
O futebol é um esporte que já está enraizado no cotidiano dos brasileiros, mas além da prática esportiva, ele pode ser um espaço de empoderamento e transformação na vida de inúmeras pessoas, especialmente meninas e mulheres.
Maria Eduarda Fernandes Freitas, de 19 anos, é uma dessas garotas que sente de perto como o esporte pode impactar seu pensamento e sua educação. Ela faz parte do Instituto Meninas do ES (MDE) que tem no futebol uma ferramenta de inclusão, liderança e construção de um futuro para garotas e mulheres capixabas.
O instituto surgiu da iniciativa de Sidnei Freitas, que ao acompanhar a filha em um projeto social de futebol feminino percebeu de perto as dificuldades enfrentadas pelas meninas e decidiu criar um espaço seguro e inclusivo, onde elas pudessem sonhar, jogar e se desenvolver.
Maria Eduarda conheceu o MDE através de colegas de time, que já jogavam juntas em outra equipe, e resolveram se unir e participar do projeto. Ela conta que já jogava futebol desde muito nova, porém quando passou a praticar no instituto começou a jogar futebol de campo.
Ela lembra, com orgulho, de seu primeiro dia no projeto, destacando o esforço de todas as garotas presentes mesmo com todas as dificuldades.
O primeiro dia de treino foi muito divertido porque havia uma grande vontade e empenho de todas nós. Curiosamente, o treino foi realizado em um campo que estava abandonado e sem nenhuma iluminação, o que apenas reforçou nosso espírito.”
Maria Eduarda Fernandes Freitas, jogadora

Futuro e sonhos
Apesar de ser um projeto voltado para os sonhos e desejos de meninas e mulheres, o MDE atende pessoas que estão em vulnerabilidade social, muitas delas dividem o tempo entre estudam em trabalham.
Segundo o criador do instituto, cerca de 30% sonham em seguir carreira no futebol, enquanto 70% buscam no esporte uma forma de se manterem ativas, saudáveis e conectadas.
Mas além de criar futuras atletas profissionais, o esporte gera pertencimento, autoestima e empoderamento.
Muitas meninas recuperam a confiança em si mesmas, passam a sonhar com o futuro e melhoram até o desempenho escolar. O ambiente é familiar e acolhedor, e o esporte se torna uma poderosa ferramenta de transformação social e emocional.”
Sidnei Freitas, criador do MDE
Maria Eduarda disse que o instituto de fato a ajudou em diversos aspectos da vida. “Ele aprimora a comunicação, a capacidade de tomar decisões rápidas e eficazes, e desenvolve habilidades interpessoais essenciais.”

Dificuldades no futebol
Esse futebol que empodera e inspira meninas e mulheres também traz muitas dificuldades, especialmente voltadas para falta de infraestrutura. De acordo com Maria Eduarda, a maioria dos problemas é relacionado a treinos e a falta de investimento.
“A maioria das minhas colegas trabalha, o que restringe o tempo, e algumas também são mães. Apesar disso, o amor pelo esporte faz com que todas se doem ao máximo. O investimento é crucial.”
Sidnei afirma que encontrar espaços públicos disponíveis também é um dos percalços enfrentados nos treinos.
“Muitos locais têm sido ocupados por projetos privados e masculinos, o que dificulta o acesso das meninas.”
Atualmente, o Instituto Meninas do ES possui projetos aprovados pela Lei de Incentivo Federal ao Esporte, assim empresas de Lucro Real podem fazer aportes com dedução de até 2% no imposto devido.
Além disso, Sidnei afirma que pessoas físicas também podem contribuir, destinando até 6% do seu Imposto de Renda ou, podem ajudar de forma direta, com doações via Pix.
Objetivos do MDE
De acordo com Sidnei, apesar dos problemas que ainda existem, muitas coisas já mudaram nos últimos anos. Atualmente, o instituto tem uma estrutura que garante uniformes, chuteiras, transporte, alimentação e suporte necessário.
Além disso, as meninas disputam os principais campeonatos do Estado e já participaram de viagens representando o MDE. Porém, ainda há objetivos desejados por aqueles que lutam para manter o projeto de pé. Eles desejam garantir uma infraestrutura sólida para que meninas cada vez mais novas possam iniciar no esporte.
“Queremos ir além das quadras e campos: construir uma sede física que sirva como centro de referência, unindo esporte, cultura e formação humana”, disse Freitas.
Aqueles que praticam o futebol no MDE também têm objetivos e sonhos. Maria Eduarda destaca que o dela é ver o instituto ser um agente de transformação em um meio preconceituoso, como o futebol.

Resultados do MDE
O Instituto Meninas do ES ainda tem muitos objetivos e sonhos a cumprir, mas já atingiu muitos, especialmente voltados à transformação de meninas e mulheres capixabas.
Segundo a atleta do instituto, o futebol vai além da prática esportiva: ele é um espaço que impacta o pensamento e a educação. “É um lugar onde se aprende a ter empatia, a lutar pelos seus direitos e a ter conhecimento deles.”
O projeto mostra que o esporte empodera e desenvolve meninas e mulheres que lutam por um futuro melhor no futebol e na vida.
O futebol, para nós, é o meio da transformação, não o fim. Por meio dele, ensinamos valores, respeito, trabalho em equipe e disciplina. Nossos treinos vão além da parte técnica — realizamos rodas de conversa e atividades de reflexão, que ajudam as meninas a reconhecerem sua força e importância como mulheres dentro e fora do campo. O maior resultado é ver a confiança e o brilho nos olhos delas, por poderem praticar esporte com dignidade e pertencimento.”
Sidnei Freitas
Projeto conta com apoio do Instituto Americo Buaiz
A história de esporte e empoderamento que o Instituto Meninas do ES (MDE) trilha conta com o importante apoio do Instituto Americo Buaiz (IAB) para fortalecer o projeto.
Neste mês, em que o eixo do IAB é esporte, a parceria entre as duas instituições reforça o compromisso mútuo com a inclusão e a promoção de iniciativas que garantam mais oportunidades e qualidade de vida para meninas e mulheres no Espírito Santo.
*Texto sob a supervisão da editora Erika Santos