. Classificam-se dois times por grupo para a segunda fase. Serão formados então dois grupos de quatro, com partidas em ida e volta. Os dois melhores da cada grupo passam às semifinais, que ocorrerão em jogos eliminatórios, igualmente em ida e volta. A decisão, com os vencedores da semi, também será em dois duelos.

Na primeira fase, a competição foi regionalizada para a formação das chaves. Mesmo assim há situações em que um clube do Rio terá de jogar na Bahia e em Pernambuco e o representante do Ceará irá ao Amazonas e ao Pará.

O Grupo 1 terá Associação Desportiva Centro Olímpico (ADECO), de São Paulo (campeã do primeiro Brasileiro), Botafogo, Portuguesa, Avaí e Chapecoense. No 2 jogam Ferroviária, Foz/Cataratas (PR), São José, Kindermann (SC) e Vasco. O 3 é formado por Bahia, Duque de Caxias, São Francisco (BA), Sport e Vitória (PE). E o 4 tem Caucaia (CE), Iranduba (AM), Náutico, Pinheirense (PA) e Viana (MA).

A primeira rodada terá nesta quarta: Foz/Cataratas x Vasco, Vitória x São Francisco, Duque de Caxias x Bahia, Caucaia x Náutico, Iranduba x Pinheirense, Ferroviária x São José, ADECO x Avaí e Botafogo x Portuguesa.