O ex-jogador Geovani Silva, 61 anos, está internado em estado grave desde a última sexta-feira. O ex-craque do Vasco sofrer uma parada cardiorrespiratória seu estado é grave, de acordo com familiares.
Geovani é um dos personagens mais importantes da história do esporte do Espírito Santo. Além de brilhar pelo Vasco, principalmente na década de 80, o “Pequeno Príncipe” foi também o responsável pela primeira medalha olímpica de um capixaba.
O ano era 1988. Sem internet, sem WhatsApp, sem redes sociais. O futebol já era a paixão nacional e uma geração de grandes jogadores se apresentava ao mundo, sem ainda saber que boa parte dela conquistaria o mundo seis anos depois, na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos.
Geovani entrou para a galeria de medalhistas olímpicos em 1988, com a prata nas Olimpíadas de Seul, na Coreia do Sul.
Líder na geração de Bebeto e Romário
Campeão mundial sub-20 em 1983, sendo artilheiro e melhor jogador da competição disputada no México, Geovani voltaria a ter uma conquista importante com a camisa amarelinha em 1988.
Entre nomes como Mazinho, Jorginho, Taffarel, Bebeto e Romário, o capixaba se destacava como um dos líderes da seleção brasileira que foi disputar as Olimpíadas de Seul-1988.
O meia Geovani tinha 24 anos na época em que, diferentemente de hoje, não havia restrição de idade para a convocação olímpica no futebol. Atualmente, somente jogadores sub-23 podem disputar os Jogos — com três exceções por seleção —, mas naquela época a única restrição é que os convocados não poderiam ter disputado uma Copa do Mundo.
A lista de convocados pelo técnico Carlos Alberto Silva contava com cinco jogadores que seriam campeões mundiais em 1994 pela Seleção: Taffarel, Jorginho, Mazinho, Bebeto e Romário. E outros nomes que se tornaram craques como o meia Neto, do Corinthians.
“Eu não queria ir para as Olimpíadas”
O capixaba Geovani não queria disputar as Olimpíadas. Acabou convencido pelo diretor Paulo Angioni, hoje dirigente do Fluminense. E foi o capitão do Brasil durante a competição.
“É verdade! Naquela época, eu não queria ir pra Olimpíada porque considerava a Olimpíada uma competição amadora, achei que não valeria a pena participar. Mas depois de uma conversa com o Angioni, que hoje é diretor do Fluminense, eu pensei bastante. Ele disse ‘você não sabe a festa que irá perder!´’. Então, eu decidi participar e não me arrependo. Realmente, foi uma experiência marcante para mim”, conta o Pequeno Príncipe, em entrevista ao Folha Vitória em julho do ano passado.
O Brasil foi a Seul, na Coreia do Sul, tentar buscar o ouro que havia escapado quatro anos antes na final da Olimpíada de Los Angeles-1984, quando perdeu a decisão para a França por 2 a 0.
Sob o comando do técnico Carlos Alberto Silva, a seleção brasileira venceu Nigéria por 4 a 0, Austrália por 3 a 0 e Iugoslávia por 2 a 1 na primeira fase da Olimpíada de Seul. Nas quartas de final, bateu ninguém menos que a Argentina por 1 a 0, gol de Geovani.
Na semifinal, contra a Alemanha Ocidental, a seleção precisou dos pênaltis para se classificar para a final. Neste jogo, Geovani levou cartão amarelo e ficou fora da decisão. A decisão foi contra a então União Soviética, que venceu por 2 a 1 e levou o ouro.
Primeira medalha do Espírito Santo
A medalha de prata nos Jogos de Seul-1988 foi a segunda medalha olímpica do futebol brasileiro. E foi a primeira medalha do esporte do Espírito Santo.
“É um orgulho para mim, principalmente em poder trazer essa honra para o Espírito Santo, que é tão pouco lembrado no meio esportivo. Eu realmente me sinto orgulhoso daquilo que vivi. Claro, seria muito bom termos conquistado o ouro, sem dúvidas, mas fica comigo o prazer e o orgulho de até onde eu pude chegar no evento e pela vitória que eu pude dar ao meu Estado”, contou, emocionado, o craque capixaba, revelado pela Desportiva Ferroviária.