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'Mão de ouro' de Vitaly Petrov está por traz do sucesso de Thiago Braz

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Rio

Por trás do ouro olímpico de Thiago Braz, há todo o trabalho do técnico Vitaly Petrov. Pelas mãos do ucraniano passaram os recordistas Sergey Bubka e Yelena Isinbayeva, que lhe deram gabarito no salto com vara. Após os Jogos do Rio, a meta do mentor é colocar o brasileiro no mesmo patamar dos grandes nomes do esporte, e ele projeta que isso possa ser alcançado em pouco tempo.

Petrov avalia que Thiago já é igual ou melhor do que foi Bubka em diversos parâmetros técnicos, como na empunhadura. Para ultrapassar o sarrafo a 6,03 metros e cravar o recorde olímpico, o brasileiro segurou a vara em 5,25m, enquanto a sumidade do atletismo segurava 10 centímetros abaixo. Além disso, explicou que diversos problemas já foram corrigidos: velocidade, corrida e técnica. A partir de agora, a dupla se concentrará em passar de 18 para 20 passadas em direção ao salto.

O treinador confia que, assim que esse objetivo for alcançado, Thiago tem grandes chances de superar a marca de 6,16m, obtida pelo francês Renaud Lavillenie em 2014. “Penso que, no próximo ano ou em no máximo dois anos, ele possa bater o recorde mundial”, projeta. Mas faz uma ressalva: “É importante que, a partir do primeiro dia de treino, ele esqueça que é campeão olímpico porque vai ter de treinar mais forte do que treinava até ontem.”

Na opinião do ucraniano, recordes e medalhas acabam freando o desenvolvimento de muitos atletas. É justamente isso que tentará evitar que aconteça com Thiago. Petrov acreditou no potencial do brasileiro desde a primeira vez que o viu treinando. “Se Sergey podia saltar 6,30m, por que Thiago não?”, questionou em seus pensamentos. Na época, tinha a função de consultor do salto com vara da Confederação Brasileira de Atletismo e trabalhava em conjunto com Elson Miranda, técnico e marido de Fabiana Murer.

A aproximação se deu de vez em 2014, quando Thiago passou a treinar exclusivamente com ele em Formia, na Itália. E o treinador valoriza esse tipo de relacionamento. Para ele, foi um fator importante no desenvolvimento de Bubka no início da carreira e fundamental para a evolução do brasileiro. “Comecei a dar treino para o Bubka quando ele tinha dez anos, conhecia seu caráter, a forma de trabalhar e os hábitos, ficou muito fácil”, relembra.

Petrov, por sua vez, não tem a mesma opinião sobre a parceria com a russa. “Isinbayeva veio com 18 anos, já era adulta, não tinha sido formada por mim. Comigo bateu recordes e ganhou Jogos Olímpicos, mas era mais difícil trabalhar com mulher”, avalia.

O técnico se desdobra em diversos papéis com seus pupilos, de pai, amigo a ditador. Preocupado com Thiago após os Jogos Pan-Americanos de Toronto, o treinador pediu auxílio do Comitê Olímpico do Brasil. O atleta passou a ser orientado por uma equipe bioquímica para que mudasse sua alimentação e ganhasse peso, aumentando também sua força. Com o auxílio da mulher Ana Paula Caetano de Oliveira, que prepara de cinco a seis refeições diárias, Thiago conseguiu manter os 83kg.

O atleta contou também com ajuda na parte psicológica. “Ele teve três resultados ruins (Pan, Campeonatos Mundiais Indoor e Outdoor), não compatíveis com o nível que tinha na temporada. Houve uma busca para identificar o que não estava ocorrendo da maneira correta e como a gente poderia contribuir”, explicou Jorge Bichara, gerente geral de Performance Esportiva do COB e subchefe da missão brasileira nos Jogos do Rio.